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Por que reduzir o colesterol 'ruim' é melhor do que aumentar o bom

Comer melhor ajuda a reduzir o colesterol LDL, conhecido como 'ruim' Imagem: iStock

Gabriele Maciel

Colaboração para o VivaBem

07/08/2024 05h30

Quando se fala em colesterol, muitas pessoas pensam automaticamente nos riscos associados a ele. No entanto, nem todo colesterol é prejudicial. O HDL (lipoproteína de alta densidade), muitas vezes chamado de "colesterol bom", tem um papel protetor da saúde do coração.

"A principal função do HDL é atuar como um 'lixeiro' que coleta o colesterol em excesso e o leva de volta ao fígado, onde pode ser metabolizado e eliminado. Isso é fundamental para manter as artérias desobstruídas e saudáveis", explica Anderson Dietrich, médico e nutrólogo pela Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Entretanto, como você bem deve saber, o exame de sangue aponta não só os níveis de HDL, como também suas variantes: LDL (lipoproteína de baixa densidade) e VLDL (lipoproteína de muita baixa densidade). Estes últimos, quando em níveis elevados, podem levar a doenças como infarto, AVC e trombose, responsáveis por 30% das mortes no mundo, adverte a cardiologista Glaucia Maria Moraes de Oliveira, coordenadora do curso de pós-graduação em cardiologia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Dessa forma, para proteger seu coração, você deve não apenas aumentar seu nível de colesterol bom, mas principalmente reduzir o LDL. Isso porque as pesquisas até agora não demonstraram uma redução significativa nos problemas cardíacos com o aumento do HDL.

Embora seja importante aumentar os níveis de HDL para que ele possa remover o excesso de colesterol do sangue, se os níveis de LDL e triglicerídeos estiverem altos, o HDL não conseguirá desempenhar essa função de maneira eficaz. Glaucia Maria Moraes de Oliveira, cardiologista

Medicamentos que aumentam o colesterol HDL também não têm mostrado benefícios reais em termos de eventos clínicos ou na redução da mortalidade. "Houve até tentativas de modificar o HDL e realizar sua reinfusão, mas essas abordagens também não trouxeram resultados satisfatórios. Por outro lado, os medicamentos destinados ao controle do LDL são altamente eficazes", destaca Dietrich.

O que afeta níveis de colesterol?

O colesterol é essencial para o nosso organismo, desempenhando papéis cruciais na formação das membranas celulares e na produção de hormônios vitais, como os sexuais e os corticoesteróides, além de auxiliar na produção de bile e vitamina D, que são importantes para o bom funcionamento do corpo.

Nosso organismo naturalmente produz a maior parte do colesterol que precisamos, enquanto outra parte provém da alimentação. Idealmente, os níveis de LDL devem ser mantidos abaixo de 100 mg/dL, enquanto os de HDL precisam estar próximos a 40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres.

Doenças como diabetes e hipotireoidismo, assim como o uso de certos medicamentos, como diuréticos, beta-bloqueadores, anabolizantes e hormônios femininos (como estrógenos e progestágenos), podem reduzir os níveis de HDL. A genética também desempenha um papel importante nos níveis do bom colesterol, influenciando a produção e a regulação de proteínas envolvidas em seu metabolismo e transporte. No entanto, "as alterações genéticas que afetam o metabolismo do HDL são menos comuns em comparação com a redução dos níveis de HDL causada por condições como a síndrome metabólica", declara Helma Veloso, doutora em nutrição e professora da UFMA (Universidade Federal do Maranhão).

O envelhecimento também afeta os níveis de colesterol, impactando negativamente a relação entre o LDL e o HDL. Essa mudança é particularmente pronunciada em mulheres que se aproximam da menopausa, o que contribui para o aumento do risco de doenças cardíacas nelas.

"Embora a reposição hormonal possa melhorar a qualidade de vida ao aliviar sintomas da menopausa, ela não oferece benefícios significativos na redução do risco de infarto ou AVC, relata a cardiologista.

Conforme diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a reposição hormonal é considerada ideal quando realizada até dez anos depois do início do climatério. Após esse período, o uso de reposição hormonal pode elevar os riscos à saúde cardiovascular.

De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, adotar um estilo de vida saudável traz um impacto direto não só no aumento do colesterol bom, como também na redução do colesterol ruim. Aqui estão algumas dicas recomendadas por eles:

Exercício físico regular: praticar exercícios físicos regularmente, especialmente atividades aeróbicas, como caminhar, correr ou andar de bicicleta, pode elevar significativamente os níveis de HDL. É recomendado que se realize pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana. Além disso, incorporar exercícios de força muscular e alongamentos pode potencializar os benefícios para a saúde cardiovascular. "Para melhorar o perfil lipídico, particularmente o HDL, é essencial realizar exercícios aeróbicos com intensidade entre 60% e 80% da capacidade máxima. Essa capacidade pode ser avaliada por testes como o ergométrico ou o cardiopulmonar", diz Dietrich.

Dieta balanceada: é essencial adotar uma dieta balanceada que inclua fontes de gorduras saudáveis, como peixes, azeite, abacate, linhaça, chia, amendoim, castanhas e sementes de girassol. Além disso, é recomendável consumir generosas porções de vegetais nas refeições e pelo menos duas frutas por dia, preferencialmente com casca e bagaço devido ao teor de fibras, que ajudam a elevar o HDL. Evitar ultraprocessados e reduzir o consumo de carboidratos refinados também são práticas importantes, aconselha Veloso. De acordo com Dietrich, suplementos não têm eficácia para o aumento do HDL. "O ômega 3, por exemplo, embora frequentemente utilizado, não é recomendado por sociedades médicas para alterar os níveis de LDL ou HDL. Suas principais recomendações são para a redução de triglicerídeos", enfatiza. Outro suplemento conhecido, os fitoesteróis, também não afetam os níveis do HDL, embora sejam eficazes na redução da absorção do LDL colesterol.

Cessar o tabagismo: fumar pode reduzir os níveis de HDL em até 10%, contribuindo para o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Pesquisa publicada em 2013 no Journal of Cellular Biochemistry também demonstrou que o fumo torna o HDL menos eficaz em sua função protetora.

Manter o peso dentro dos padrões saudáveis, restringir o consumo de álcool, evitar a sobrecarga de estresse e ter boas noites de sono, também são medidas que podem ter efeito positivo sobre o HDL colesterol, segundo os especialistas.

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