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Café descafeinado é realmente livre de cafeína? Criança pode tomar?

Imagem: Getty Images/iStockphoto

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

03/10/2024 05h30

O café descafeinado difere do café comum pela quantidade de cafeína presente. Uma xícara de café descafeinado possui de 2 mg a 3 mg de cafeína, enquanto o tradicional tem aproximadamente 95 mg de cafeína. "É removida 97% da cafeína, mas ainda pode haver algum resquício dela no café descafeinado", informa Larissa Rocha, nutricionista clínica e esportiva da clínica Estima Nutrição (SP).

Esse processo de remoção da cafeína pode ser feito de várias maneiras, incluindo o uso de solventes orgânicos ou água, e cada método pode impactar ligeiramente o sabor, a textura e o aroma do café. "Mas não muda muito, é praticamente igual ao café tradicional e isso vale para antioxidantes e nutrientes", acrescenta Rocha. Mas, com o processo de torra, ambos os tipos perdem alguns compostos.

Sobre os impactos na saúde, a variação entre os dois tipos de café é mais evidente:

Enquanto o café comum pode ser mais propenso a causar problemas como refluxo e gastrite, devido à maior quantidade de cafeína, o descafeinado é geralmente uma opção melhor para pessoas sensíveis à substância ou que sofrem de problemas gástricos, pois é menos irritativo.

A redução da cafeína ainda pode ser positiva para quem sofre de taquicardia, hipertensão e outras doenças do coração, reduzindo os efeitos estimulantes que aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial.

Além disso, o café descafeinado mantém compostos bioativos com propriedades protetoras e anti-inflamatórias, como os polifenóis, que beneficiam a saúde cardiovascular.

"Ainda oferece proteção contra diabetes tipo 2 (devido ao ácido clorogênico, que melhora a função da insulina e regula os níveis de glicose no sangue), beneficia a saúde cerebral e do fígado e não tem o mesmo efeito diurético que o café comum, ajudando a manter a hidratação do corpo", explica Patrícia Santiago, médica pela UEA (Universidade Estadual do Amazonas) e pós-graduada em nutrologia.

A menor quantidade de cafeína também ajuda na redução do estresse e da ansiedade, que são fatores de risco para uma série de doenças. "Ocorre uma diminuição de estímulo no sistema nervoso central", comenta Debora Strose Villaça, nutricionista e professora da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), complementando que, consequentemente, menor a chance de se ter insônia.

Liberado para gestantes e crianças?

Imagem: iStock

Em uníssono as entrevistadas concordam que o café descafeinado é uma opção segura para mulheres grávidas, mas é preciso não exagerar no consumo. Como há um pouco de cafeína nele, ela atravessa a placenta e pode alcançar o feto. "Durante a gravidez, a recomendação é limitar a ingestão (abaixo de 200 mg de cafeína ao dia) para evitar possíveis riscos ao bebê, como baixo peso ao nascer ou parto prematuro", alerta Santiago.

Quanto às crianças, a nutricionista Larissa Rocha aconselha que menores de 12 anos não tomem o café tradicional. "A opção descafeinada e sem açúcar é um pouco melhor, mas, no máximo, uma xícara pequena por dia", diz.

Debora Strose esclarece que as crianças podem ser definidas como um grupo de risco devido às alterações de comportamento (nervosismo, ansiedade) após a ingestão de cafeína.

Já Patrícia Santiago desaconselha, citando que o café contém compostos não adequados para o organismo infantil, como ácidos e estimulantes leves, e pode interferir na absorção de nutrientes importantes, como o cálcio, essencial para o crescimento e desenvolvimento das crianças. "Se os pais desejarem oferecer alternativas sem cafeína, chá de ervas ou cevada são opções mais adequadas."

Contraindicações e como consumir

Embora o café descafeinado ofereça benefícios, ele também possui pontos negativos. Mesmo com moderação, quem tem alta sensibilidade à cafeína e aos ácidos presentes nele e tem problemas cardíacos graves, úlcera estomacal, gastrite não controlada, pode ter reações. Ainda pode ser contraindicado para quem tem anemia ou osteoporose, devido à interferência na absorção de minerais.

"Alguns métodos de descafeinação utilizam solventes químicos (como cloreto de metileno e acetato de etila), que podem causar reações alérgicas em indivíduos sensíveis. Além disso, o consumo excessivo pode aumentar o colesterol LDL ("colesterol ruim") devido a substâncias presentes nos grãos de café (chamadas cafestol e kahweol)", informa a médica Patrícia Santiago. Mas o impacto dessas substâncias no colesterol vai depender do método de preparo do café utilizado.

Quanto ao consumo do café descafeinado, segundo as fontes, deve ocorrer até seis horas antes de se deitar, para que a pequena porção de cafeína (de 2 ml até 5 ml por xícara) não atrapalhe o sono. "Melhor tomar o café mais pela manhã ou, no máximo, logo após o almoço. A quantidade por dia não é determinada, mas recomendo não passar de duas xícaras", informa a nutricionista Larissa Rocha. Santiago e Stroge preferem, respectivamente, até três a quatro xícaras ao dia.

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