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Por que em algumas pessoas a cabeça não é redonda, mas achatada?

Imagem: iStock

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De VivaBem

21/08/2024 19h00

Quem usa o cabelo aparado ou é careca percebe mais facilmente o formato da própria cabeça. Mas se passar as mãos também é possível. Alguns vão notar que ela é bem redonda e outros nem tanto. E aí a interrogação. Só que o crânio humano não é exatamente idêntico em todas as pessoas. De maneira geral, é ovoide, ou seja, lembra um ovo, principalmente quando visto de lado ou de cima, e a parte de trás costuma ser mais larga e a da frente mais estreita.

Se percebeu que o seu não é exatamente assim, o motivo pode remontar ao passado, mais precisamente à época em que você era bebê e tinha uma cabeça "molinha". O crânio, embora resistente, é formado por placas ósseas separadas entre si por suturas e fontanelas. "Junções" que nessa fase são móveis, não totalmente fechadas, para a cabeça sair no parto natural e crescer, e sujeitas a estímulos de força e gravidade, que lenta e continuamente a moldam.

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Crânio chato após o nascimento pode ter relação com ficar acomodado em uma única posição, o que atualmente é a causa mais frequente, principalmente em relação às deformidades posteriores. Ocorre, por exemplo, quando os cuidadores colocam e deixam a criança deitada no berço, bebê conforto ou carrinho praticamente em tempo integral, mesmo acordada.

"A incidência de deformidade posicional aumentou depois de 1990, devido à recomendação da manutenção do bebê em posição supina, ou seja, de barriga para cima, durante o sono, para evitar a síndrome de morte súbita da infância", explica Ygor Peçanha Alexim, neurocirurgião do ICNE-SP (Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo).

Mas cabeça fora do formato padrão também pode ter relação com:

  • traços genéticos familiares;
  • prematuridade;
  • síndromes que cursam com más-formações pelo corpo;
  • pressão arterial durante o parto ou mesmo intrauterina;
  • insuficiência de líquido amniótico para amortecer o feto ou de espaço, se a gestação for de gêmeos;
  • torcicolo congênito (posição lateralizada da cabeça para esquerda/direita);
  • hipotonia (fraqueza muscular);
  • feto em posição pélvica (sentado ao nascer).

"Ou ainda craniossinostose ou cranioestenose, uma doença congênita rara, adquirida antes do nascimento, que causa o fechamento precoce das linhas de sutura, que unificam as placas ósseas do crânio", aponta Júlio Barbosa Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião com especialização pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Ele acrescenta que as assimetrias craniofaciais ainda são classificadas por aparência.

Achatada do lado, na frente, atrás...

Imagem: mediaphotos/IStock

Na plagiocefalia, há um achatamento em uma das laterais traseiras do crânio, podendo levar o bebê a ter muita dificuldade em deitar-se para o lado oposto. As orelhas também desalinham em posição e rosto e nariz apresentam desvios.

Já braquicefalia é quando o achatamento é na parte total do fundo do crânio, que fica com a nuca plana e, em alguns casos, o topo pontudo. A impressão é de que vista de perfil a cabeça ficou menos longa e de frente mais alargada.

A braquicefalia é o contrário da escafocefalia, em que o achatamento atinge as laterais, assim a cabeça fica alongada para cima, para frente e para trás e estreita. Em se tratando da testa, se adquirir uma deformidade triangular e proeminente, configura-se trigonocefalia.

Mas vale ressaltar que quando o achatamento, independentemente do tipo, tem a ver com a postura em que o bebê é mantido após nascer e é leve, não configura doença progressiva grave.

Como é feito o diagnóstico?

Quando a assimetria é acentuada e observada desde o nascimento, o diagnóstico exige ser realizado logo para evitar complicações, como risco de hipertensão intracraniana, atraso cognitivo, alterações visuais, auditivas e de mordida e, pelo aspecto, de ordem psicoemocional no futuro. Desconfiados, os pais devem se manter em alerta, sobretudo nos primeiros 60 dias após o nascimento do bebê, e não deixar de lado o acompanhamento com pediatra.

Esse especialista, eventualmente, será responsável pelo encaminhamento do quadro ao neurocirurgião, que cuidará de tirar as medidas completas do crânio e pedir seu escaneamento tridimensional. Assim, ele obtém detalhadamente informações sobre as estruturas ósseas, para chegar a um diagnóstico seguro e iniciar o tratamento. Os exames mais pedidos no processo são: radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.

"O mais importante não é obter uma cabeça milimetricamente simétrica, redondinha, mas tratar uma alteração grave no crânio. Do contrário, nada deve ser realizado. Todos somos diferentes e a questão aqui é ser saudável", afirma Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e AAP (Academia Americana de Pediatria).

Tratamentos e mudança de hábitos

Capacete ortopédico é tratamento brando e posicional Imagem: iStock

Cirurgia de correção e remodelamento é recomendável para casos congênitos sérios, sem possibilidade de o crânio se corrigir naturalmente ou por meio de tratamentos conservadores. Por exemplo, se constatado fechamento precoce das divisões ósseas devido craniossinostose.

A duração do procedimento leva algumas horas e o pós-operatório costuma ser bem tranquilo. Se envolver torcicolo congênito, provavelmente a criança ainda necessitará de fisioterapia.

Outra forma de intervir nas deformidades, no caso as mais brandas e posicionais, é com a utilização de capacetes ortopédicos. A utilização dessas órteses cranianas deve ocorrer quando a deformidade não se corrige com reposicionamento da criança até o 5º ou 6º mês de vida.

Alexim considera esse método seguro e eficaz, quando bem indicado. Do contrário, Ejzenbaum afirma que se transforma em uma experiência muito incômoda e por isso pode não funcionar.

Por fim, para que os pequenos não tenham achatamentos cranianos depois de chegarem ao mundo, lembre-se dos apoios viciados. Em não deixar um só lado da cabeça constantemente pressionado, para que seu crescimento não estagne, enquanto o resto do crânio evolui, mas é importante dormir com a barriguinha para cima. Agora, acordada, a criança precisa mudar de posição, o que inclui ao ser amamentada no colo e ficar de bruços e sentada com supervisão.

*Com reportagem de março de 2022

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