9 características de uma pessoa que 'se acha' e os outros percebem
Colaboração para VivaBem*
07/08/2024 13h28
Por mais que sejam saudáveis e recomendadas as práticas que ajudam a manter em dia a autoestima e confiança (praticar exercícios físicos, viajar sozinho, ir a uma palestra), o excesso de autoafirmação pode prejudicar as relações.
Acreditar que é preciso sempre vencer algo ou alguém para se sentir bem, por exemplo, é deixar o ego falar mais alto do que a realidade. Para a psicanálise, certo egoísmo até faz parte de cada um, mas quando a pessoa se volta apenas para si mesma, por insegurança ou fragilidade, travestidas em autoritarismo, torna-se uma questão coletiva.
Simone Demolinari, psicoterapeuta e professora de gestão de pessoas afirma que, normalmente, alguém assim:
1. Acredita que é merecedor de tudo;
2. Gosta de honrarias;
3. Leva tudo para o pessoal;
4. Tem necessidade de controlar tudo e todos;
5. Se não se sente amado, se mostra egoísta e autoritário.
"Isso é cansativo para quem está ao redor", acrescenta a psicoterapeuta.
Para Filipe Campello, escritor e filósofo atuante na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), o egoísmo também significa:
6. Intolerância com quem é ou pensa diferente.
"Esse bloqueio total de sensibilidade pode inclusive assumir traços patológicos", diz Campello.
7. A pessoa pode estar sempre ocupada com sua própria imagem, acrescenta Vivian Ligeiro, doutora em psicanálise pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
8. Nas redes sociais, mostra o quão valioso é estar de bem com o próprio ego.
9. Comentários virtuais são pensados, geralmente, a partir do efeito que aquilo vai gerar, porque a meta é não só atingir, mas também ser visto por um grupo do qual faz (ou quer fazer) parte, segundo Leonardo Nascimento, doutor em sociologia pelo Iesp (Instituto de Estudos Sociais e Políticos) da UERJ.
Ego não é autoestima e requer controle
O ego é compreendido como a imagem e a valorização que se confere a si mesmo. "Ele seria a nossa parte vaidosa, que não aceita se frustrar e se ofende facilmente", diz Demolinari.
O termo veio a público por Sigmund Freud, criador da psicanálise, em 1923. Para o médico, a nossa psique é constituída por três componentes: "id", superego e ego. O primeiro seria uma subpersonalidade com impulsos múltiplos da libido, sempre dirigido ao prazer. O segundo, a consciência moral, os princípios sociais. O último, no caso o ego, seria um "protetor da personalidade".
O ego impede que o inconsciente assuma o lado consciente —explicação para sermos capazes de manter a civilidade mesmo em uma roda de conversa com alguém que nos despreza e deixa isso claro, por mais que o nosso ego seja afetado.
Essa autoimagem é construída por estímulos dos pais, professores e colegas desde a infância, e gera profundos impactos no ego daquele futuro adulto, segundo Demolinari. O olhar do outro vai ter sempre importância, e é por isso que há adaptações dos nossos verdadeiros desejos a padrões que já existem.
Para Demolinari, a autoestima, geralmente muito ligada ao que se entende por ego, é o juízo de valor que a pessoa se dá, e não o que se vê no espelho —isso seria vaidade.
Aparentemente, controlar um ego que é alimentado a todo momento traz vantagens. Mas, segundo Demolinari, "se não o controlamos, viramos marionetes dele". A psicoterapeuta afirma que, para equilibrá-lo, é preciso maturidade emocional (e isso se conquista se dedicando à psicoterapia), mas também lembrar do clichê de que não existe perfeição.
*Com informações de reportagem publicada em 28/11/2020