Lucas Rangel passa por cirurgia após usar curvex; por que é perigoso?

O calázio é uma inflamação causada por um bloqueio das glândulas de meibômio. O duto "entope" e a secreção natural fica impedida de sair, formando um nódulo ou granuloma geralmente indolor. A explicação é da oftalmologista Tania Schaefer, presidente da Soblec (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato).

E o terçol?

O terçol ou hordéolo não é apenas uma inflamação, mas sim uma infecção das glândulas de zeis e moll. Na maioria das vezes, a bactéria envolvida nesse processo é a Staphylococcus aureus, seguida pela Staphylococcus epidermidis.

Ele se caracteriza pela formação de uma bolinha avermelhada (abcesso) dolorosa, inchada, com aparência de uma espinha que pode se romper e gerar pus nas regiões externa ou interna, na linha dos cílios, da pálpebra inferior ou superior. Ainda é comum coceira ou aparecimento de crostas ou secreção próxima aos cílios.

Para a maioria das pessoas, o terçol é autolimitado, ou seja, ele se resolve sozinho entre três e cinco dias. Mas, de acordo com informações da Cleveland Clinic, importante centro médico e acadêmico nos EUA, e da Academia Americana de Oftalmologia, há casos em que o terçol pode evoluir para um calázio, como aconteceu com Rangel.

Curvex pode causar terçol?

Sim. O uso inadequado de ferramentas de maquiagem ou cosméticos pode levar bactérias para as pálpebras e causar o terçol. Em casos mais raros, como o de Rangel, infecções mais persistentes levam ao calázio — e à mesa de cirurgia.

O terçol também pode aparecer como consequência das seguintes condições:

Quando é hora de procurar ajuda médica?

Se o terçol já dura mais do que cinco dias, aparece com frequência ou você tem alguma das doenças que facilitam a infecção, como a rosácea, vale consultar o médico para receber mais orientações. Para o calázio, a regra é a mesma: se já se passaram muitos dias e a situação não se resolveu, procure um especialista.

"O mesmo é indicado nos casos em que o hordéolo é muito grande. Além disso, fique atento a um terçol que não melhora: ele pode indicar quadros mais graves como uma infecção do tecido orbital (celulite orbital), ou mesmo um tumor maligno (carcinoma)", explicou à reportagem de VivaBem a oftalmologista Maria Cristina Nishiwaki Dantas, professora do Departamento de Oftalmologia da Unifesp.

Como é o tratamento?

Em 90% dos casos, um terçol se resolve com:

Higiene local: limpeza das pálpebras e cílios com a diluição de xampu infantil, pela manhã e à noite, ou soluções apropriadas (compradas em farmácia) para a higienização dessas áreas. O objetivo é massagear delicadamente a região, retirar todo o tecido gorduroso acumulado nas pálpebras e cílios e prevenir a repetição do problema.

Compressas de gaze (mornas a quentes): eles devem ser posicionadas sobre o terçol até aquecer a região. A ideia é dilatar os orifícios e amolecer a secreção para facilitar sua drenagem, o que pode ser feito por meio de movimentos delicados sobre o terçol em direção à margem da pálpebra. Quanto mais vezes fizer durante o dia, maiores são as chances de melhora.

Medicamentos: caso seja necessário, o médico pode indicar o uso de pomadas ou colírios oftalmológicos específicos que contenham antibiótico e/ou corticoide, além de remédios por via oral.

No caso do calázio, as compressas são a recomendação mais comum. É bom lembrar que, apesar de o truque de esfregar a aliança quente ou um ovo morno (como já fez Angélica) se basear no mesmo princípio de que a compressa quente ajuda a drenar a secreção, ele pode acabar levando mais micro-organismos ao olho.

A oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Lisia Aoki, não indica colocar comida na região próxima dos olhos. "Tem outras formas de fornecer calor para a inflamação sem ser com comida. Dá para colocar um pano limpo, uma gaze ou um algodão com água morna na área inflamada", disse ao VivaBem.

E quando tudo isso falha, não tem jeito: é preciso fazer a cirurgia. "O procedimento esvazia o conteúdo purulento da glândula obstruída e evita que a infecção se dissemine para outras glândulas", esclarece a oftalmologista Cristina Baracuhy, coordenadora do Serviço de Plástica Ocular, Órbita e Vias Lacrimais do HC-UFPE.

Dá para prevenir?

Sim. E a principal providência é cuidar da higiene diária das pálpebras, dos cílios, das lentes de contato, além das mãos antes de tocar o rosto.

Use xampu neutro infantil pela manhã e à noite para lavar pálpebras e cílios. Caso prefira, utilize gaze para massagear delicadamente a região;

Evite dormir com maquiagem, compartilhá-la ou usar produtos que estejam vencidos;

Caso você tenha rosácea ou dermatites de contato, converse com o dermatologista sobre o controle adequado para evitar quadros de terçol;

Tem irritações e coceira frequentes nos olhos? Discuta com o oftalmologista se é preciso usar colírios antialérgicos no seu caso;

Sofre de blefarite? Faça compressas mornas com maior frequência para evitar obstruções;

Use lápis de olho na região externa das pálpebras. Na parte interna ("linha d'água"), há maior risco de obstrução do orifício de drenagem das glândulas;

Mantenha lentes de contato limpas com soro apropriado, trocado sempre na frequência recomendada pelo oftalmologista;

Lave suas mãos muito bem antes de tocar o rosto e use apenas toalhas limpas na região.

*Com informações de matérias publicadas em 19/02/2024 e 28/03/2017.