Esgotamento mental: 10 sinais preocupantes para você ficar alerta
Assim como o corpo, o cérebro também se cansa. Quando não respeitamos sua recuperação — ou seja, relaxamos, regularizamos o sono, tiramos um tempo para nós —, o desfecho é sofrer um esgotamento, ou uma exaustão mental.
São vários os fatores que predispõem essa sensação e que podem estar combinados:
- Excesso de trabalho e uso de telas
- Pressão para cumprir prazos
- Conflitos interpessoais
- Isolamento social
- Privação de descanso, lazer e contato com a natureza
- Falta de atividade física regular
- Falta de autoconhecimento
- Falta de rotina bem estabelecida
- Consumo de álcool, cigarro, drogas estimulantes
- Noites mal dormidas
Como consequência, esses apontamentos ruins repercutem em uma série de sintomas, alertas de que há algo errado conosco, não só no físico, como com nosso equilíbrio psicoemocional.
A seguir, veja 10 deles, que se não controlados podem evoluir para exaustão e quadros bem mais complicados, como estresse, ansiedade, vícios, depressão e até burnout:
1. Irritabilidade: Sobrecarregado, o cérebro tem diferentes regiões afetadas, responsáveis por emoções, comportamentos sociais, planejamento de ações e movimentos, concentração, e isso pode gerar como resposta involuntária a irritabilidade. Esse sintoma consiste na falta de tolerância a incômodos, e pode levar a raiva, agressividade, discussões e brigas com maior frequência.
2. Falta de concentração: Existem pessoas que quando treinadas ou fazem algo com muita frequência conseguem dividir a atenção entre várias tarefas simultâneas. Mas, sabe-se que o ser humano por natureza foca, direciona os sentidos e a memória e se sai realmente bem em apenas uma única atividade por vez. Do contrário, é desatenção na certa, o que também prejudica produção, prazos e escolhas.
3. Desânimo persistente: Sem energia e com afazeres que só se acumulam, principalmente de nível intelectual avançado ou muito demorados, a tendência é se sentir cada vez mais lentificado e entediado, o que pode dificultar a conclusão de atividades diárias e o início de novos projetos. Se não for combatido, o desânimo ainda pode levar à desesperança, falta de prazer na vida e predispor uma depressão.
4. Lapsos de memória: Com a ativação de múltiplas zonas cerebrais por excesso de informações, a perda de memória se manifesta. A pessoa apresenta dificuldade em se lembrar de palavras, nomes, tarefas e fatos recentes, ou então nem chega a fabricar lembranças por estar desatenta. Sabe-se que a longo prazo, o excesso de hormônio cortisol ainda reduz as funções cognitivas e o volume do cérebro.
5. Oscilação de humor: Não desacelerar e viver somente em função de responsabilidades profissionais, financeiras e familiares torna o sujeito propenso à instabilidade emocional. Ele pode se irritar e agir com intolerância e impaciência em determinados momentos e pouco depois ficar extremamente sensível, ou desanimado, angustiado, triste e até ter crises de choro sem motivos aparentes.
6. Baixa produtividade: Quem não está bem consigo não dá o seu melhor, por mais que deseje. Se o rendimento no trabalho é afetado, podem ficar ameaçados ganhos financeiros, carreira, projetos para o futuro e relacionamentos. Demitida, a pessoa pode se sentir ainda mais desmotivada, sem valor e enfrentar dificuldades para se reinventar, procurar emprego e se realocar profissionalmente.
7. Estado de descuido: Quando a exaustão mental leva a frustração, negativismo, não pertencimento e baixa autoestima, pode acarretar em falta de cuidados pessoais e de disposição para sair da cama. Não cuidar de si externamente também acaba indicando desleixo com as próprias emoções, que nessa situação deveriam ser expostas e trabalhadas com profissionais de saúde mental.
8. Dores musculoesqueléticas: Alterações psicoemocionais podem afetar o físico com tensões, contraturas, dores nas costas e musculares, deformidades posturais e fraqueza. Frequentes, são sinais para que se tenha mais atenção ao organismo, qualidade de vida, bem-estar social e psicológico. Quando presentes ansiedade e depressão, o tratamento deve ser feito com uso de medicamentos e psicoterapia.
9. Adoecimento frequente: Alguns indivíduos esgotados mentalmente podem apresentar doenças ou sintomas sem causa aparente, psicossomáticos, ou seja, provocados por excesso de emoções e pensamentos conflitantes, pela forma como se relacionam com o seu meio. São exemplos: insônia, alergias, gastrite, diarreia, taquicardia, pressão alta, inflamação respiratória, perda de peso e enxaqueca.
10. Falta de desejo sexual: Em um momento de vida com muitos estudos, trabalho, filhos pequenos, mudança física ou até cuidados a um parente doente, pode ocorrer uma diminuição drástica de libido e vontade de se doar afetivamente para o outro. Essa perda conjunta de interesse acaba comprometendo relacionamentos e se muito fragilizada a pessoa pode até aceitar abusos e maus-tratos alheios.
Fontes: Gabriela Luxo, psicóloga, mestre e doutora em distúrbios do desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e fundadora da clínica Diálogo Positivo (SP); Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista); e Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião com especialização pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).
*Com informações de reportagem publicada em 09/11/2023
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