Verifica várias vezes se fechou a porta ou esqueceu as chaves? Pode ser TOC

Lavar as mãos o tempo todo com medo de contaminação, verificar constantemente se a luz está apagada ou se esqueceu de fechar a porta, ficar nervoso quando os talheres na mesa não estão alinhados. Esses são apenas alguns dos rituais relacionados ao TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), distúrbio que ficou associado a um conjunto de manias, mas que vai muito além.

O transtorno é caracterizado pela presença de obsessões (pensamentos, ideias ou imagens repetitivas, indesejáveis e angustiantes) e compulsões (comportamentos repetitivos ou rituais mentais destinados a reduzir o sofrimento provocado por obsessões).

A psicóloga Nívea Mello informa que, há alguns anos, para uma pessoa ser diagnosticada com TOC, ela teria que ter a obsessão e a compulsão. Mas com a nova versão dessas normas diagnósticas, basta que ela tenha pensamentos obsessivos. Ainda assim, ela explica que é comum que essa obsessão desencadeie atos compulsivos.

"Geralmente a pessoa tem rituais somente mentais, não são manias visíveis para os outros", diz. A psicóloga explica também que os pensamentos obsessivos criam uma discussão mental, em que a pessoa tenta argumentar com eles e até sente um alívio, mas depois o pensamento e a angústia voltam. Segundo Mello, esse modo de pensar é bem diferente de uma preocupação normal, em que uma pessoa se incomoda, vê quais são as evidências de que aquilo seja real e, caso não for, simplesmente passa a ignorar.

Pensamentos desse tipo podem acontecer, mas se você souber lidar bem com eles, não representa um transtorno. Agora, se impactar o cotidiano de alguma forma, tomando muito tempo e ocasionando atrasos em compromissos, aí sim tem que ser tratado com especialistas. Rogério Panizzuti, médico e neurocientista especializado em psiquiatria

Mello ainda diz que há vários tipos de TOC. O de relacionamento, por exemplo, tem como característica os pensamentos obsessivos indesejados e angustiantes em relação à força, qualidade e verdadeira natureza do amor pelo parceiro. São dúvidas como se eles realmente combinam, se ele o ama o suficiente ou se não o ama. É uma busca por uma certeza absoluta.

Além disso, o TOC pode se relacionar a outras situações, como doenças (quando o paciente cisma que tem algum problema de saúde específico), trabalho e até religião.

Como funciona o tratamento?

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Imagem: iStock
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Panizzutti informa que o TOC pode vir associado à depressão e outros distúrbios, como o transtorno de ansiedade generalizado. Ele enfatiza que existem também fatores genéticos e gradações que podem medir esse distúrbio.

Se for leve, o paciente pode resolver com terapia, mas quando passa para a esfera de moderado a grave, o indicado é a combinação de psicologia e medicamentos. Os medicamentos mais usados são os inibidores seletivos da receptação da serotonina, como o famoso Prozac, mas existem outros antidepressivos mais específicos e os antipsicóticos também vem sendo utilizados.

*Com informações de reportagens publicadas em 14/02/2020 e 22/05/2022

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