Dor na nuca: causa mais comum é muscular e tem a ver com sua postura
Atire a primeira pedra aquele que não teve dor na nuca após horas passadas diante do celular ou durante longos períodos na frente do computador. Com o novo hábito de trabalhar em casa, essa queixa passou a ser mais frequente nos consultórios médicos. Na maioria das vezes, a dor na nuca e no pescoço passa rápido, mas, a depender de sua origem, merecerá maior atenção.
As cervicalgias, ou dores na região do pescoço, são comuns entre adultos, mas podem também acometer pessoas de qualquer idade. Para boa parte desses indivíduos, algum grau da dor pode se instalar de vez ou se tornar mais presente ao longo do tempo.
A dor na nuca tem como principais causas problemas musculares decorrentes da má postura e o trabalho prolongado com a cabeça flexionada. Mas ela também pode decorrer de problemas estruturais ou intracranianos. Isso significa que você deve estar atento e pronto para buscar ajuda médica, caso esse mal-estar persista. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico, maiores serão as chances de você se livrar dele.
Abaixo, tiramos as principais dúvidas sobre dor na nuca.
O que é a região cervical?
A região cervical é a mais proximal da sua coluna. Esta é dividida por partes —a coluna cervical, a dorsal, a lombar e sacrococcígea. A primeira é formada pelas 7 primeiras vértebras (C1 a C7).
Pela coluna, passam estruturas neurológicas —a medula— responsável pela comunicação do cérebro com o restante do corpo, e por onde transitam impulsos elétricos originados no cérebro e que se dirigem para os braços e para as pernas. É da coluna cervical que saem nervos que controlam os membros superiores. Toda a região é móvel e possui músculos estabilizadores.
Níveis da dor na nuca
A dor na nuca pode aparecer de repente ou ser intermitente. E pode, ainda, se instalar devagar, sendo resultado de anos de má postura ou mesmo de algum desgaste da coluna cervical. Assim, a dor pode ser classificada das seguintes formas:
- Aguda - dura cerca de 4 semanas
- Subaguda - tem duração de 4 a 12 semanas
- Crônica - permanece por 3 meses ou mais
Principais causas da dor na nuca
As origens da dor cervical são multifatoriais e podem se relacionar a vários problemas estruturais (como traumas, tumores, defeitos de formação) e intracranianas (enxaqueca, por exemplo).
Entre as principais causas da dor na nuca, estão:
- Má postura
- Trabalho prolongado com a cabeça em flexão
- Dormir ou sentar-se em posição desconfortável
- Movimentos repetitivos
- Trauma
- Uso excessivo de celular, tablets e computador
- Estresse
- Obesidade
Existem outras possíveis causas menos comuns, como:
- Osteoartrite cervical
- Hérnia de disco cervical
- Infecções (como a meningite)
- Síndrome miofascial (dor muscular regional)
- Fibromialgia (causa dor e sensibilidade em pontos determinados)
- Tumor
- Espondilolisteses
- Cefaleia (que pode decorrer, por exemplo, da pressão alta)
Reconhecendo os sintomas da dor na nuca
A sensação dolorosa é geralmente localizada, mas pode subir em direção ao crânio ou ser acompanhada por dor de cabeça. Por vezes, o mal-estar também se manifesta com espasmos no pescoço ou em volta do ombro. Tossir e movimentar-se podem piorar o quadro.
Você também poderá observar as manifestações a seguir:
- Rigidez
- Dor aguda em outra parte do pescoço
- Dor generalizada
- Dor irradiada para os membros superiores
Quem está mais suscetível à dor na nuca?
A dor na nuca acomete, na maior parte, os adultos, mas pode se manifestar em todas as idades. Confira outras condições que podem predispor ao incômodo:
- Uso intenso de celular, tablet ou computador
- Ter tido problemas anteriores na região cervical
- Má postura
- Uso do tabaco
- Sensação de pouco suporte familiar, profissional ou social
Quando procurar o médico?
Todo sintoma que não passa, altera a qualidade de vida ou atrapalha o sono deve ser avaliado. No caso da dor cervical, se ela não cessa no prazo de um ou dois dias, mesmo após o uso de analgésicos comuns, é preciso consultar um especialista em coluna, um ortopedista, um neurologista, um clínico geral, reumatologista ou até um fisiatra. Todos esses profissionais são treinados para examiná-lo e dar início às investigações das possíveis causas da sua queixa.
No entanto, você deve procurar ajuda imediata quando à dor cervical se somam as seguintes manifestações:
- Formigamento
- Amortecimento ou perda de força na região dos membros inferiores
- Problemas de coordenação
- Febre
- Perda de peso
- Tremores
- Dor irradiada para braços ou pernas
- Perda de equilíbrio
- Dor de cabeça forte
- Alteração de controle de fezes e urina
Diagnóstico da dor na nuca
Na hora da consulta, o médico vai ouvir sua queixa, levantar seu histórico de saúde e ainda realizará o exame físico.
O profissional deve observar a contratura da musculatura, eventual limitação de movimentos, reflexos, além da dificuldade de girar ou inclinar o pescoço. Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico, isto é, se baseia nessas informações.
Apesar disso, testes complementares podem ser solicitados, como exames de imagem —desde uma simples radiografia, até a ressonância magnética.
Tratamento da dor na nuca
O objetivo do tratamento da dor na nuca é aliviar a dor, garantindo ao paciente o retorno às suas atividades.
Como na maioria das vezes as causas são de origem muscular, as estratégias terapêuticas se baseiam em mudanças no estilo de vida, que abrangem alterações na postura, investimento em ergometria ou mudanças de gesto esportivo (quando couber). Além disso, o médico pode valer-se de medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares.
Nos casos mais graves, a reabilitação é indicada, e ela abrange práticas físicas como correção postural, fisioterapia, pilates, hidroginástica, etc. Essas práticas constituem medidas terapêuticas analgésicas, e ainda quebram o padrão da dor na fase crônica por meio de uma reprogramação muscular organizada. A reabilitação gera força e estabilidade, reduzindo todas as sobrecargas nas estruturas cervicais.
A boa notícia é que, quando a origem da dor é musculoesquelética, a resposta costuma ser excelente. Já quadros degenerativos como artrose ou hérnia de disco podem ser mais desafiadores.
Possíveis complicações
Caso o sintoma seja ignorado, a dor pode se tornar crônica e não mais responder à medicação com analgésicos. Essa atitude preocupa porque poderia dificultar um tratamento posterior.
Outra situação possível é que a dor na nuca decorra de uma compressão de estruturas neurológicas —a medula— que passam pela coluna cervical. Nesses casos, adiar a consulta poderia levar à perda de força e dos movimentos. Mas como a dor é intensa e incômoda, é raro que isso aconteça.
Quando é o caso de cirurgia?
Mais rara, ela será indicada para os quadros mais graves de processos degenerativos, como a hérnia de disco cervical, quando há compressão neurológica com fraqueza progressiva, ou nas situações em que há falha do tratamento conservador (mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e reabilitação).
Quando a imobilização é necessária?
Essa estratégia pode ser utilizada em algumas situações, como fraturas.
Para controle da dor (analgesia), o recurso deve ser usado com cuidado, e por pouco tempo, em quadros de contratura ou dor muscular que não respondem ao tratamento. Afinal, a cabeça pesa entre 6 kg a 10 kg e se apoia sobre uma estrutura que já está fatigada.
Como prevenir a dor na nuca?
Quando as causas da dor na nuca decorrem de má postura ou da prática de movimentos repetitivos, é possível reduzir as chances de ela aparecer. Coloque em prática as seguintes medidas:
- Invista em uma boa ergonomia no ambiente de trabalho (mesmo no home office), seja com cuidados com a altura do monitor, posição do teclado, estrutura e altura da cadeira e da mesa;
- Reduza o tempo de uso do celular, tablets e computador;
- Habitue-se a fazer exercícios de relaxamento durante a jornada de trabalho. Você pode testar várias técnicas até descobrir a que é melhor para você;
- Evite ficar muito tempo sentado diante da TV;
- Aposte na correção postural por meio de práticas como pilates, fisioterapia, hidroginástica ou RPG;
- Pratique exercícios regularmente, dando atenção ao fortalecimento de ombros, costas e peitoral, regiões que dão sustentação ao pescoço;
- Busque manter peso adequado.
Fontes: Emiliano Vialle, Mestre em Clínica Cirúrgica pela UFPR (Universidade Federal do Paraná); Marco Antônio Pedroni, ortopedista, traumatologista e professor; Eliane Coutinho, fisioterapeuta; e Alexandre Fogaça Cristante, ortopedista, traumatologista e professor.
*Com informações de matéria publicada em 17/05/2022.
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