Estudo detecta metais tóxicos em chocolates amargos vendidos nos EUA
Um estudo publicado no dia 30 de julho na revista Frontiers in Nutrition constatou a presença de metais pesados, especificamente chumbo e cádmio, em chocolates amargos (incluindo versões orgânicas) comercializados nos Estados Unidos.
Esses metais são elementos naturais da crosta terrestre e estão presentes no solo onde o cacau é cultivado, atestou a descoberta. Além disso, a contaminação pode ser exacerbada pelo uso de fertilizantes e poluição industrial, continuam os pesquisadores.
O estudo analisou 72 produtos de cacau ao longo de oito anos (de 2014 a 2022), diferentemente de estudos anteriores que analisaram os alimentos em um momento específico.
Os testes foram realizados pelo Consumer Labs, uma organização sem fins lucrativos que fornece testes independentes em produtos de saúde e nutrição.
Impactos na saúde
Chumbo e cádmio são neurotóxicos e estão associados a câncer, doenças crônicas e problemas reprodutivos e de desenvolvimento, especialmente em crianças.
O consumo regular de chocolate amargo com esses metais pode aumentar os riscos, especialmente para crianças pequenas e mulheres grávidas, alegam os pesquisadores.
Portanto, apesar dos benefícios desse alimento, como antioxidantes e flavonoides, associados à melhoria da saúde do coração e do cérebro e à diminuição da inflamação crônica, é importante estar ciente dos riscos associados à contaminação por metais pesados, alerta a pesquisa.
Melhor parar de comer?
Segundo o estudo da Consumer Labs, outros alimentos também apresentam contaminação por metais pesados nos EUA, como batata-doce, espinafre, vinho branco, biscoitos recheados e sementes de girassol. E, no caso do chocolate amargo, as marcas analisadas foram apenas as comercializadas naquele país. Portanto, podemos ficar tranquilos.
O médico nutrólogo Durval Ribas Filho e a nutricionista Regina Pereira afirmam categoricamente que o chocolate amargo faz bem para a saúde, desde que seja consumido com parcimônia, no máximo 30 gramas ao dia. Além disso, vale deixar claro que as versões saudáveis são aquelas com mais de 70% de cacau.
Isso não quer dizer que o chocolate amargo possa ser consumido livremente ou que deva ser encarado como um tratamento para doenças, como a hipertensão. Longe disso. "Ele entra como um aliado na dieta de quem precisa controlar a pressão arterial, mas não substitui os cuidados médicos necessários", esclarece Pereira.
O médico acrescenta que os antioxidantes do doce também protegem contra o envelhecimento, as doenças neurodegenerativas e ajudam a controlar o colesterol, podendo aumentar os níveis de HDL (o colesterol bom) e diminuir os de LDL (o colesterol ruim). "Mas, apesar dos benefícios para a saúde, o chocolate amargo não deixa de ser calórico", observa Ribas Filho.
*Com informações de reportagem publicada em 08/02/2019
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