Tá pago? Roupa errada na academia pode sabotar seu treino e sua saúde
Marcelo Testoni
Colaboração para VivaBem
14/08/2024 05h30
"Dress code", já ouviu essa expressão? Ela se refere a um conjunto de regras ou diretrizes sobre como se vestir em determinados ambientes ou ocasiões. E na academia, embora seja um local mais descontraído, esse código deve ser seguido pelos frequentadores, visando conforto, segurança, desempenho e funcionalidade.
"Como profissional de educação física, posso afirmar que existe sim um dress code para academia e a escolha das roupas está muito mais relacionada a esses fatores citados do que a atender padrões estéticos ou opiniões alheias", explica Letícia Marchetto, profissional de educação física e fundadora do Studio Let's Pilates (SP).
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Marchetto continua que até mesmo os acessórios devem ser pensados com antecedência, como tipos de fone de ouvido, relógio, tênis. Com dúvidas, consulte recepcionistas e professores. Mas geralmente muitas academias contam com placas ou informativos na entrada sobre o que pode ou não pode ser utilizado.
O que não vestir para treinar?
André Rapp, treinador físico e mental da clínica Cyber Cross Training Center (SP) informa que não é indicado treinar com roupas muito apertadas (que prejudicam mobilidade, flexibilidade, amplitude de movimentos, podendo até rasgar, gerando constrangimentos), nem com roupas muito largas (podem enroscar em aparelhos e causar acidentes). "E nada de malhar de calça jeans, é desconfortável", ressalta.
Sobre riscos à saúde pertinentes às vestimentas, a cardiologista Tainá Teixeira Viana, do Hospital São Rafael, da Rede D'Or, em Salvador, dá mais detalhes: "Peças que prejudicam a transpiração durante a prática de exercícios e elevam ainda mais a temperatura corporal, podem provocar quedas acentuadas de pressão, elevação exagerada da frequência cardíaca e até desmaios", adverte.
Rapp complementa que roupas muito pesadas e justas também podem obstruir a circulação sanguínea, comprometendo desempenho e dificultando a execução correta dos exercícios e aumentando o risco de lesões. O atrito constante com a pele ainda pode causar assaduras e irritações, especialmente em áreas sensíveis. E por falta de ventilação a acúmulo de umidade favorecer infecções fúngicas.
Acessórios devem contar a favor
Lembre-se de que, para a academia, devem ser funcionais e seguros. Portanto, não importa se são bonitos, caros ou estão na moda. Letícia Marchetto desaconselha treinar com colares e bijuterias que possam enroscar em equipamentos ou roupas. "Anéis e pulseiras podem interferir na aderência das mãos durante o uso de pesos e máquinas, aumentando o risco de deslizamentos e machucados."
Para quem gosta de ouvir música ou acompanhar treinos guiados, ajudando a manter o ritmo, a motivação e o foco, melhor optar por fones de ouvido sem fio. Os muito grandes, ou com cabos podem atrapalhar bastante. Quanto ao relógio, prefira os modelos smartwatches, discretos e que monitoram o desempenho e a frequência cardíaca, auxiliando no controle e na personalização dos treinos.
André Rapp emenda sobre os tênis: "Com solado alto e amortecedor são mais indicados para corrida, já para musculação se forem planos e largos aumentam o contato dos pés com o solo, conferindo maior equilíbrio, manutenção da postura e estabilidade para executar movimentos e levantar pesos". Calçado estreito não é indicado e pode causar joanete. E treinar de chileno, sapato social, sem chances.
Para extrair o melhor e não sofrer
Agora que você já sabe um pouco mais sobre como funciona o "dress code" da academia, quando for comprar ou escolher o que usar nesse ambiente lembre-se de se guiar pelo conforto, praticidade e segurança. "As roupas devem permitir liberdade, serem respiráveis e absorver suor, como leggings, tops e camisetas", diz Marchetto. No calor, use peças leves e frescas e, no frio, macias e pouco folgadas.
Considere ainda as variações de temperatura, do ambiente externo para o interno e vice-versa, diz a cardiologista Tainá Teixeira. "Quando se muda do quente e úmido para o frio e seco, com ar-condicionado, pode se ter rinite, tremor e cãibra. Agora, do frio para o calor, e em esforço, superaquecimento, desidratação, dor de cabeça e até exaustão". Para não passar por isso, troque de roupa na academia.
Se for o caso, leve consigo uma peça ou outra que você possa tirar ou pôr no vestiário com facilidade, como blusa, calça e bermuda.
Sobre os tecidos mais adequados, Rapp sugere moletom (no inverno, até o corpo aquecer), além de dry fit, elastano, tactel, mas, em especial, poliamida e poliéster —pelo toque suave, secagem rápida, maior conforto/estabilidade térmica e durabilidade.