Brasileiros desenvolvem método que pode tratar câncer de intestino
Pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) desenvolveram um método —atualmente em testes pré-clínicos— para tratar o câncer de intestino. Com a ajuda de nanopartículas (partículas extremamente pequenas, com dimensões na faixa de 1 a 100 nanômetros), eles transportaram uma molécula diretamente ao ambiente tumoral e induziram a morte de células tumorais.
Os cientistas consideraram os resultados iniciais como encorajadores, embora ainda não haja previsão para o início dos testes em humanos.
Os achados foram detalhados em uma pesquisa divulgada em março no periódico International Journal of Nanomedicine.
Como funciona o tratamento
Este método desenvolvido aproveita o sistema imunológico do próprio paciente para desencadear respostas e combater a doença.
Para alcançar esse objetivo, uma LNP (nanopartícula lipídica ionizável) é utilizada para transportar uma molécula de mRNA, ou RNA mensageiro, até o lugar onde estão as células tumorais e induzir a morte delas.
Em resumo, o organismo introduzido elimina as células cancerígenas, erradicando o câncer.
Driblando as células doentes
Os cientistas ressaltam que um dos principais obstáculos dos tratamentos atuais é garantir que a medicação alcance o tumor. Isso ocorre devido ao fato de as células cancerígenas criarem um "microambiente tumoral hostil", dificultando a eficácia de muitas terapias.
Por conta disso, os pesquisadores também criaram uma estratégia para normalizar o microambiente tumoral. Em outras palavras, eles reconfiguraram o microambiente, tornando-o mais acessível para que a nanopartícula penetre e para que os linfócitos do sistema imunológico possam alcançar o tumor.
Além disso, à medida que o tumor cresce, ele forma vasos sanguíneos anômalos. A terapia proposta então atua descomprimindo esses vasos e diminuindo o acúmulo de colágeno, o que facilita a penetração dos medicamentos nas células.
Promessa para futuro próximo
Atualmente, o tratamento é conduzido em animais utilizando um modelo denominado humanizado. Nesse método, células humanas, tanto cancerígenas quanto saudáveis, são implantadas em camundongos. Esses testes são realizados para simular o funcionamento do organismo humano.
A próxima fase envolve a busca por financiamento para conduzir pesquisas oncológicas em animais de grande porte. Com essa etapa concluída, será viável começar os testes clínicos iniciais em pacientes humanos com câncer de intestino.
Sinais do câncer de intestino (colorretal)
Por mais que o câncer colorretal seja silencioso e na maioria das vezes os sintomas demorem para aparecer, existem alguns sinais de alarme para a doença:
- Alteração do ritmo intestinal de início recente (quando alguém que tinha o funcionamento intestinal normal passa a ter diarreia ou constipação);
- Presença de sangue nas fezes;
- Dor e cólica abdominal frequentes com mais de 30 dias de duração;
- Anemia;
- Perda de peso sem uma causa conhecida;
- Cansaço;
- Fraqueza.
Além dos sinais da doença, existem exames que podem ajudar na prevenção. O principal deles é a colonoscopia, geralmente indicada a partir dos 45 anos. Por ser mais invasivo, com necessidade de preparo intestinal e de sedação durante o exame, seu uso em escala populacional pode ser difícil. Por isso, a alternativa é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que é um exame simples, de baixo custo e indicado para qualquer faixa etária.
Se a doença for detectada, os tratamentos vão depender do estágio do câncer de intestino. Nas fases iniciais, por exemplo, remoção por colonoscopia é indicada. Na maioria das vezes, a cirurgia é necessária e quase sempre é feita por técnica minimamente invasiva (laparoscópica ou robótica).
Já em estágios mais avançados, a quimioterapia passa a ser a modalidade mais importante. Para os tumores do reto (parte final do intestino), a radioterapia também tem papel muito importante no tratamento.
*Com informações de reportagem publicada em 30/07/2024
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