Ciência descobre como recuperar neurônios; fazer exercícios ajuda

Em um experimento com camundongos, cientistas identificaram um método por trás da transformação da função de uma célula em outra. Conhecido como reprogramação neuronal direta, isso pode possibilitar a regeneração de neurônios envelhecidos e ajudar no tratamento de doenças neurodegenerativas. Os detalhes dessa descoberta foram divulgados em 2 de julho na revista Nature Neuroscience.

No processo de reprogramação neuronal direta, células não neuronais no cérebro são transformadas em neurônios funcionais. Os cientistas acreditam que essa técnica tem um grande potencial para tratar distúrbios neurológicos que afetam o funcionamento cerebral, as habilidades e a vida cotidiana, apesar de sua complexidade e desafios.

Eles também destacaram as pequenas modificações químicas que, durante esse processo, ocorrem no epigenoma —conjunto de compostos químicos que se ligam ao DNA e regulam a atividade dos genes sem alterar a sequência do DNA em si.

Como funciona a transformação

O estudo realizado com roedores mostrou que um único fator de transcrição (proteínas que ajudam a regular a expressão dos genes) pode controlar a ativação dos genes nas células.

Utilizando novas técnicas para analisar o epigenoma, os cientistas identificaram um regulador chamado YingYang. Esse regulador equilibra o processo de conversão de astrócitos (um tipo de célula não neuronal encontrada no sistema nervoso central) em neurônios.

Para alcançar esse equilíbrio, o YingYang abre a cromatina (complexa estrutura formada pelo DNA e proteínas associadas, como as histonas, que ajudam a compactar o DNA dentro do núcleo da célula) e colabora com o fator de transcrição, transformando assim a célula.

Como você viu, investir em pesquisas neuronais pode abrir caminho para novas abordagens no tratamento de lesões cerebrais e doenças neurodegenerativas, justificando o intenso investimento científico nessa área.

Você tem papel importante

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Imagem: iStock
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Em um estudo publicado na revista Neurology em 2018, os pesquisadores descobriram que pessoas idosas que se exercitam cerca de 52 horas durante um período de cerca de seis meses mostraram as maiores melhorias em vários testes de raciocínio e velocidade. Em média, as pessoas se exercitam por cerca de uma hora, três vezes por semana.

E o efeito foi visto tanto entre quem não tinha declínio cognitivo quanto em quem sofria com déficit cognitivo leve ou demência. As pessoas no estudo mostraram as melhorias mais fortes em sua capacidade de resolver problemas e processar informações. Entretanto, o efeito não foi tão robusto nos testes de memória.

Isso pode apoiar ainda mais a ideia de que, para a saúde do cérebro, o efeito global e cumulativo da atividade física é o que é importante. Além disso, a atividade física afeta o cérebro de várias formas diferentes, desde a preservação da rede nervosa do cérebro que começa a diminuir com a idade, ao aumento da função dos neurônios e à melhoria do fluxo sanguíneo para as células cerebrais.

Como estimular o cérebro no dia a dia

Leia livros: estimula a memória, melhora a capacidade cognitiva, desenvolve a inteligência ao expor os leitores a experiências de personagens;

Faça palavras cruzadas, caça-palavras e jogos de tabuleiro: estimulam a memória e a atenção;

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Pratique novos idiomas: estimulam a memória e a atenção;

Explore novas habilidades (jardinagem, cozinhar, tocar um instrumento etc.): estimulam tanto a parte cognitiva quanto a memória motora;

Viaje: expõe o indivíduo a novas situações e culturas, consequentemente a novos estímulos, enriquecendo o repertório mental;

Dance: estimula a memória cognitiva e a memória motora;

Além disso, existem atividades que são como aeróbicas para os neurônios e que tiram o cérebro da zona de conforto:

Todo dia procure observar um objeto ou pessoa e desenhe suas principais características. No fim de semana, procure recordar as figuras;

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Procure identificar ingredientes dos alimentos pelo gosto e pelo cheiro;

Memorize os preços das coisas sempre que possível e procure recordá-los mais tarde;

Procure identificar as pessoas pela voz ao usar o telefone;

Memorize números de telefones;

Memorize no fim do dia as pessoas com quem falou. Depois, procure se lembrar por toda a semana;

Utilize sempre anotações para consultas posteriores.

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*Com informações de reportagens publicadas em 01/06/2018 e 17/11/2021

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