Corpo começa a apitar aos 40: o que muda na saúde e como prevenir problemas
Samantha Cerquetani
Colaboração para VivaBem
04/09/2024 05h30
Ao atingir os 40 anos, o corpo humano passa por várias transformações naturais que aumentam o risco de doenças. Com o envelhecimento, o funcionamento dos órgãos começa a diminuir e a capacidade de regeneração celular também é reduzida.
De acordo com um levantamento realizado pela Far.me, farmácia online por assinatura que usa tecnologia para facilitar a adesão ao tratamento para quem faz uso contínuo de remédios, o uso da rosuvastatina (para controle do colesterol) começa a aparecer a partir dos 40 anos. A partir dos 50, aparecem a metformina (para controle do diabetes) e a losartana (para controle da pressão arterial).
Os principais medicamentos consumidos por faixa etária, segundo a Far.me:
Entre 18 e 29 anos - venlafaxina, quetiapina, escitalopram
Entre 30 e 39 anos - quetiapina, bupropiona, escitalopram
Entre 40 e 49 anos - rosuvastatina, quetiapina, venlafaxina
Entre 50 e 59 anos - rosuvastatina, losartana, metformina
Entre 60 e 69 anos - rosuvastatina, losartana, metformina
Entre 70 e 79 anos - quetiapina, rosuvastatina, losartana
Acima dos 80 anos - quetiapina, levotiroxina, losartana
De maneira geral, ao passar dos 40, a capacidade do coração bombear diminui, assim como a função do pulmão e do sistema imunológico. Há ainda a redução da massa muscular e óssea, diminuição da elasticidade dos vasos sanguíneos, e alterações hormonais, como a menopausa nas mulheres e a andropausa nos homens.
O metabolismo também tende a desacelerar, o que pode levar ao ganho de peso, um fator de risco para vários problemas de saúde. A seguir, confira as doenças mais comuns que surgem após os 40 anos.
Artrite reumatoide
Trata-se de uma condição inflamatória crônica que impacta diversas articulações, causando dor, inchaço e rigidez. É mais comum em pessoas acima de 40 anos, uma vez que os danos articulares se acumulam ao longo do tempo.
Além disso, as mudanças no sistema imunológico intensificam a inflamação nas articulações. No caso das mulheres, a menopausa e as alterações hormonais, influenciam na progressão da doença.
Câncer
Geralmente, o risco de desenvolver câncer aumenta com a idade devido ao acúmulo gradual de mutações nas células do corpo, o que pode levar ao surgimento da doença.
Além disso, o enfraquecimento do sistema imunológico com a idade reduz a capacidade do corpo de detectar e eliminar células cancerosas.
E o aumento na prevalência de cânceres também ocorre devido a exposição prolongada a fatores como tabagismo, álcool e produtos químicos. Isso contribui para danos celulares que podem levar ao câncer.
Entre os cânceres mais comuns após os 40 anos estão: mama, pulmão, melanoma e colorretal.
Diabetes tipo 2
Trata-se de uma condição metabólica que afeta a regulação dos níveis de glicose no sangue.
Com o tempo, o corpo começa a perder a capacidade de usar a insulina de maneira eficaz, o que leva à resistência à insulina. Por isso, surge o diabetes tipo 2.
Esse problema se agrava pelo ganho de peso e pela desaceleração do metabolismo, que são condições mais frequentes após os 40 anos.
Vale destacar que o diabetes não controlado afeta negativamente órgãos como cérebro, rins, olhos, coração e vasos sanguíneos. Por isso é fundamental o diagnóstico precoce para evitar quadros de infarto, AVC (acidente vascular cerebral), perda da visão e insuficiência renal.
DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)
A doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida pela sigla DPOC, é uma condição que causa a obstrução crônica e progressiva das vias aéreas, o que dificulta a respiração.
Inclui a bronquite crônica, que causa tosse persistente e produção de muco devido à inflamação dos brônquios, e o enfisema pulmonar, que destrói gradualmente os alvéolos e compromete a capacidade respiratória.
O principal fator de risco para a DPOC é o tabagismo e a condição torna-se mais comum após os 40 anos em fumantes, uma vez que os danos causados pelo fumo se acumulam.
Além disso, a exposição prolongada a poluentes ambientais, juntamente com a perda de elasticidade e a redução na capacidade de regeneração dos tecidos pulmonares, também contribuem para o desenvolvimento da doença.
Doenças cardiovasculares
O risco de doenças cardiovasculares aumenta após os 40 anos devido à perda de elasticidade das artérias e o desaceleramento do metabolismo.
Além disso, fatores de risco como hipertensão, colesterol elevado e diabetes são mais frequentes após essa idade, o que aumenta o risco de problemas, como infartos, AVC, insuficiência cardíaca, arritmias e doença arterial coronariana.
Obesidade
A condição é uma doença crônica e sistêmica provocada pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, o que causa alterações no organismo e afeta negativamente a saúde.
Com o envelhecimento, o metabolismo desacelera e o corpo queima calorias mais lentamente. Ocorrem ainda mudanças hormonais, como a diminuição dos níveis de estrogênio em mulheres após a menopausa e a redução da testosterona em homens. Isso aumenta o acúmulo de gordura na região abdominal.
A obesidade vai além da questão estética: a condição aumenta o risco de doenças, como cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.
Osteoporose
Após os 40 anos, o risco de os ossos se tornarem mais frágeis e propensos a fraturas aumenta. A osteoporose ocorre devido à perda natural de massa óssea com a idade. Em geral, o organismo perde massa óssea mais rapidamente do que é capaz de substituir, resultando em ossos mais finos e frágeis.
Nas mulheres, a menopausa acelera essa perda óssea devido à diminuição dos níveis de estrogênio, enquanto nos homens, a redução gradual da testosterona também contribui para o problema. Muitas vezes, as fraturas ocorrem após traumas mínimos, como uma queda, ou podem acontecer de forma espontânea.
Problemas de circulação
Entre os principais problemas de circulação que afetam os indivíduos com mais de 40 anos, destacam-se varizes, doença arterial periférica e trombose venosa profunda.
As varizes são veias dilatadas e tortuosas que se formam devido ao enfraquecimento e dilatação das veias das pernas. Essa condição provoca dor, inchaço e sensação de peso nas pernas.
A doença arterial periférica ocorre quando as artérias que fornecem sangue às pernas e aos pés se estreitam, resultando em dor ao caminhar e aumentando o risco de úlceras e infecções nos membros inferiores.
Já a trombose venosa profunda trata-se da formação de coágulos sanguíneos nas veias profundas, geralmente nas pernas. Isso pode causar dor e inchaço, e, se um coágulo se deslocar para os pulmões, há o risco de embolia pulmonar, uma condição grave que pode levar ao óbito.
Problemas de visão
Os olhos também sofrem alterações com o passar do tempo. É comum que pessoas com mais de 40 anos de idade percam a capacidade de focar em objetos próximos (presbiopia).
A catarata, que afeta o cristalino do olho, também causa visão embaçada e dificuldade para enxergar à noite após essa idade.
Além disso, a degeneração macular relacionada à idade pode levar à perda da visão central e dificuldade para ler. Por fim, o glaucoma, uma condição associada ao aumento da pressão intraocular, pode resultar na perda gradual da visão em pessoas com essa faixa etária.
Como prevenir?
Primeiramente, é importante não entrar em pânico. Para chegar aos 40 anos (ou mais) com saúde é fundamental mudar os hábitos do dia a dia, assim que possível. Porém, nunca é tarde para adotar mudanças que aumentam a qualidade de vida.
Algumas atitudes são essenciais para diminuir o risco de doenças em todas as fases da vida. São elas:
Acompanhamento médico regular com consultas de rotina (check-up)
Manter uma dieta equilibrada
Atividade física regular
Evitar o consumo de álcool e tabagismo
Controlar o estresse
Dormir bem
Manter a higiene do corpo
Cultivar relacionamentos positivos
Praticar atividades que proporcionam prazer, como ler ou realizar trabalhos manuais
Fontes: Erick Barreto Pordeus, clínico geral do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Kelem de Negreiros Cabral, geriatra do Hospital Sírio-Libanês (SP); e Omar Jaluul, geriatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).