9 características de uma pessoa que 'se acha' e os outros percebem

Por mais que sejam saudáveis e recomendadas as práticas que ajudam a manter em dia a autoestima e confiança (praticar exercícios físicos, viajar sozinho, ir a uma palestra), o excesso de autoafirmação pode prejudicar as relações.

Acreditar que é preciso sempre vencer algo ou alguém para se sentir bem, por exemplo, é deixar o ego falar mais alto do que a realidade. Para a psicanálise, certo egoísmo até faz parte de cada um, mas quando a pessoa se volta apenas para si mesma, por insegurança ou fragilidade, travestidas em autoritarismo, torna-se uma questão coletiva.

Simone Demolinari, psicoterapeuta e professora de gestão de pessoas afirma que, normalmente, alguém assim:

1. Acredita que é merecedor de tudo;

2. Gosta de honrarias;

3. Leva tudo para o pessoal;

4. Tem necessidade de controlar tudo e todos;

5. Se não se sente amado, se mostra egoísta e autoritário.

"Isso é cansativo para quem está ao redor", acrescenta a psicoterapeuta.

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Para Filipe Campello, escritor e filósofo atuante na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), o egoísmo também significa:

6. Intolerância com quem é ou pensa diferente.

"Esse bloqueio total de sensibilidade pode inclusive assumir traços patológicos", diz Campello.

7. A pessoa pode estar sempre ocupada com sua própria imagem, acrescenta Vivian Ligeiro, doutora em psicanálise pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

8. Nas redes sociais, mostra o quão valioso é estar de bem com o próprio ego.

9. Comentários virtuais são pensados, geralmente, a partir do efeito que aquilo vai gerar, porque a meta é não só atingir, mas também ser visto por um grupo do qual faz (ou quer fazer) parte, segundo Leonardo Nascimento, doutor em sociologia pelo Iesp (Instituto de Estudos Sociais e Políticos) da UERJ.

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Ego não é autoestima e requer controle

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Imagem: iStock

O ego é compreendido como a imagem e a valorização que se confere a si mesmo. "Ele seria a nossa parte vaidosa, que não aceita se frustrar e se ofende facilmente", diz Demolinari.

O termo veio a público por Sigmund Freud, criador da psicanálise, em 1923. Para o médico, a nossa psique é constituída por três componentes: "id", superego e ego. O primeiro seria uma subpersonalidade com impulsos múltiplos da libido, sempre dirigido ao prazer. O segundo, a consciência moral, os princípios sociais. O último, no caso o ego, seria um "protetor da personalidade".

O ego impede que o inconsciente assuma o lado consciente —explicação para sermos capazes de manter a civilidade mesmo em uma roda de conversa com alguém que nos despreza e deixa isso claro, por mais que o nosso ego seja afetado.

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Essa autoimagem é construída por estímulos dos pais, professores e colegas desde a infância, e gera profundos impactos no ego daquele futuro adulto, segundo Demolinari. O olhar do outro vai ter sempre importância, e é por isso que há adaptações dos nossos verdadeiros desejos a padrões que já existem.

Para Demolinari, a autoestima, geralmente muito ligada ao que se entende por ego, é o juízo de valor que a pessoa se dá, e não o que se vê no espelho —isso seria vaidade.

Aparentemente, controlar um ego que é alimentado a todo momento traz vantagens. Mas, segundo Demolinari, "se não o controlamos, viramos marionetes dele". A psicoterapeuta afirma que, para equilibrá-lo, é preciso maturidade emocional (e isso se conquista se dedicando à psicoterapia), mas também lembrar do clichê de que não existe perfeição.

*Com informações de reportagem publicada em 28/11/2020

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