10 lições da ginasta Simone Biles de como cuidar da saúde mental

Na segunda-feira (5), a ginasta Rebeca Andrade brilhou ao conquistar a medalha de ouro no solo durante as Olimpíadas de Paris. Ela dividiu o pódio com as ginastas americanas Jordan Chiles e Simone Biles, que ficou afastada por cerca de dois anos das competições esportivas para cuidar de sua saúde mental.

Biles voltou a competir oficialmente em outubro de 2023, mas, conforme disse em uma entrevista à CNBC em agosto daquele ano, ainda faz terapia semanalmente.

Em entrevista à CNN norte-americana, Chloe Carmichael, psicóloga clínica de Nova York (EUA) e autora do livro Nervous Energy: Harness the Power of Your Anxiety (em português, "Energia Nervosa: Aproveite o Poder da sua Ansiedade"), compartilhou o que podemos aprender com Biles sobre saúde mental:

  1. Faça pausas: às vezes, é necessário dar um passo atrás para recarregar as energias e voltar mais forte.
  2. Priorize o equilíbrio: mesmo pessoas altamente disciplinadas podem se beneficiar de pausas para evitar excessos e o esgotamento.
  3. Respeite seus limites: isso ajudou Biles a tomar decisões difíceis, como se retirar de competições para proteger sua saúde.
  4. Seja mais tolerante: desenvolver habilidades de tolerância à frustração e construir resiliência é crucial.
  5. Enfrente os desafios: é essencial para o crescimento. Assim como levantar pesos até os músculos tremerem, enfrentar dificuldades pode levar ao fortalecimento e desenvolvimento pessoal.
  6. Busque e aceite ajuda: Biles também aprendeu o valor do apoio de suas companheiras de equipe e da comunidade esportiva. Esse suporte foi fundamental para sua recuperação e sucesso contínuo.
  7. Fale sobre suas lutas: ao falar abertamente sobre suas lutas, Biles trouxe à tona discussões importantes sobre saúde mental no esporte, inspirando outros atletas a priorizarem seu bem-estar.

No pódio do solo, Biles e Jordan Chiles reverenciaram Rebeca Andrade. Também podemos tirar boas lições disso:

  1. Dispute de forma saudável: no contexto esportivo, reconhecer a vitória do adversário é um sinal de bom espírito esportivo, mostrando que valorizamos o jogo justo e a competição saudável.
  2. Seja humilde: admitir a superioridade de um adversário em determinada situação também nos ensina a ser humilde e a reconhecer que sempre há algo a aprender com os outros.
  3. Valorize o respeito: reconhecer as conquistas dos adversários promove um ambiente de respeito mútuo, essencial para relações saudáveis e construtivas, tanto no esporte quanto na vida profissional e pessoal.

Atletas não são super-heróis

Na avaliação de Sâmia Hallage, psicóloga clínica e esportiva, declarações como as de Biles, além de ajudarem a quebrar o estigma de problemas psiquiátricos, colocam o atleta na posição de ser humano —e não de alguém imbatível, um super-herói que nunca sofre.

"Antes, a preparação mental do atleta era focada em melhorar performance. Nas últimas décadas, entendemos que o trabalho que só é voltado para isso não é completo e não ajuda o atleta", diz Hallage. Segundo ela, hoje o que se faz é a psicologia clínica do esporte, um trabalho para o profissional como pessoa, não só alguém que quer resultados. "Se ele não estiver bem emocionalmente, dificilmente chegará longe."

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A prevalência de depressão costuma ser maior em atletas que praticam esportes individuais (como a ginástica olímpica) do que para aqueles que fazem parte de uma equipe (como no futebol), mostra um estudo publicado no periódico Frontiers in Psychology. "Justamente por aguentar a barra sozinho e depender só de si mesmo para os resultados, a pressão costuma ser maior e, consequentemente, a chance de quadros psiquiátricos também", analisa a psicóloga Carla Di Pierro.

*Com informações de reportagem publicada em 28/07/2021

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