Câncer de ovário: sintomas gastrointestinais podem servir de alerta
Silencioso. É assim que os médicos se referem ao câncer de ovário, cujos sintomas só aparecem quando a doença já está instalada, e ainda podem ser confundidos com os de outras enfermidades.
Considerado o terceiro tumor ginecológico mais comum entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama e colo do útero, o câncer de ovário geralmente se manifesta no período posterior à menopausa, mas também pode acometer jovens em idade reprodutiva.
Até o momento não se conhece exatamente a origem dessa doença, mas é sabido que alguns fatores de risco aumentam o risco de ela se desenvolver: além da idade superior aos 50 anos, obesidade, sobrepeso e histórico familiar de câncer ovariano ou de mama estão relacionados, entre outras condições.
Como não existe um exame preventivo, a recomendação dos médicos é fazer visitas anuais ao ginecologista, bem como ficar de olho no histórico de saúde familiar e nas situações que facilitam o aparecimento da doença.
Como ele é considerado o mais letal dos tumores ginecológicos, quanto mais cedo for detectado, maiores serão as opções de tratamento.
Sintomas gastrointestinais podem ser indicativo
No início da doença, o câncer de ovário é silencioso, ou seja, não apresenta sintomas. E mesmo quando ele já está mais avançado, seus sinais podem se confundir com manifestações comuns a outras enfermidades, como a sensação de indigestão.
Fique atenta aos sintomas a seguir, comuns a esse tipo de tumor:
- Mal-estar estomacal e enjoo constantes;
- Compressão do estômago após comer;
- Perda de apetite;
- Problemas gastrointestinais como gases, inchaço, constipação ou diarreia;
- Mudança no hábito intestinal.
Além das manifestações acima descritas, algumas mulheres poderão observar as seguintes condições:
- Urgência para urinar ou mudança nos hábitos urinários;
- Dor ou inchaço no abdome;
- Dor durante as relações sexuais;
- Cansaço constante;
- Dor nas costas;
- Perda de peso não desejada;
- Ascite (acúmulo de líquido na região da barriga).
Quando é a hora de procurar ajuda médica?
Os sintomas do câncer de ovário não são específicos. E você pode notar apenas um desconforto abdominal ou mudanças nos hábitos intestinal e urinário, o que já poderia indicar que a doença está instalada.
Mas quando se percebe um sintoma que não existia, apareceu e persiste, o quadro merece cuidado e deve ser investigado.
Como os sintomas são comuns a outras doenças, muitas pessoas poderão se consultar com um médico de família, um clínico geral, e até mesmo um gastroenterologista. Todos esses especialistas são treinados para avaliar inicialmente esse tipo de queixa. Contudo, o ginecologista possui maiores condições para, rapidamente, identificar o problema, especialmente porque, muitas vezes, é ele o médico de referência da mulher, dadas as visitas anuais.
Por que esse tumor aparece?
Existem mais de dez tipos diferentes de câncer de ovário, e eles se desenvolvem a partir do crescimento e da multiplicação desordenada de diferentes células encontradas nesse órgão.
O tipo mais frequente começa nas células do tecido que reveste o ovário, chamadas de epiteliais. Os cânceres, ou carcinomas epiteliais, representam 95% das neoplasias (tumores) ovarianas.
Embora até o momento não se saiba exatamente por que isso acontece, os cientistas já identificaram fatores que se relacionam e aumentam os riscos de ter um câncer ovariano. Confira:
- Genética (herança materna ou paterna das mutações dos genes BRCA1 ou BRCA2);
- Histórico familiar de câncer de ovário ou mama;
- Ter idade superior a 50 anos;
- Endometriose;
- Terapia de reposição hormonal;
- Menopausa tardia ou primeira menstruação precoce;
- Nuliparidade (mulheres que nunca tiveram filhos);
- Sobrepeso e obesidade;
- Tabaco;
- Falta de exercícios.
Entenda os diferentes estágios desse tumor
Quando os exames confirmam a presença do tumor, o especialista deverá esclarecer a você em qual estágio ele se encontra, a depender de seu tamanho e do quanto ele se expandiu. Confira:
Estágio 1: tumor restrito a apenas um ovário ou os dois;
Estágio 2: o câncer avançou para a pélvis ou útero;
Estágio 3: o tumor superou o limite do abdome, alcançou o intestino, as glândulas linfáticas da barriga ou da pélvis;
Estágio 4: o câncer se espalhou para outras partes do corpo (pulmões, fígado).
O médico também poderá se referir a graus (histológicos), que vão de um a três. Isso classifica a velocidade do crescimento ou do avanço para outras partes do corpo.
O que esperar do tratamento?
Com dados sobre o estágio da doença e seu grau (estadiamento), as condições gerais de saúde da paciente e sua idade, o médico decidirá qual será a melhor estratégia de tratamento. Quando possível, o objetivo é livrar a paciente da doença. Nos quadros graves, a meta será aliviar sintomas e controlar o câncer.
De acordo com dados da Febrasgo (Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia), mais de sete em cada dez casos são avançados. Assim, na maioria das vezes, a terapia combinará cirurgia e quimioterapia. Esta poderá ser utilizada antes ou depois da intervenção cirúrgica.
Após o tratamento, as pacientes devem ser monitoradas a cada três meses, e mesmo depois desse período o acompanhamento prossegue. A razão para isso é que boa parte delas pode ter recaídas ou persistência da doença.
A sugestão dos especialistas é não faltar aos retornos médicos e se manter ativa.
*Com informações de reportagem publicada em 17/11/2020
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