Trocar açúcar por mel pode ser vantajoso, mas exige cuidados

Um consumo de açúcar exagerado sinaliza não só um regime alimentar pobre em nutrientes, mas também obesidade e risco para doenças associadas. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda reduzir o quanto possível a ingestão de açúcar.

Diante dessa realidade, será que o mel seria uma boa opção para preservar a saúde e abrir espaço para mais doçura no nosso cardápio?

Produzida pelas abelhas a partir da coleta do néctar das flores, seiva das plantas ou excreções de insetos sugadores, o mel, assim como o açúcar de mesa, é classificado como um carboidrato de alta densidade calórica. Isso quer dizer que ele tem grande quantidade de calorias em uma pequena porção: 100 g de mel tem 309 kcal, enquanto a mesma quantidade de açúcar de mesa tem 387 kcal.

Os efeitos no corpo

Desde que usado com moderação em preparações culinárias que tenham alimentos naturais e minimamente processados como ingredientes, os variados tipos de açúcar contribuem para diversificar e dar mais sabor aos alimentos sem que eles fiquem desbalanceados nutricionalmente.

A recomendação da OMS é que a medida saudável desses itens para adultos e crianças não deve ultrapassar ao máximo 10% da energia total consumida no dia, podendo ser reduzida a menos de 5%.

Quanto à troca do açúcar de mesa pelo mel, as evidências científicas sobre as possíveis vantagens são limitadas. A razão para isso é que boa parte dos estudos hoje disponíveis foram feitos com animais.

Os resultados das pesquisas com humanos são difíceis de serem comparados porque as doses, tipos de mel, idades dos participantes e tempo de observação são diferentes.

Apesar disso, quando o mel e outros tipos de açúcar são comparados, considerando suas propriedades funcionais e possíveis prejuízos para a saúde, o primeiro se destaca por ser um pouco superior, desde que consumido na medida certa.

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Confira alguns dos achados dos cientistas:

Maior consumo de nutrientes;

Melhor controle da glicemia;

Potencial redução de cáries.

Mais vitaminas no seu cardápio

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Classificado como carboidrato simples, a depender de seu tipo, o mel pode conter mais de 200 componentes. No entanto, a maioria deles são compostos pelos seguintes itens:

Um mix de diferentes tipos de açúcar: glicose e frutose (monossacarídeos), além de cerca de 25 tipos de oligossacarídeos;

Água (15% a 17%);

Proteínas (0,1% a 0,4%);

Enzimas, ácidos orgânicos;

Vitaminas e minerais (traços de vitaminas do complexo B, como a riboflavina, niacina, ácido fólico, vitamina B6 e vitamina C);

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Compostos fenólicos, como ácidos fenólicos e flavonoides —substâncias com potencial antioxidante que podem ter efeito anti-inflamatório;

Quanto mais escuro for o mel, maior quantidade de antioxidantes.

Glicemia e outras doenças sob controle

O índice glicêmico, ou IG, mede como os carboidratos atuam na glicemia, ou seja, nas taxas de açúcar do sangue. Quando ele é baixo, esses níveis sofrem pouca influência; já quando ele é alto, provoca a elevação das taxas.

A frutose contida no mel pode variar entre 21% a cerca de 50%, e seu IG corresponde a 19 (valor baixo), enquanto no açúcar de mesa ele alcança 60 (valor médio).

Alimentos com IG baixo tem impacto reduzido na glicemia e, portanto, protegem contra doenças do coração e o diabetes. O mecanismo por trás disso ainda não foi totalmente explicado. A hipótese é que a frutose, junto com o selênio, o zinco, o cobre, mais os ácidos fenólicos e flavonoides tenham um papel nesse processo.

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Um estudo publicado no periódico Nutrients concluiu que apesar da limitação das evidências atuais e da alta densidade calórica do mel, um dos principais benefícios se relaciona à saúde cardiovascular em pessoas saudáveis (com idade superior a 1 ano), com diabetes ou que tenham altas taxas de gordura (dislipidemia).

Tais benefícios, entretanto, dependem da inclusão do mel no regime alimentar, desde que respeitados os limites sugeridos pela OMS.

A saúde bucal agradece

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Embora a causa das cáries seja multifatorial, ou seja, o seu aparecimento não esteja exclusivamente relacionado ao consumo de açúcar, o excesso de itens açucarados na dieta pode agravar o quadro ou potencializar o seu aparecimento em pessoas predispostas.

Dados os efeitos antimicrobianos do mel, a redução de placas bacterianas já foi documentada por pesquisadores que avaliaram o efeito do uso de uma solução à base de água e mel.

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Em teoria, esta poderia ser uma alternativa natural, acessível e sem efeitos colaterais nos cuidados bucais, embora a resposta das medidas de higiene hoje indicadas seja superior.

Por que não posso dar mel para os bebês?

A razão para isso é que os pequenos são mais suscetíveis ao botulismo infantil, uma enfermidade causada por esporos da bactéria Clostridium botulinum, encontrada em alimentos naturais como o mel.

A imaturidade do sistema gastrointestinal dos bebês não permite que ele combata as toxinas produzidas pelo microrganismo. A sugestão da Academia Americana de Pediatria é que o mel seja oferecido aos bebês com idade superior a 1 ano.

*Com informações de reportagem publicada em 23/07/2024

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