Hérnia de disco, pedra no rim, muscular: como diferenciar dores nas costas?
Quem sente dor nas costas sabe como ela é uma companhia para lá de incômoda. Mas se você não sabe especificar a origem do problema, aqui vai uma ajudinha: VivaBem consultou especialistas que lidam com distúrbios que afetam essa região para tentar apontar hipóteses. Mas, lembre-se, não deixe de consultar um médico.
As costas, assim como a frente do tronco, são uma grande área do corpo que compreende muitas partes. Ela se estende do alto das nádegas até a base do pescoço, sendo sua altura definida pela coluna vertebral e sua largura pela caixa torácica e ombros. Nesse espaço pode-se sentir dores advindas de ossos, músculos, articulações, órgãos (rins, pulmões, pâncreas, coração, intestino) e de problemas como gases e até ruptura de aneurisma de aorta torácica.
Na coluna, as dores podem ser divididas em cervicalgias (no alto, na cervical), dorsalgias (na dorsal, no meio das costas), e lombalgias (na lombar, parte inferior). As dores também podem ter irradiações, ou seja, na cervical, irradiam para braços e mãos, e quando lombares, no trajeto do nervo ciático, passando por glúteo, perna e indo até o pé.
Cada canto, uma causa de dor
Em se tratando de dores na altura da cervical, as causas mais comuns são estresse tensional, alterações posturais, vasculares e orgânicas, contrações e espasmos muito fortes (torcicolos) e hérnia de disco.
Na coluna dorsal, ou torácica, de novo, condições musculoesqueléticas, mas ainda pulmonares e cardiovasculares. Quando lombares e no término da coluna, pode envolver tecidos e ossos lesionados, rins e até câncer de pâncreas.
O rim fica na região posterior do abdome, próximo à coluna vertebral, atrás do intestino grosso. Normalmente as pedras nos rins, quando estão paradas e sem infecção dentro do órgão, não causam dor. Mas o sintoma pode surgir numa situação contrária. A dor geralmente acontece na lateral do abdome e irradia para a virilha, mas pode ser sentida na lombar.
Ainda no inferior das costas, lombalgias podem ser decorrentes de pinçamento nervoso, compressão por hérnia de disco, esforço mal realizado e sedentarismo. Dor pélvica, na conexão entre coluna lombar e bacia, pode ter relação com as chamadas articulações sacrilíacas, que podem inflamar, sofrer degeneração e a causa mais comum são doenças reumatológicas.
Diferenciando as dores
No topo das costas, na região cervical, a dor osteomuscular pode, além de irradiar para membros superiores, vir aguda e acompanhada de sensação de choque, principalmente quando se faz movimentos, inclina a cabeça e carrega peso.
Quando tem a ver com infarto do miocárdio, que pode ser sentido ali, mas ainda na coluna torácica, sente-se dor local e no peito, com muito suor frio, formigamento no braço esquerdo e pescoço, náuseas e taquicardia —sintomas, em parte, parecidos com os de aneurisma de aorta torácica.
Dor de hérnia de disco é muito variável. Pode ser súbita ou contínua, localizada ou avançar por braços, ombros, pescoço, glúteos, pernas e vir com estalos de coluna, dormência e perda de força muscular. Há quem a compare ainda a uma sensação de fisgada, uma pontada profunda.
Problemas pulmonares normalmente cursam com outros sintomas [além da dor torácica], falta de ar, dificuldade para respirar, tosse, perda de peso, febre e secreção.
Agora, na lombar, dores musculoesqueléticas pioram com movimentos de maior amplitude, estiramentos, espasmos e rupturas fibrosas de disco. Já a renal independe da posição, mesmo em repouso não cessa, é uma cólica. Quando grave aumenta muito de intensidade e acompanha febre e vômitos.
No câncer de pâncreas, pode se ter dor lombar, mas ainda no abdome, icterícia (pele e mucosas amareladas), urina escura e fezes claras, emagrecimento, cansaço e falta de apetite.
Como agir nos diferentes casos
Dores leves nas costas podem ser tratadas em casa, ao passo que outras são emergências ou requerem investigação médica quando suportáveis, mas não passam. São sinais de alerta: extremos de idade (dor em crianças muito pequenas ou idosos, sendo este segundo grupo propenso a fraturas por osteoporose); históricos de trauma, câncer, doenças predisponentes e sintomas como fraqueza, mobilidade reduzida e alterações no funcionamento do organismo.
Não ignore ainda formigamentos, febre, apatia, oscilações de pressão e dificuldade respiratória.
Em geral, lombalgias na coluna antes de algumas semanas não requerem investigação, apenas serem tratadas com medicações simples, como analgésicos, descanso e compressas térmicas, pois tendem a melhorar espontaneamente. Repouso relativo (sem necessidade de ficar deitado, mas reduzir o ritmo das atividades habituais) e usar gelo nas primeiras 48 horas e acima de três dias, calor local.
No caso de dor intensa, ou associada com sangue na urina, ou que percorra a perna inteira, associada à paralisia, aí sim deve-se procurar um pronto-socorro para que seja analisada de maneira específica. Quando progressiva, pode ter relação também com órgãos alojados no retroperitônio [espaço atrás da cavidade abdominal], então exigem uma investigação maior.
Geralmente, dor renal de tamanha intensidade, incapacitante, impede de se fazer analgesia adequada por via oral. Na maioria das vezes, o paciente acaba tendo de procurar emergência.
Médicos, por meio de entrevistas pessoais e exames físicos e de imagem (raio-X, tomografia, ressonância) conseguem identificar o que pode ser a causa da dor nas costas para depois elaborarem tratamentos específicos.
As abordagens envolvem desde uso de medicamentos, correção postural, sessões de fisioterapia, revisão de hábitos (perder peso, mudar alimentação, adotar uma rotina de exercícios físicos) e, em alguns casos, cirurgias, radioterapia e quimioterapia.
Fontes: Alberto Gotfryd, ortopedista e especialista em coluna pelo Hospital Israelita Albert Einstein; Frederico Mascarenhas, membro da Sociedade Brasileira de Urologia; Alexandre Fogaça Cristante, professor titular do departamento de ortopedia e traumatologia da FMU-SP; Guillermo Tierno, ortopedista.
*Com informações de matéria de março de 2022
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.