'Espero um dia poder dizer que temos um baixo risco de morrer de câncer'

Com os avanços no tratamento e no diagnóstico precoce de tumores, cada vez mais pessoas vivem bem e por anos após descobrir um câncer.

Nos EUA, por exemplo, nas últimas três década houve uma redução de 33% no índice de mortes causadas por neoplasias —o que, de acordo com relatório da American Cancer Society, representa cerca de 3,8 milhões de mortes evitadas.

No entanto, o câncer ainda é a segunda doença que mais mata no mundo, segundo a Opas (Organização Pan-americana da Saúde). Por isso, cientistas, governos e empresas farmacêuticas seguem investindo em pesquisas para descobrir novas formas de combater o problema.

"Tivemos muitos progressos no tratamento. Novos medicamentos estão nos movendo rapidamente para uma era em que as pessoas têm muitos anos de vida após um câncer e o risco de recorrência da doença é menor", afirmou Eliav Barr, chefe de desenvolvimento clínico global, diretor médico e vice-presidente sênior da farmacêutica MSD (Merck Sharp & Dohme).

"Mas ainda há muito trabalho para chegarmos no objetivo de tornar o câncer uma doença crônica que não mata tanto", afirmou o médico e pesquisador em conversa exclusiva com VivaBem, durante o Seminário Latino Americano de Jornalismo em Saúde, realizado no mês de agosto, na Cidade do México*.

Para o cientista, alguns dos principais desafios são obter mais medicamentos e novas terapias que garantam que pacientes submetidos a cirurgias para retirar um câncer não vejam a doença reaparecer, além de tratamentos capazes de aumentar a expectativa de vida de pessoas nas quais o tumor já se espalhou pelo corpo.

"Temos centenas de ensaios clínicos em andamento e acho que o futuro será positivo. Acredito que encontraremos medicamentos que vão prolongar a vida das pessoas. Tenho esperança de que em algum momento poderemos realmente dizer que as pessoas terão um risco muito baixo de morrer de câncer", declarou Barr.

Foco das pesquisas

O diretor médico da MSD explicou os principais objetivos de algumas das terapias que vêm sendo estudadas.

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Melhorar a nossa resposta imunológica ao câncer

"O tumor é um objeto estranho [em nosso organismo], não é normal. Mas o corpo tem dificuldade em entender que isso é algo que deve ser eliminado. Em uma parte dos nossos ensaios, analisamos o câncer de cada paciente individualmente, para ver onde estão as anomalias, e treinamos o sistema imunológico para atacar as células cancerosas."

Compreender melhor por que as células cancerosas crescem tão rapidamente e de forma tão anormal

"Muitas vezes, isso ocorre porque um dos genes que controlam as proteínas que fazem as células se replicarem está quebrado. O tumor é como um carro que está indo muito rápido pois o pedal do acelerador está preso, então precisamos encontrar maneiras de freá-lo. Impedir que as células cancerosas cresçam anormalmente."

Melhorar o foco da quimioterapia

Barr explicou também que algumas pesquisas visam afinar o foco dos medicamentos usados na quimioterapia, que "envenenam as células cancerosas", mas também outras células saudáveis. "Temos tratamentos que permanecem e destroem células apenas no tumor, e não no resto do corpo."

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O médico ressaltou ainda que o Brasil é um país muito importante para a área de pesquisas da MSD, pois conta com bons centros de tratamentos. Com isso, muitos pacientes brasileiros têm a oportunidade de participar dos ensaios clínicos e receber tratamentos inovadores.

*O jornalista viajou a convite da MSD

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