Mexa-se sem medo: como exercícios podem beneficiar quem tem artrite

Quem vive com artrite sabe bem o preço que ela cobra. Dor nas articulações, rigidez matinal, inchaço, limitação dos movimentos articulares e, em alguns casos, até mesmo deformidades articulares.

A doença se caracteriza por um quadro de inflamação articular e pode ser desencadeada por diversos fatores. Artrites podem acometer qualquer articulação do corpo, o que acaba dificultando muito a locomoção de quem carrega a doença, gerando inclusive medo de se exercitar e de acabar piorando ainda mais o quadro. Mas não deveria ser assim.

O sedentarismo pode levar a piora dos sintomas da artrite, incluindo perda de massa muscular, aumento da rigidez e dor articular, além de contribuir para o ganho de peso, o que sobrecarrega ainda mais as articulações.

Importância dos exercícios para quem tem artrite

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Ao contrário do que muitos pacientes pensam, os exercícios são um grande aliado. Eles não farão a artrite desaparecer ou mesmo conseguirão recompor a cartilagem danificada, mas irão promover importante redução da dor e rigidez articular, aumento da força muscular e melhora significativa da mobilidade. Além disso, o controle do peso corporal ajuda a diminuir a sobrecarga nas articulações.

A prática regular de atividade física pode melhorar significativamente os sintomas da artrite, aumentando a capacidade funcional. Embora a cura completa não seja garantida, muitos pacientes experimentam redução nas dores. Alberto Gotfryd, ortopedista e coordenador do Grupo Médico Assistencial de Coluna do Hospital Israelita Albert Einstein

Guilherme Micheski, educador físico e gerente técnico da Smart Fit, explica que inicialmente os exercícios costumam trazer um certo desconforto e dor por conta da movimentação. No entanto, se mantido o exercício físico de baixa intensidade, a dor tende a diminuir significativamente, consequência do aumento da força muscular que reduz a sobrecarga articular.

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"O alívio da dor não é imediato, especialmente por ocorrer um estresse na articulação por causa de ruptura das fibroses causada pela redução de movimento, que ocorre para reduzir a dor. A melhora da dor é significativa e dependendo do estágio da doença a pessoa pode voltar a fazer atividades da vida diária que outrora não conseguia executar", afirma.

Ana Teresa Amoedo, reumatologista e liderança da reumatologia Rede D'Or Bahia, ressalta que a atividade física é vista hoje em dia como fundamental não só para quadros de artrite reumatoide, mas também para diversas doenças reumáticas, como a própria artrose, chamada também de osteoartrite, e também osteoporose.

Exercícios mais indicados para quem tem artrite

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Exercícios de baixo impacto e de flexibilidade são geralmente os mais indicados para pessoas com artrite, pois ajudam a preservar as articulações enquanto fortalecem os músculos.

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"Os exercícios que promovem ganho de massa muscular também são importantes para fortalecer as estruturas que nós chamamos de periarticulares como ligamentos e tendões", reforça Amoedo.

Alguns exemplos de exercícios indicados para quem tem artrite são:

Natação: ajuda a fortalecer os músculos sem impacto nas articulações. Algumas alternativas na água incluem hidroginástica e hidrobike;

Caminhada: melhora a mobilidade e a função cardiovascular;

Alongamentos: mantêm a flexibilidade e reduzem a rigidez;

Bicicleta ergométrica: melhora o condicionamento cardiovascular sem impacto nas articulações;

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Elíptico: a máquina simula uma corrida sem impacto articular, mantendo o movimento não só dos membros inferiores, como também dos braços;

Tai chi chuan: combina movimentos suaves com respiração profunda, promovendo equilíbrio e relaxamento;

Pilates: auxilia no aumento da lubrificação das articulações, restaura a mobilidade articular, fortalece a musculatura, promove reeducação postural e consciência corporal.

Os exercícios de impacto devem ser evitados, como futebol, vôlei, basquete, tênis, pular corda, corrida e atividades físicas que exijam arranque.

E musculação pode?

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A musculação bem orientada, diz a reumatologista Ana Teresa, também é uma aliada.

Segundo Guilherme Micheski, um dos pontos a serem observados é a amplitude de movimento que deve ser acompanhada com cautela, para que pouco a pouco vá aumentando.

O profissional de educação física sugere exercícios como agachamento, levantamento terra e cadeira abdutora para movimentar as articulações e promover uma ativação muscular ampla.

Cuidados para quem está começando

Amoedo sugere iniciar a atividade física apenas quando não houver inflamação articular. "Se o paciente tiver com a articulação muito inflamada, naquele momento ele não deve realizar a atividade física. Deve esperar melhorar um pouco a inflamação para iniciar os exercícios", pontua.

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A reumatologista explica que em situações como essas o paciente pode, nesse meio tempo, começar um tratamento fisioterápico, em que vai ter alívio de dor e pode já começar um reforço muscular.

Estando num momento mais adequado, algumas dicas para que iniciou a atividade são:

Aqueça bem antes de começar;

Utilize calçados adequados;

Evite sobrecarregar as articulações;

Aumente a intensidade e a duração dos exercícios de forma gradativa. A progressão deve ser lenta e contínua;

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Tenha paciência e confie que apesar de não parecer, o resultado é muito significativo;

Respeite os seus limites, mas se desafie, o conforto na realização de exercícios pode ser um vilão no caso da artrite;

Tanto a carga quanto a amplitude devem ser incrementadas sempre que for apresentada facilidade na realização.

Micheski conta que um equívoco muito comum é o praticante, com melhoras iniciais, já achar que está pronto para realizar atividades de impacto como corrida, futebol ou outras modalidades que vão exigir do sistema como um todo.

"Ouça seu corpo, evitando atividades que causem dor intensa. Considere a orientação de um fisioterapeuta para desenvolver um programa adequado", indica o ortopedista Alberto Gotfryd.

Segundo a reumatologista Ana Teresa Amoedo, o ideal é escolher exercícios que tenham um acompanhamento personalizado, mesmo que seja em grupo (de preferência pequeno), para não haver excessos nos exercícios ou movimentos errados que venham a piorar os sintomas das doenças reumáticas.

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