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'Pulmão tatuado' e 'inflamação sistêmica': os estragos da poluição ao corpo

Vista da cidade de São Paulo; capital registrou baixo índice de qualidade do ar Imagem: CARLOS FABAL/AFP

De VivaBem, em São Paulo

11/09/2024 11h03

A qualidade do ar em São Paulo foi considerada, pelo terceiro dia consecutivo, a pior do mundo, segundo a empresa suíça de tecnologia IQAir, que monitora as condições da poluição em grandes cidade.

Isso ocorre devido à suspensão de material particulado oriundo das queimadas que ocorrem em todo o Brasil. Além disso, as condições meteorológicas não favorecem a dispersão dos poluentes, devido à estiagem e aos ventos fracos.

Quais os impactos da poluição no corpo?

Pode causar inflamação sistêmica no corpo. O pneumologista Frederico Fernandes, diretor da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), explica que o material particulado (PM2.5) é absorvido pelo organismo e tem grande potencial inflamatório no corpo.

Isso pode, eventualmente, causar um efeito danoso ao sistema cardiovascular, resultando em arritmias, por exemplo, e aumentando o riscos de derrames ou infartos em pessoas que têm maior propensão a isso.
Frederico Fernandes, pneumologista

Mais pacientes com problemas cardiovasculares no pronto-socorro. Fernandes diz que, em épocas com qualidade de ar ruim, é mais comum haver pessoas com problemas envolvendo derrames, infarto e arritmia, além, é claro, de doenças respiratórias.

Vista da zona oeste de São Paulo Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

O PM 2.5 vai se acumulando, então, quanto mais eu me exponho a ele, maior o risco de eu desenvolver uma doença cardiovascular daqui a alguns anos. Além de causar um efeito agudo em quem tem alguma suscetibilidade, o material particulado faz com que a gente vá ficando doente ao longo da exposição.
Frederico Fernandes, pneumologista

Pulmão fica 'tatuado'. O pneumologista diz que o termo se refere a pontinhos pretos —material particulado, metais pesados, entre outros— que se formam no pulmão ao se expor a ambientes poluídos. "Essas substâncias são inaladas e se isolam no pulmão. Quanto mais exposição, mais pontos pretos o pulmão vai ter. E isso não é possível reverter."

Aumenta o risco do desenvolvimento de câncer a longo prazo. No ar, há diversas toxinas, como as cancerígenas, além daquelas que agem no sistema cardiovascular e outras que vão direto para o sistema respiratório.

Respiração fica 'trabalhosa', e os brônquios, contraídos. O médico reforça os efeitos mais conhecidos da poluição, como nariz ressecado, coceira, cansaço, além da respiração mais trabalhosa, devido à contração dos brônquios (responsáveis por transportar o ar para os pulmões).

É uma contração natural de defesa: os brônquios precisam passar o ar por um duto mais fino, gastando mais energia nesse movimento. A respiração fica mais trabalhosa, levando à sensação de cansaço e ansiedade. Com o clima ainda mais quente e seco, os efeitos vão se acumulando. Os 'riniters' [quem tem rinite] terão dias de inferno.

Dica para se proteger da fumaça é usar máscara PFF2 ou N95, que são capazes de filtrar as substâncias, incluindo material particulado, segundo o médico. Outro ponto é evitar sair de casa, quando possível. Quanto menos exposição, melhor.

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