Por que certas memórias duram horas e outras toda vida? Veja como se formam

Formadas, arquivadas e descartadas pelo cérebro, em uma rede de neurônios extremamente complexa, as memórias são essenciais para ações desde a aprendizagem até a capacidade de criar vínculos afetivos.

Para entender como a memória é "guardada" dentro do cérebro, um dos mais complexos órgãos do corpo humano, é necessário pensá-lo como uma rede. Os locais exatos de armazenamento ainda são um mistério para os pesquisadores, mas alguns mecanismos principais são conhecidos da ciência.

Se a memória fosse uma universidade, o hipocampo [estrutura neurológica que participa fortemente nos processos de emoção, aprendizado e memória] seria a reitoria, que é responsável pelo gerenciamento das coisas. Viviane Louro, neurocientista e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

O hipocampo é uma pequena estrutura que gerencia as memórias. Mas as memórias em si ficam armazenadas em diferentes áreas do cérebro, incluindo o córtex (camada externa) e regiões mais profundas (subcórtex), dependendo do tipo de lembrança.

É o hipocampo quem "decide" o que é importante ser memorizado e onde essa informação irá ficar armazenada no cérebro.

"Além disso, a estrutura tem um papel muito importante na recuperação das memórias. Quando nos recordamos de algo, significa que foi o hipocampo que fez com que a informação armazenada voltasse e fosse lembrada, por isso dizemos que ele gerencia as memórias", explica a professora.

Fatores externos também influenciam

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Imagem: Antonio Suarez Vega/Getty Images/iStockphoto

Toda a atividade cerebral é fundamentada por uma figura-chave na arquitetura do cérebro, que é o neurônio.

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O que vai definir a capacidade de estocagem de informação é, primeiro, onde estão os neurônios. Depois, é a maneira com que os neurônios estão organizados e a quais outros neurônios estão interligados. Há também fatores genéticos que influenciam nessa arquitetura do cérebro e diferem, de forma individual, uma memória da outra Leonardo Cruz, neurologista e professor de clínica médica da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O desenvolvimento do cérebro de uma pessoa começa na gestação, continua na infância e na adolescência e tem sua maturação biológica aos 22 anos.

Fatores externos influenciam, tais como escolaridade, contato social e estímulos musicais, esportivos e linguísticos. Todos funcionam como os traços que, aos poucos, formam um mapa único — sua memória, desenhada em um cérebro complexamente organizado por todas as suas experiências.

Os diferentes tipos de memórias

De curto prazo

Duram apenas de três a seis horas. Entre elas, existem os seguintes tipos:

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  • Imediatas: Guardam informações por um tempo curto, como um número de telefone que acabou de ser dito ou o nome de alguém a quem você foi apresentado no momento.
  • De trabalho: Armazena temporariamente informação para realizar tarefas cognitivas, como a leitura, o entendimento da linguagem de outra pessoa, a aprendizagem ou o raciocínio.

De longa duração

Podem durar dias, anos ou para o resto da vida. Entre elas, existem:

  • Episódicas: São aquelas que têm uma referência pessoal, como o dia em que alguém conheceu sua esposa/seu marido, o gosto de uma boa comida que comeu ou detalhes de uma festa de formatura.
  • Semânticas: São as informações do mundo que adquirimos durante a vida, por exemplo, saber que o sinal vermelho indica que você pare, lembrar como falar palavras em um idioma no qual você não é nativo ou que a capital do Japão é Tóquio.
  • Não declarativas: São memórias que não podem ser contadas ou ensinadas oralmente, como a motora, que retém informações sobre como andar ou falar. É ancorada em um sistema duradouro, o que faz com que as informações só se percam muito tardiamente ou fiquem até o fim da vida.

*Com informações de reportagem publicada em 29/07/2021

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