Má impressão: gestos que podem estar sabotando sua imagem sem você perceber
A linguagem corporal é um meio de comunicação não verbal, em que o corpo "fala" por meio de gestos, expressões faciais, posturas e movimentos. É uma das formas mais antigas e significativas de comunicação humana, antecedendo a linguagem verbal, e pode transmitir uma vasta gama de informações, desde emoções e intenções até atitudes e estados de espírito.
Além disso, a linguagem corporal frequentemente ocorre de forma inconsciente, o que significa que as pessoas podem enviar sinais sem se dar conta.
Isso faz com que a habilidade de interpretar esses sinais seja extremamente valiosa em várias situações, como entrevistas de emprego, negociações, interações sociais e até mesmo para evitar más primeiras impressões, ou seja, percepções negativas que alguém pode formar sobre outra pessoa.
Atitudes corporais podem revelar muito sobre uma pessoa, sugerindo, em algumas situações, mesmo que de forma equivocada, defensividade, desinteresse, falta de confiança ou sinceridade e descontentamento.
Portanto, para evitar que os outros façam uma leitura negativa a seu respeito, é importante prestar atenção à maneira como você se apresenta e se comporta evitando os seguintes comportamentos:
Cruzar braços: em conversas sinaliza várias coisas, a depender do contexto. Pode denotar que a pessoa não está interessada no que a outra parte diz ou está entediada. Ou se sente desconfortável e resistente em aceitar uma ideia ou opinião apresentada. Mas, às vezes, esse comportamento, para quem o faz, pode ser apenas uma forma de autoproteção, especialmente quando se sente inseguro.
Desviar olhar: muitas vezes, não olhar no rosto ou nos olhos de outra pessoa pode ser interpretado como insegurança, ou timidez, o que geralmente é o que de fato está por trás. Desviar o olhar pode ajudar a pessoa a se concentrar melhor no que está dizendo ou pensando. Porém há quem assimile essa atitude como falta de honestidade, falsidade, inimizade ou desconfiança.
Manter-se encurvado: não intencionalmente acaba transmitindo falta de confiança, baixa autoestima e até desleixo. Manter costas e ombros encurvados e pescoço projetado para frente também pode ser associado a problemas de saúde, ou de que o sujeito está cansado, desmotivado. No âmbito profissional, uma postura assim acaba refletindo falta de engajamento, autoridade e liderança.
Apertar mão com força: um aperto de mão excessivamente vigoroso pode ser simplesmente um sinal de confiança ou empolgação, mas, em geral, acaba assimilado como uma tentativa de demonstrar controle ou dominância. Alguns associam até a um comportamento machista. Isso pode fazer com que a outra pessoa se sinta desconfortável ou intimidada, ainda mais num primeiro contato.
Mexer-se sem parar: movimentos inquietos, como balançar os braços, apertar as próprias mãos ou a pele, se coçar, ou tocar excessivamente em objetos, podem transmitir várias mensagens: ansiedade, desconforto, insegurança, falta de atenção ou tédio. Esses comportamentos são formas de aliviar as tensões emocionais, mas podem prejudicar a comunicação e os relacionamentos.
Franzir testa: às vezes, essa expressão pode simplesmente indicar que alguém está se concentrando intensamente, tentando entender ou processar informações novas. No entanto, esse gesto também pode ser interpretado como sinal de discordância, aborrecimento ou desaprovação durante um diálogo. Quando acompanhado de braços cruzados, pode sugerir raiva, tensão ou impaciência.
Empinar queixo: ou manter o "nariz em pé" é uma atitude que demonstra autoconfiança e determinação, mas pode ser vista de forma controversa. Muitos interpretam esse gesto como arrogância ou superioridade, sugerindo que o sujeito se considera melhor que os outros. Em discussões, pode indicar resistência, provocação ou preparação para enfrentar ou confrontar alguém.
Levantar sobrancelha: um rápido levantamento de sobrancelhas geralmente indica surpresa ou espanto. Também pode mostrar interesse ou atenção ao que está sendo dito. Por outro lado, pode sinalizar incredulidade, desprezo ou desconfiança em relação a algo dito ou a alguém, especialmente quando se levanta apenas uma sobrancelha ou se avalia o interlocutor de cima a baixo.
Sorrir sem mostrar dentes: sorrir é um ato de afeto e gentileza. Porém, sem mostrar os dentes, sobretudo em situações descontraídas, pode parecer algo falso, uma tentativa forçada para parecer simpático. Em formalidades, esse tipo de sorriso expressa um sentimento positivo e receptivo, mas de forma mais contida, demonstrando educação sem parecer excessivamente entusiasmado.
Apontar dedo: pode ter vários significados, a depender do contexto. Em direção ao rosto do interlocutor, principalmente, é visto como um gesto de acusação ou ameaça. Quando alguém aponta o dedo indicador com a mão fechada, pode estar tentando impor sua autoridade ou controle sobre a situação. Essa atitude é frequentemente associada a críticas e momentos de conflitos e agressividade.
Como adotar uma postura aberta e amigável
O primeiro passo é ficar atento a sua linguagem corporal. Peça feedback a amigos ou colegas de confiança, eles podem oferecer insights valiosos sobre como você é percebido e sugerir ajustes.
Hábitos relacionados a questões emocionais (como estresse ou ansiedade) podem ser solucionados ou reduzidos com psicoterapia ou técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação.
Algumas dicas complementares:
Tente manter uma postura aberta, com os braços ao lado do corpo ou gesticulando de forma natural. Isso pode ajudar a transmitir uma imagem mais acessível e receptiva. Se você se sentir desconfortável com os braços soltos, tente segurar um objeto leve, como uma caneta ou um bloco de notas.
Se olhar diretamente nos olhos for difícil, tente focar em um ponto próximo, como a sobrancelha ou o nariz do interlocutor. Use um espelho para praticar o contato visual ou peça a alguém íntimo para te ajudar a treinar.
Pessoas com uma postura ereta tendem a ser vistas como mais confiantes e assertivas. Para não ficar encurvado, fortaleça os músculos das costas.
Antes de apertar a mão de alguém, lembre-se de controlar a força. Pense em um aperto de mão firme, mas não esmagador. Imagine-se segurando algo delicado, mas não aperte muito leve, para não demonstrar nojo ou obrigatoriedade no gesto.
Se possível, faça pequenas pausas para se movimentar antes de conversas importantes. Isso pode ajudar a liberar a energia acumulada e diminuir sua inquietação, concentrando-se no que a outra pessoa está dizendo.
Quando perceber que está franzindo a testa, relaxe os músculos faciais. Massagear a área entre as sobrancelhas pode ajudar a aliviar a tensão.
Para evitar a impressão de queixo e nariz empinados, mantenha a cabeça alinhada com a coluna, olhe de vez em quando para o lado, faça perguntas demonstrando interesse e participe da conversa de maneira equilibrada.
A fim de controlar o levantar excessivo das sobrancelhas, se observe no espelho ou grave vídeos de si mesmo falando para identificar quando e em quais assuntos você as ergue. Exercícios de relaxamento, como fechar os olhos e respirar profundamente, ajudam a manter uma expressão neutra.
Se não consegue sorrir mostrando os dentes, lembre-se de um momento prazeroso ou engraçado, isso ajuda a trazer um sorriso mais genuíno e natural. Manter os dentes limpos e saudáveis pode aumentar a confiança.
Em vez de apontar o dedo para enfatizar assuntos, faça gestos com as palmas das mãos abertas, ou as mova em círculos, que são vistos como mais amigáveis e descontraídos.
Fontes: Landerson Martins, professor do curso de psicologia do Unipê (Centro Universitário de João Pessoa); Lidia Maria Guerra Brito, psicóloga especializada em terapia cognitiva-comportamental pela USP; e Leide Batista, psicóloga com experiência pelo Hospital da Cidade, em Salvador.
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