Não é só sedentarismo e má alimentação: veja outras 7 causas de obesidade
A obesidade é uma das doenças crônicas mais comuns, que ocorre quando o IMC (Índice de Massa Corporal) está acima de 30. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 650 milhões de pessoas ao redor do mundo têm o problema.
Quando falamos no assunto, a má alimentação e a inatividade física costumam ser vistas por muita gente como as únicas causa do ganho de peso. Mas, embora o balanço calórico seja importante para evitar o acúmulo de gordura corporal, a doença também envolve outros fatores.
Genética, questões hormonais, aspectos comportamentais e até condições socioeconômicas estão associadas à obesidade, como mostra uma pesquisa feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
"Ao comparar indivíduos com peso normal e com sobrepeso, não houve diferenças estatisticamente significantes no consumo calórico, com uma diferença média de 5 calorias. Contudo, o estilo de vida e modo de trabalho, bem como o fato de um indivíduo residir em zonas urbanas, aumentam a probabilidade de excesso de peso", afirma Marcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo e coordenador do estudo.
Abaixo, apresentamos causas de obesidade que vão além da alimentação e do sedentarismo.
Genética
Nosso DNA desempenha um papel importante na predisposição ao ganho de peso. "Algumas condições genéticas, como a síndrome de Prader-Willi e Bardet-Biedel, estão associadas à obesidade grave e precoce", explica Renata Midori Hirosawa, endocrinologista pela Unesp e médica do Instituto Sallet.
Mesmo na "obesidade comum", não atrelada às síndromes citadas, há uma herança poligênica significativa.
"O risco de obesidade é de 80% quando os pais são obesos", acrescenta Hirosawa.
Questões hormonais
Além das síndromes genéticas, algumas disfunções hormonais aumentam o risco de ter obesidade. Condições como a síndrome de Cushing, que se caracteriza por níveis elevados de cortisol, podem levar ao ganho de peso significativo. Isso porque o cortisol elevado aumenta o nível de açúcar no sangue e, consequentemente, a produção de insulina —hormônio responsável pelo acúmulo de gordura corporal.
A redução no nível de testosterona também pode estar associada ao ganho de peso, pois reduz o metabolismo e a disposição física.
O hipotireoidismo —diminuição na produção dos hormônios da tireoide— é outra alteração que deixa o metabolismo mais lento e pode favorecer a obesidade.
Aspectos comportamentais e psicológicos
Para o nutrólogo Jô Furlan, especialista em medicina comportamental pela Unifesp, a obesidade está profundamente ligada a fatores comportamentais e emocionais. "Quando a comida é a principal fonte de prazer da pessoa, pode desencadear um ciclo de compulsão alimentar e obesidade", afirma.
Além disso, muitas pessoas acabam usando a comida —geralmente pouco saudável, como doces e fast-food— para compensar sentimentos ruins cada vez mais presentes no nosso dia a dia, como estresse, ansiedade, tristeza.
Por isso, no tratamento da obesidade muitas vezes é indicado a busca por um acompanhamento multidisciplinar, com suporte psicológico e de um psiquiatra.
Medicamentos
O uso contínuo de certos remédios pode impactar negativamente o peso corporal. Segundo Furlan, medicamentos utilizados para tratar depressão, psicose e epilepsia, por exemplo, podem aumentar o apetite, reduzir o gasto energético ou alterar o metabolismo, aumentando o acúmulo de gordura.
Obviamente, você não deve interromper o uso de nenhum medicamento só porque desconfia que ele seja a causa do seu ganho de peso. O ideal é buscar orientação médica.
Disruptores endócrinos
Agrotóxicos e substâncias químicas presentes em embalagens de plástico, produtos de higiene e até alimentos são capazes de alterar ou reprogramar nosso sistema endócrino, interferindo na produção hormonal e no metabolismo. Isso pode resultar em ganho de peso e obesidade.
Estilo de vida
Nosso modo de vida tem contribuído cada vez mais para o aumento das taxas de obesidade. Passamos horas na cadeira; nos deslocamos muito de carro e pouco a pé; e usamos o elevador para tudo. Essa falta de atividade física faz com que o corpo gaste pouca energia no dia a dia.
Além disso, vivemos estressados e dormimos mal, o que aumenta o nível de cortisol no organismo —como você viu, isso pode levar ao ganho de peso.
"Mudanças sociocomportamentais, como a diminuição do número de refeições realizadas em casa e o aumento do tamanho das porções nas redes de fast-food também contribuem no aumento da obesidade", destaca Hirosawa.
Ambiente
Os locais em que vivemos favorecem escolhas alimentares ruins. Em toda esquina há uma loja vendendo chocolates, coxinha, salgadinhos e comida ultraprocessada. Também temos a "facilidade" de pedir fast-food sentados no sofá —e rapidamente a comida chega na nossa porta.
Em muitas cidades não há espaços públicos para a prática de atividade física e, por causa da violência, as pessoas têm medo de sair para caminhar.
O profissional de educação física Tauan Gomes explica que a falta de atividade física reduz a capacidade do corpo de usar a gordura como fonte de energia e pode levar à atrofia muscular, o que pode resultar em problemas de saúde graves, como obesidade, resistência à insulina e diabetes.
"Não à toa, a prática de exercícios tem sido considerada tratamento de primeira linha em diversas doenças crônicas, tais como diabetes do tipo 2, hipertensão arterial, osteoartrite, osteoporose, obesidade, câncer etc.", ressalta o especialista.
Tratamento
Por ser um problema complexo e com várias causas, o diagnóstico e tratamento da obesidade deve ser feito por um médico. Muitas vezes, o paciente precisa de uma acompanhamento com diferentes profissionais de saúde, como nutricionista, profissional de educação física, psicólogo, psiquiatra e médico.
Outra fonte consultada: Dilina do Nascimento Marreiro, nutricionista e parceira do International Life Sciences Institute (Ilsi).
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