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Eletrocardiograma poderá ser feito em casa; como vai funcionar?

Exame avalia saúde do coração e ajuda a diagnosticar distúrbios Imagem: Unsplash

Janaína Silva

Colaboração para VivaBem

20/09/2024 05h30

O eletrocardiograma (ECG) é um exame que avalia a saúde do coração e pode diagnosticar uma série de distúrbios como arritmias. Em geral feito em consultórios ou clínicas, o exame também poderá ser realizado em casa.

Um aparelho portátil, que ficará à venda nas farmácias brasileiras, está sendo lançado nesta sexta-feira (20) no Congresso Brasileiro de Cardiologia.

A tecnologia, desenvolvida pela multinacional japonesa Omron Healthcare com nome comercial Complete, permite o registro de resultados e também mede a pressão arterial. Os dados saem em 30 segundos.

Especialistas ouvidos por VivaBem destacam a possibilidade de usar o aparelho para acompanhar condições, como arritmias, mas fazem a ressalva de que é preciso a interpretação dos valores por um profissional.

"Este exame, que tem mais de 120 anos de existência, ainda é extremamente útil e atual. No entanto, exige a interpretação feita por um profissional porque existe uma série de nuances e detalhes", diz Marcelo Leitão, cardiologista, especialista em medicina do exercício de esporte e diretor científico da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício de Esporte).

"Não é fácil para o leigo entender as variáveis expostas no ECG e suas correlações clínicas", afirma Brivaldo Markman Filho, professor titular de cardiologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e chefe do serviço de cardiologia do Hospital das Clínicas da UFPE, vinculado à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

A medição sistemática, no entanto, pode ajudar no rastreamento da arritmia atrial em pessoas que ainda não tem o diagnóstico e o acompanhamento da arritmia, quando já há o diagnóstico, segundo Weimar Barroso, presidente da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).

Com isso, há chance de aumentar a adesão aos tratamentos, que incluem medicações, como anticoagulante, e o controle da frequência cardíaca.

Esses aparelhos portáteis permitem obter um número maior de registros e informações. Muitas vezes, a pessoa que tem uma queixa de palpitação faz o eletrocardiograma no consultório e não apresenta nada naquele momento. Ela pode até fazer outro exame, o holter, que monitora os batimentos por mais tempo e também não aparecer nada. Com o auxílio do dispositivo portátil, a pessoa faz o registro no momento em que sente a palpitação para, assim, identificar eventual arritmia, possibilitando o diagnóstico e um tratamento mais apropriado.
Marcelo Leitão, diretor científico da SBEE

Equipamento portátil realiza eletrocardiograma e mede pressão arterial Imagem: Divulgação

Como usar?

  • Os cuidados para a medição são mais sucintos se comparados aos de aparelhos portáteis que aferem a pressão arterial.
  • A pessoa deve estar de repouso por pelo menos 1 ou 2 minutos.
  • É preciso sentar-se e apoiar os dois braços sobre a mesa.
  • Coloca-se a braçadeira no braço esquerdo e posicionam-se os dedos nas placas que ficam no aparelho.
  • O aparelho tem um apoio para inserir o smartphone a fim de registrar o exame.
  • As mãos não podem ficar suspensas para não tremerem e não afetar a medição.

Cuidados com a fibrilação

Entre as condições que podem ser acompanhadas pelo ECG está a fibrilação atrial, uma arritmia que ocorre nos átrios, localizados na parte superior do coração, e faz com que o órgão bata em uma frequência muito alta, entre 300 e 400 vezes por minuto.

Dados do estudo Ritmo, divulgado nesta semana pela SBC, mostram que 13,7% de idosos assintomáticos e com hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca tiveram episódios de fibrilação atrial, no Brasil.

A pesquisa foi feita de maio a dezembro de 2023 com 408 pacientes, por meio da realização de eletrocardiograma três vezes ao dia, durante 7 dias consecutivos.

Entre os fatores de risco para a arritmia estão:

  • Envelhecimento
  • Hipertensão arterial
  • Doenças valvares, problemas nas válvulas do coração
  • Doenças coronárias em pessoas que já tiveram infarto, colocaram stent ou fizeram angioplastia
  • Insuficiência cardíaca
  • Obesidade
  • Tabagismo
  • Distúrbios do sono, como a apneia do sono

Quando não tratada e diagnosticada em tempo hábil, a fibrilação atrial aumenta em cinco vezes os riscos de um AVC (acidente vascular cerebral), doença que ocupa a segunda posição no ranking de mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil, conforme os indicadores das Estatísticas Cardiovasculares da SBC.

O coração bate tão rápido que fica só tremendo e, assim, pode formar um coágulo que, ao se desprender, pode ir para qualquer parte do organismo, como o cérebro, provocando o AVC, uma complicação que compromete a qualidade de vida da pessoa, com, muitas vezes, danos à saúde e aos aspectos sociais e econômicos.
Weimar Barroso, presidente da SBC

A fibrilação atrial é subdiagnosticada, principalmente em pacientes assintomáticos. Mas, quando a condição é identificada com antecedência, estabelecem-se estratégias adequadas de tratamento.

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