Parecem inofensivos: estudo revela 6 produtos naturais que podem intoxicar

Uma recente investigação, com resultados publicados em 5 de agosto no periódico científico JAMA, revelou que aproximadamente 7% dos adultos nos Estados Unidos (cerca de 15,6 milhões de pessoas) estão consumindo pelo menos um dos seis principais produtos botânicos potencialmente hepatotóxicos (que têm efeito tóxico para o fígado).

Devido à falta de supervisão regulatória sobre os produtos botânicos, análises químicas de produtos associados a crises hepáticas frequentemente revelam discrepâncias entre os ingredientes listados nos rótulos e os realmente presentes nos produtos, conforme destacou a equipe liderada por Alisa Likhitsup, professora assistente de gastroenterologia na Universidade de Michigan.

O estudo focou no uso de seis dos produtos botânicos mais populares:

  1. Cúrcuma (em suplementos);
  2. Extrato de chá-verde;
  3. Garcinia cambogia (planta medicinal, também conhecida como citrino, malabar tamarindo ou goraka);
  4. Cohosh preto (Cimicifuga racemosa, ou ainda chamada de black cohosh);
  5. Arroz com fermento vermelho;
  6. Ashwagandha (também conhecida no Brasil como ginseng indiano).

É natural, mas oferece riscos

O uso excessivo de cúrcuma tem sido associado a casos graves de toxicidade hepática
O uso excessivo de cúrcuma tem sido associado a casos graves de toxicidade hepática Imagem: Getty Images

Ao examinar informações de 2017 a 2021 de um banco de dados federal de saúde, que incluiu quase 9.700 adultos, o estudo revelou altas taxas de consumo de produtos botânicos.

A equipe liderada por Likhitsup estimou que mais de 11 milhões de adultos nos Estados Unidos utilizam regularmente suplementos de cúrcuma, acreditando que podem aliviar dores ou artrite. Esse número é comparável aos cerca de 14,8 milhões de pessoas que tomam analgésicos por esses motivos.

No entanto, diversos ensaios clínicos randomizados não conseguiram demonstrar a eficácia dos produtos contendo cúrcuma no tratamento da osteoartrite.

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Outro produto popular, o extrato de chá-verde é consumido por mais de 3 milhões de adultos, geralmente com o objetivo de aumentar a energia e auxiliar na perda de peso. Contudo, vários estudos não encontraram evidências concretas de que os ingredientes ativos do extrato de chá-verde promovam esses benefícios.

Além disso, outras alegações, muitas vezes infundadas, são feitas sobre outros produtos botânicos. A Garcinia cambogia é promovida para perda de peso, o cohosh preto é utilizado para aliviar ondas de calor, e a ashwagandha (ou ginseng indiano) é usada para aumentar a massa muscular.

Como saber se devo usar?

Para saber se um medicamento ou substância é comercializado irregularmente, é possível consultar o site da Anvisa e um farmacêutico, que faz a ponte entre prescritores e usuários de medicamentos, além de ser um profissional capacitado para sanar dúvidas e orientar o paciente.

As campeãs de proibição são as substâncias emagrecedoras sem comprovação de ação (incluindo algumas fórmulas fitoterápicas, obtidas de plantas medicinais ou de derivados), além de suplementos que prometem curas e milagres para a saúde. É importante frisar que, muitas vezes, substâncias já têm liberação para uso fora do país, mas precisam passar pelo crivo da regulamentação brasileira.

"Vale lembrar que a Anvisa está em constante vigilância de tudo que impacta em nossa saúde e é competente para avaliar os benefícios de uso de qualquer agente (substância medicamentosa ou não) para a nossa população", diz a coordenadora do curso de farmácia Antonilêni Medeiros, do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa).

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*Com informações de reportagem publicada em 03/06/2024

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