'Pulmão tatuado' e 'inflamação sistêmica': os estragos da poluição ao corpo
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A qualidade do ar em São Paulo foi considerada, pelo terceiro dia consecutivo, a pior do mundo, segundo a empresa suíça de tecnologia IQAir, que monitora as condições da poluição em grandes cidade.
Isso ocorre devido à suspensão de material particulado oriundo das queimadas que ocorrem em todo o Brasil. Além disso, as condições meteorológicas não favorecem a dispersão dos poluentes, devido à estiagem e aos ventos fracos.
Quais os impactos da poluição no corpo?
Pode causar inflamação sistêmica no corpo. O pneumologista Frederico Fernandes, diretor da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia), explica que o material particulado (PM2.5) é absorvido pelo organismo e tem grande potencial inflamatório no corpo.
Isso pode, eventualmente, causar um efeito danoso ao sistema cardiovascular, resultando em arritmias, por exemplo, e aumentando o riscos de derrames ou infartos em pessoas que têm maior propensão a isso.
Frederico Fernandes, pneumologista
Mais pacientes com problemas cardiovasculares no pronto-socorro. Fernandes diz que, em épocas com qualidade de ar ruim, é mais comum haver pessoas com problemas envolvendo derrames, infarto e arritmia, além, é claro, de doenças respiratórias.

O PM 2.5 vai se acumulando, então, quanto mais eu me exponho a ele, maior o risco de eu desenvolver uma doença cardiovascular daqui a alguns anos. Além de causar um efeito agudo em quem tem alguma suscetibilidade, o material particulado faz com que a gente vá ficando doente ao longo da exposição.
Frederico Fernandes, pneumologista
Pulmão fica 'tatuado'. O pneumologista diz que o termo se refere a pontinhos pretos —material particulado, metais pesados, entre outros— que se formam no pulmão ao se expor a ambientes poluídos. "Essas substâncias são inaladas e se isolam no pulmão. Quanto mais exposição, mais pontos pretos o pulmão vai ter. E isso não é possível reverter."
Aumenta o risco do desenvolvimento de câncer a longo prazo. No ar, há diversas toxinas, como as cancerígenas, além daquelas que agem no sistema cardiovascular e outras que vão direto para o sistema respiratório.
Respiração fica 'trabalhosa', e os brônquios, contraídos. O médico reforça os efeitos mais conhecidos da poluição, como nariz ressecado, coceira, cansaço, além da respiração mais trabalhosa, devido à contração dos brônquios (responsáveis por transportar o ar para os pulmões).
É uma contração natural de defesa: os brônquios precisam passar o ar por um duto mais fino, gastando mais energia nesse movimento. A respiração fica mais trabalhosa, levando à sensação de cansaço e ansiedade. Com o clima ainda mais quente e seco, os efeitos vão se acumulando. Os 'riniters' [quem tem rinite] terão dias de inferno.
Dica para se proteger da fumaça é usar máscara PFF2 ou N95, que são capazes de filtrar as substâncias, incluindo material particulado, segundo o médico. Outro ponto é evitar sair de casa, quando possível. Quanto menos exposição, melhor.
5 comentários
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Laura Correa Guarnieri
Onde está o ministério da saúde para dar esta orientação básica de como se proteger da poluição do ar?
Walmor Barbosa Martins Jr
Brasil em chamas há mais de 60 dias....o governo do amor venceu! Parabéns à todos que fizeram o L!
Victor Pinto da Silva
PT ha quase duas decadas ..... que esperar?