Boca Rosa tem cê-cê que 'nem banho resolve'; spray antisséptico é solução?
A influenciadora Bianca Andrade, conhecida como Boca Rosa, falou na internet que sofre com o mau cheiro causado pelo suor, mesmo que tome banho e use desodorante. "Eu sou legal, tomo banho, mas tenho cecê", disse em um vídeo.
Na sequência, as redes sociais foram inundadas por pessoas dizendo que sofrem com a mesma questão —e que resolveram usando spray antisséptico. Será que funciona?
De onde vem o cecê?
O odor nas axilas, pés (famoso chulé), na virilha e em outras regiões do corpo é normal. Mas quando esse mau cheiro se torna excessivo e começa a causar constrangimento, é sinal de que pode ser a bromidrose —uma condição na qual o suor vem acompanhado de um odor mais forte e desagradável.
A bromidrose acontece quando bactérias e fungos que já temos naturalmente na pele se proliferam de forma descontrolada, alterando a microbiota. Não está claro se esse é o problema de Boca Rosa.
O suor é composto por água com microrganismo. Algumas áreas, como axila e virilha, tem uma grande proliferação de fungos e bactérias, que são normais para a nossa pele. E o contato com eles causa mau cheiro.
Elisete Crocco, dermatologista e coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologista
O papel do spray
Como a função do spray antisséptico é matar esses microrganismos ele pode, sim, funcionar nas primeiras usadas. Mas está longe de resolver o problema. Pelo contrário, pode trazer mais consequências além do mau cheiro para a pele.
Eles podem diminuir o odor da transpiração e são usados em alguns tratamentos, mas associados a remédios, como antibióticos. Contudo, essas áreas como virilha e axila são favoráveis a dermatites de contato, então é necessário tomar cuidado com esse produto.
Fabiane Mulinari Brenner, dermatologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Tratamentos para bromidrose precisam ser feitos com remédios receitados por médicos, e não por conta própria. "É necessário o uso de medicamentos que ajudem na descolonização desses microrganismos. O spray antisséptico é algo superficial", explica a dermatologista Anne Amaral, da Afya Educação Médica, em Manaus.
Há consequências a longo prazo de tratamentos feitos por conta própria. "Em um primeiro momento o cheiro vai diminuir com o antisséptico, depois ele apenas atacará algumas bactérias. Isso torna o problema mais difícil de se tratar", diz Crocco.
A especialista explica que os tratamentos precisam de um tempo determinado para acontecer, com começo, meio e fim. "O uso desenfreado pode causar outras infecções, já que bactérias importantes para a pele estão sendo mortas", diz Crocco.