Queda de avião: quantas lesões podem ser consideradas politraumatismo?
O IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo informou que todas as 62 vítimas da queda do avião da Voepass morreram por politraumatismo. A informação foi divulgada na segunda-feira (12).
Temos a certeza científica. A aeronave despencou de uma altura de 4.000 metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande. Todos eles sofreram o politraumatismo, informou Vladimir Alves dos Reis, diretor do IML.
Mas o que isso significa?
Pelo menos uma lesão que pode ser fatal: De acordo com Fernando Baldy, Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), é considerado politraumatismo quando a vítima tem, pelo menos, uma lesão que pode ser fatal para sua vida. "A pessoa que tem uma ou mais lesões que ameaçam sua vida tem um politraumatismo. Se não, pode ser polifraturizado ou policontundido", explica o médico.
Há diferenças entre múltiplas fraturas e politraumatismo. Na prática, se você cai e quebra os dois braços e uma perna, sua vida não está em risco, então tem polifraturas, por exemplo. Mas se há uma fratura na coluna ou de órgãos, a história é outra.
Alta taxa de mortalidade. Baldy explica que, devido à seriedade das lesões, a taxa de mortalidade de um politraumatizado é muito alta. "Pode variar de 20% a 40%. Se você estiver em um hospital pequeno e sem recurso, a taxa é maior. O tempo do atendimento também impacta muito. A primeira hora é chamada de 'golden hour', e, se o paciente receber atendimento nesse momento, tem mais chances de sobreviver", diz.
Como tratar: a ação do médico diante de um politraumatismo depende do estado do paciente - e quais são seus ferimentos. "Se a pessoa tiver viva, fazemos todas as manobras do protocolo de ressuscitação do politraumatizado, que é manter vias aéreas livres, ventilação e massagem cardíaca", diz Baldy.
Traumas mais comuns. O médico explica que, nos casos de politraumatismo, que não são de queda de avião, mas podem acontecer em atropelamentos e acidentes de moto, as lesões mais comuns são internas e na coluna.
Outros casos
Casos de politraumatismos são comuns em acidentes aéreos, mas também podem acontecer em atropelamentos, quedas de moto ou batidas de carro. "Politrauma é um trauma de alta energia cinética, então é necessário que exista velocidade", diz Baldy. Outros famosos morreram por causa desse ferimento.
Marília Mendonça: em 5 de novembro de 2021, o táxi aéreo que levava a cantora Marília Mendonça a um show em Minas Gerais caiu após colidir com linhas de distribuição de energia em Piedade de Caratinga (MG). A cantora, seu tio, o assessor e o produtor da cantora, assim como o piloto e o copiloto morreram no local, vítimas de politraumatismos.
Ricardo Boechat: o jornalista foi vítima de um acidente aéreo quando o helicóptero em que ele estava caiu em fevereiro de 2019. O piloto também morreu. Segundo o inquérito, com o documento, o jornalista sofreu traumatismos torácico e abdominal, "caracterizando politraumatismo, com carbonização secundária".
Teori Zavascki: o ministro do STF morreu após o avião em que ele estava cair no mar em Paraty, em janeiro de 2017. Apesar de hipóteses da época suspeitarem que ele tivesse morrido por afogamento, o laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, confirmou que ele morreu devido a um politraumatismo craniano.