Suplementos praticamente inúteis? Esses 7 podem ser só perda de dinheiro
Fausto Fagioli Fonseca
Colaboração para VivaBem
16/09/2024 05h30
Essa cena é bem comum: a pessoa começa a frequentar a academia com regularidade, passa a ver alguns resultados e logo pensa em quais suplementos alimentares poderia investir para otimizar ainda mais seus ganhos. Se identificou?
Muitos suplementos do mercado de fato podem ser adicionados a uma rotina alimentar saudável (ou seja, você precisa se alimentar bem, viu?). Os populares whey protein e creatina, por exemplo, talvez sejam os mais usados e com benefícios comprovados.
A questão é que a indústria da suplementação depende da variedade de produtos para aumentar seus lucros e, por isso, acaba por criar alguns que são mais marketing do que realmente farão diferença nos ganhos ou na saúde geral.
Conversamos com especialistas que explicam por que essas opções provavelmente só vão te fazer gastar dinheiro.
1. Multivitamínicos
Multivitamínicos são muito usados com a expectativa de melhorar a saúde geral e a imunidade. "No entanto, pessoas que têm uma dieta equilibrada não precisam de todas as vitaminas e minerais contidos nesses suplementos", fala a nutricionista Thays Pomini.
Cada pessoa tem uma necessidade específica de vitaminas, de acordo com seu nível de atividade física e alimentação. Por isso essas opções genéricas podem te fazer investir em vitaminas que simplesmente não serão bem aproveitadas pelo seu corpo.
"O ideal é passar com um nutricionista e montar um plano alimentar", diz o nutricionista Alan Tiago Scaglione. "Caso esse plano não supra as necessidades, aí sim o nutricionista indica um polivitamínico manipulado, com as quantidades adequadas à sua necessidade."
2. Termogênicos à base de cafeína
Muitos suplementos vendidos no mercado como "termogênicos" ou até indicados como "pré-treino" têm como substância principal a cafeína —a mesma que você encontra na sua xícara de café de cada dia.
Em muitos casos pode ser muito mais barato aumentar a ingestão de café antes de treinar ou apenas investir em suplementos apenas feitos com cafeína (sem aquela propaganda toda atrás do nome "termogênico" ou "pré-treino" da embalagem).
"De fato existe muito marketing em cima desses termogênicos e isso não é uma garantia que você vai queimar mais calorias. Portanto, não recomendo usar esses suplementos e existem formas muito mais baratas de aumentar o metabolismo", explica médico Alex Meller.
3. Whey protein hidrolisado
O whey protein hidrolisado é uma proteína do soro do leite, assim como o whey protein concentrado (que é mais barato). A diferença é que o hidrolisado passou por um processo de hidrólise, quebrando as proteínas em fragmentos menores. Em teoria, isso facilita a digestão e a absorção rápida pelo corpo.
Essa vantagem é mais relevante para pessoas com problemas digestivos específicos. Para a maioria das pessoas, o whey protein concentrado é suficiente e mais econômico. Thays Pomini, nutricionista
4. "Aumentadores" de testosterona
Você já deve ter visto a promessa de "aumento de testosterona" associada a produtos como maca peruana e tribulus terrestris. Muitas vezes são usados estudos que "comprovam" a eficácia de ambos para esse fim.
"Porém, quando você olha esses estudos, o aumento de testosterona é marginal, é um aumento pequeno, e quase sempre ele vem associado à prática de exercício físico", fala o urologista Alex Meller.
"Então não vale a pena gastar dinheiro com isso, o que vale a pena de verdade é fazer atividade física, especialmente focada em hipertrofia muscular. Isso vai realmente estimular a maior produção de testosterona."
5. Colágeno
O colágeno é muito usado por quem busca melhorar a saúde da pele. De fato, essa substância, dentro do corpo, dá estrutura, firmeza e elasticidade à pele —e sua falta é associada à flacidez e ao aparecimento de rugas.
A questão é que o colágeno é um tipo de proteína e, como qualquer outra, precisa ser degradado em aminoácidos dentro do nosso corpo para ser absorvido e usado para suprir todas as necessidades do organismo.
Por isso, simplesmente tomar colágeno não vai garantir que ele será revertido para a sua pele. "Em resumo, a sua produção de colágeno aumenta se você aumentar o consumo de proteínas, independente de qual é essa fonte de proteína", explica o nutricionista Alan Tiago.
6. Arginina
A arginina é muito usada para melhorar a energia. "Mas o efeito da arginina para esse fim é muito pobre e os valores ou quantidades de arginina vendida em suplementação são muito abaixo do que muitos estudos costumam utilizar em animais", ressalta Alex Meller.
Por isso, é muito mais prático e barato investir em uma boa alimentação. "O consumo deste suplemento se equivale a alimentos como carnes em geral, leguminosas e nozes, por exemplo", indica a nutricionista Mariana Moretti.
7. Glutamina
Muitas pessoas usam glutamina para melhorar o sistema imunológico, já que este aminoácido serve como fonte de energia para as células imunes, especialmente linfócitos e macrófagos. Mas simplesmente tomar glutamina como suplemento não garante esse efeito.
"A glutamina também é processada e é degradada durante a absorção do trato gastrointestinal, então a sua formulação oral (em forma de suplemento) tem pouco efeito e não há comprovação clara que isso vai melhorar a imunidade", diz o médico.
Assim, é muito mais barato e produtivo investir em melhorar sua alimentação para melhorar a imunidade. "Invista no consumo de alimentos fontes de vitamina C, zinco, selênio, complexo B, assim como fibras e chás fitoterápicos", indica Mariana.
Fontes: Alan Tiago Scaglione, nutricionista da Estima Nutrição, especialista em suplementação nutricional aplicada ao exercício pela USP; Alex Meller, urologista, professor da Unifesp e membro do corpo clínico do Hospital Vila Nova Star (SP); Mariana Moretti, nutricionista funcional integrativa e fitoterapia funcional da clínica Mantelli. Graduada pela PUC-Campinas, pós-graduada em nutrição clínica pela Unifesp e especialista em fitoterapia funcional pela Unicsul; e Thays Pomini, nutricionista pós-graduada em nutrição estética e esportiva, em nutrição fitoterápica e em genética e epigenética.