Superbactéria com capacidade de gerar surtos está em 16 países, alerta OMS
Uma bactéria perigosa, com capacidade de infectar indivíduos saudáveis e imunocomprometidos, foi encontrada em pelo menos 16 países. A OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu um comunicado no dia 31 de julho sobre a situação global da Klebsiella pneumoniae hipervirulenta, ou hvKp.
O patógeno foi detectado nos seguintes países:
- Reino Unido
- Estados Unidos
- Argélia
- Argentina
- Austrália
- Canadá
- Camboja
- China
- Índia
- Irã
- Japão
- Omã
- Papua-Nova Guiné
- Filipinas
- Suíça
- Tailândia
Entre os locais afetados, 12 identificaram uma cepa específica alarmante que evoluiu para uma superbactéria, resistente aos antibióticos disponíveis.
Qual o risco à saúde?
O relatório da OMS identifica a Klebsiella pneumoniae como um patógeno de "risco moderado" a nível global, tendo capacidade de gerar surtos.
A bactéria é considerada hipervirulenta em relação às cepas clássicas, pois, de acordo com a OMS, possui uma maior capacidade de provocar doenças graves em pessoas saudáveis, além de idosos e imunocomprometidos.
O relatório ressalta que, além de ser resistente a medicamentos de última geração, esse patógeno tem o potencial de causar surtos e infectar um número muito maior de pessoas, o que aumenta a preocupação.
Entenda essa superbactéria
Segundo a OMS, a K. pneumoniae é encontrada no ambiente (incluindo solo, águas superficiais e dispositivos médicos), nas membranas mucosas de mamíferos e em humanos. Ela coloniza a parte superior da garganta (nasofaringe) e o trato gastrointestinal.
"K. pneumoniae é uma das principais causas de infecções adquiridas em instituições de saúde em todo o mundo e tem sido considerada um patógeno oportunista, pois normalmente causa infecções em indivíduos hospitalizados ou imunocomprometidos", diz o relatório.
As cepas clássicas de K. pneumoniae podem causar infecções graves, incluindo pneumonia, infecções do trato urinário e infecção da corrente sanguínea (bacteremia) ou meningite, especialmente quando infectam indivíduos imunocomprometidos.
As cepas que podem causar infecções graves em indivíduos saudáveis e foram identificadas com frequência crescente nos últimos anos são consideradas hipervirulentas em comparação às cepas clássicas devido à sua capacidade de infectar indivíduos saudáveis e imunocomprometidos e devido à sua tendência aumentada de produzir infecções invasivas.
Como evitar a transmissão?
Essas bactérias se espalham muito rapidamente por qualquer contato com fluidos ou objetos infectados. Mas os principais cuidados devem ser feitos nas unidades de saúde:
Isolamento total da pessoa infectada;
Equipe de saúde deve estar paramentada com avental, luvas, gorro e máscara para manusear o paciente;
Esses equipamentos de segurança devem ser descartados corretamente após o uso, antes de entrar em contato com outro paciente.
Essas medidas também são a principal forma de evitar novos surtos de superbactérias.
Como é o tratamento?
Poucos antibióticos são usados para tratar superbactérias, como ertapenem e polimixinas. Esses remédios estão em estoque, mas não fazem parte do dia a dia e precisam ser solicitados pelos hospitais, chegando no mesmo dia ou dia seguinte.
Por serem muito específicos, são usados apenas quando a bactéria multirresistente é identificada —o resultado do exame leva de dois a três dias. Antes disso, enquanto a equipe médica espera a confirmação, outros antibióticos podem ser utilizados (o problema é que eles não farão efeito).
Um surto dessa bactéria é terrível. Até entrar com o antibiótico específico, uma criança pode morrer. Nelson Douglas Ejzenbaum, médico pediatra e neonatologista
Ejzenbaum atua há quase 30 anos e tem experiência em UTIs. Ele comenta que, de fato, o objetivo maior é tratar a infecção, mas pela demora do resultado e forte ação da bactéria, o tratamento tende a ser mais difícil.
A OMS recomenda que os países devem fortalecer a conscientização clínica e de saúde pública para a detecção dessas superbactérias. "Os países devem reforçar o papel central dos laboratórios nacionais de referência em testes moleculares e na detecção e análise de genes de virulência relevantes, além de genes de resistência. (...) As unidades de saúde devem estar familiarizadas com as medidas gerais precauções padrão e baseadas na transmissão."
*Com informações de reportagem publicada em 18/03/2023
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