Sua pele sofre no frio? Nem é tão difícil salvar seu maior órgão
Janaína Silva
Colaboração para VivaBem
30/08/2024 05h30
Baixa umidade, banhos mais quentes, uso de sabonetes e de buchas inadequadas favorecem a desidratação da pele, que é conhecida como o maior órgão do corpo humano. É fácil notar os efeitos, que se acentuam nos meses mais frios do ano: perda do viço e aparência opaca e repuxada.
"As glândulas sebáceas, que estão distribuídas por todo o corpo, exceto nas palmas das mãos e pés, produzem um manto lipídico [de gordura] na pele, que garante a hidratação e proteção natural", explica Ebert Mota Aguiar, dermatologista do HDT (Hospital de Doenças Tropicais) da UFT (Universidade Federal do Tocantins) e vinculado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
O frio reduz a produção dos óleos naturais pela pele; além disso, é quase impossível resistir a um banho com água mais aquecida, o que aumenta a perda do manto lipídico. Enquanto isso, os níveis menores da umidade do ar favorecem a desidratação. O resultado é um aspecto áspero e é frequente o surgimento de coceiras.
As pessoas com pele sensível são ainda mais vulneráveis aos fatores externos, pois a barreira protetora é mais frágil. "No inverno, devido à perda da hidratação natural, elas estão mais sujeitas à vermelhidão, coceira, rachaduras e descamações", afirma Vinicius de Alencar da Rocha, dermatologista e professor na pós-graduação BWS.
Banho x bucha
Assim como a radiação ultravioleta, a poluição é outro agressor externo que prejudica a retenção de água pela pele e, nas mais sensíveis, as partículas em suspensão intensificam a irritação e podem levar à inflamação.
Entre os cuidados com as peles sensíveis no inverno, o banho (com temperatura moderada) e a hidratação são pontos essenciais, além da proteção solar.
Priscilla Pereira, dermatologista e especialista em tricologia, cosmiatria e laser, aconselha a optar por banho com água morna e reduzir o tempo embaixo do chuveiro.
"O sabonete, de preferência com componentes hidratantes ou glicerinado, só deve ser usado nas axilas e região íntima. Não é preciso ensaboar tanto, para não causar dermatites e eczemas", alerta Pereira.
A bucha pode ser dispensada durante o banho, porque tira a proteção, nas palavras do dermatologista do HDT-UFT. "Tudo bem passar na região plantar, mas jamais no restante do corpo."
Hidratar é preciso!
Para saber se a pele está hidratada, Rocha recomenda prestar atenção em alguns pontos: a textura é suave, macia e uniforme, sem asperezas ou descamações. Ela é elástica, ao ser apertada volta rapidamente ao normal, deve estar com um brilho natural.
A hidratação pode ser realizada logo após o banho. No entanto, Mônica Aribi, dermatologista e palestrante nacional e internacional em vários congressos da área de dermatologia e especialidades afins, esclarece que o melhor horário para esse cuidado é antes de dormir, porque nesse momento a pessoa irá descansar e a temperatura corpórea e a circulação da pele ficam normalizadas. "Com isso, o hidratante penetra de forma ideal."
Braços e pernas, além do rosto, são mais expostos às agressões externas, sendo assim, Aguiar sugere caprichar bem nesses locais e manter as demais partes sempre hidratadas. "As mãos são também importantes, uma vez que estão em contato constante com várias substâncias que podem irritar a nossa pele, portanto precisam de hidratação e uma proteção especial", enfatiza o professor na pós-graduação BWS.
Aribi comenta que, muitas vezes, as pessoas esquecem das costas, que requerem hidratação. "Os pacientes com acne nas costas ou a colite glútea necessitam usar o hidratante em menor quantidade para não piorar a dermatose", afirma.
Já os pés, cotovelos, tornozelos e joelhos são mais suscetíveis ao ressecamento e merecem tratamentos mais intensos, com a aplicação de hidratantes com substâncias como vaselina ou ureia, para que fiquem mais umectados.
O ácido hialurônico é excelente para corpo e rosto por sua capacidade de atrair e reter água, ao ser associado a cremes e loções com ação hidratante, que irão ajudar a absorção pela epiderme. "É diferente este uso da aplicação do ácido hialurônico na derme, de maneira injetável, para preenchimento", ressalta Aguiar.
Além disso, é uma substância que é também produzida pelo organismo e, por isso, bem tolerada por todos, colaborando na melhoria da textura.