Vale a pena usar Durateston para ganhar massa muscular? Conheça os efeitos

Durateston é um medicamento com derivados de testosterona, um esteroide anabolizante. Essas substâncias são capazes de causar câncer, infarto, impotência sexual, hepatite, infertilidade e diversos outros problemas no corpo.

Mesmo com prescrição médica proibida para fins estéticos (ganhar músculos, perder gordura, definir o corpo) ou melhora da performance esportiva, o uso dos anabolizantes é muito comum entre praticantes de musculação e outras atividades físicas.

Em abril de 2023, o CFM (Conselho Federal de Medicina) proibiu que médicos prescrevam esteroides para fins estéticos e esportivos. A venda desses remédios é proibida sem receita médica no Brasil.

O que são anabolizantes e esteroides

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Anabolizantes: são substâncias que participam da construção de células em nosso organismo, incluindo a gordura e os músculos. Portanto, o macarrão e a carne que você come, por exemplo, fornecem substâncias com potencial anabolizante, como a glicose e os aminoácidos.

Hormônios anabolizantes: nosso corpo produz naturalmente substâncias que participam do processo anabólico (construção de células e tecidos), promovendo o aumento da massa muscular. Entre as principais estão o GH (hormônio do crescimento) e a testosterona ("hormônio masculino", mas também produzido por mulheres).

Esteroides: são substâncias produzidas no organismo a partir do colesterol, como o cortisol (hormônio do estresse), a testosterona, a progesterona ("hormônio feminino") e a vitamina D.

Como você viu, até o momento só falamos de substâncias naturalmente produzidas pelo organismo. Mas existem esteroides anabolizantes fabricados em laboratório, como a versão sintética da testosterona.

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O hormônio sintético tem uso médico indicado e é seguro, por exemplo, quando a pessoa possui alguma doença que leva à deficiência na produção de testosterona. Porém, a utilização do esteroide por pessoas "saudáveis", para acelerar o aumento dos músculos e a redução da gordura corporal, traz vários riscos à saúde, explica Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra do Hospital das Clínicas da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

Tipos de esteroides anabolizantes

Os esteroides anabolizantes sintéticos estão disponíveis em injeção intramuscular, gel, comprimidos e cápsulas. Eles são vendidos em drogarias ou até mesmo elaborados em farmácias de manipulação. Entre eles está o Durateston.

Alguns outros nomes comuns de esteroides anabolizantes são:

  • Androxon
  • Boldenona
  • Deca Durabolin (nandrolona)
  • Deposteron
  • Dianabol (metandrostenolona)
  • Hemogenin (oximetolona)
  • Metenolona
  • Oxandrolona
  • Testosterona
  • Trembolona
  • Winstrol (estanozolol)

Esses medicamentos são seguros quando usados sob prescrição médica, para tratar problemas de saúde, como mencionado anteriormente.

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Como os anabolizantes agem no corpo

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Esteroides anabolizantes sintéticos circulam no sangue como se fossem testosterona, mas não repõem o hormônio naturalmente fabricado pelos testículos ou ovários. "Então, no paciente que está usando anabolizante, o nível de testosterona não aumenta. Pelo contrário, tende a cair porque suprime a produção natural", diz Buzatto.

O médico explica que os medicamentos foram criados tendo a testosterona como base, mas, em comparação ao hormônio natural, os remédios são capazes de oferecer um efeito anabólico maior do que o efeito androgênico (que gera características masculinas, como voz grossa, pelos).

Devido a esse maior potencial anabolizante, com o esteroide sintético é possível potencializar resultados como ganho de massa muscular, perda de gordura e melhora da saúde óssea com baixas doses.

Os perigos dos anabolizantes

Essas substâncias trazem vários riscos, a começar pela falta de segurança dos produtos comprados ilegalmente.

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Como é preciso receita médica para adquirir os esteroides anabolizantes nas farmácias, muitos usuários usam medicamentos de procedência desconhecida, que podem ser falsificados, misturados com substâncias tóxicas ou, ainda, de uso veterinário —o que traz riscos adicionais, pois foram testados em aninais, não em humanos.

O uso exagerado de anabolizantes, sem orientação médica, e a associação com algumas substâncias que "cortam" o efeito colateral dos esteroiodes também turbinam os perigos ao organismo.

Como a 'bomba' explode cada parte seu corpo

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Sistema nervoso central: há tendência de desenvolver mais irritabilidade, comportamento agressivo e dependência química. "É uma dependência psicológica, mas também física", diz Clayton Luiz Dornelles Macedo, endocrinologista e médico do esporte do Instituto Cohen. "A abstinência pode ser semelhante à de opioides." Também existe uma atrofia do córtex cerebral, risco de déficit cognitivo e perda da função neural, aumentado o risco de demência.

Fígado: há grande risco de desenvolver hepatite medicamentosa, câncer e insuficiência hepática, muitas vezes até necessitando de transplante de fígado. Esteroides de uso oral, como dianabol e oxandrolona, têm grande potência de sobrecarregar o órgão, causando um efeito hepatotóxico elevado.

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Rim: também é afetado, podendo sofrer quadros como nefrite, inflamação do rim tanto aguda quanto crônica e até insuficiência renal.

Sistema cardiovascular: há uma baixa do HDL ("colesterol bom") e aumento do LDL ("colesterol ruim"), o que eleva o risco de infarto, AVC e morte súbita. "O sangue fica mais viscoso e com isso o risco de trombose também é relativamente comum", destaca o médico Fabrício Buzatto. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, anabolizantes ainda podem aumentar a pressão arterial —outro fator de risco para uma parada cardíaca ou derrame.

Feridas no local da aplicação: é comum haver sensibilidade, dor, vermelhidão, lesões, pus e infecções na parte do corpo em que o anabolizante é aplicado —especialmente quando as substâncias são clandestinas. "Isso pode, inclusive, levar a uma infecção sistêmica, sepse e morte", fala Macedo.

Alterações físicas: Há aumento da produção de pelos, acnes, queda de cabelo, crescimento da mama (ginecomastia), atrofia do testículo em homens e aumento do clitóris e engrossamento da voz em mulheres.

Infertilidade: a atrofia testicular pode levar a não produção de espermatozoides. "Essa é a principal causa de jovens com incapacidade de ter filhos, chamada infertilidade masculina, que é o uso crônico de testosterona", diz Buzatto.

Tumores: há um maior risco de desenvolver câncer de fígado e de pâncreas, por exemplo.

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Impotência sexual: devido à atrofia nos testículos, ao deixar de usar o anabolizante a pessoa tem uma queda no nível de testosterona e pode sofrer com falta de libido e impotência sexual.

É importante ressaltar que não existe acompanhamento médico que garanta segurança no uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos ou de performance, sem uma real necessidade clínica (quando há um problema de saúde). Além disso, saiba que você pode apresentar efeitos colaterais independente da dose. Clayton Macedo, endocrinologista e médico do esporte

*Com informações de reportagem publicada em 24/11/2023

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