DPOC: aposentadorias precoces custam R$ 566,7 milhões em 10 anos no Brasil
Aposentadorias precoces devido à DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) custaram mais de R$ 566,7 milhões no Brasil entre 2014 e 2023, mostra estudo inédito.
A pesquisa usa dados do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e será divulgada no 41º Congresso Brasileiro de Pneumologia e Tisiologia, 17º Congresso Brasileiro de Endoscopia Respiratória e 13º Congresso Luso-Brasileiro de Pneumologia, que começa hoje (8) e vai até sábado (12), em Florianópolis (SC).
O que diz o estudo
Dados mostram que beneficiários têm entre 40 e 65 anos. A pesquisa avaliou todos os benefícios concedidos pelo INSS em razão da DPOC, quarta maior causa de mortalidade no Brasil.
Aposentadorias precoces correspondem a 77,5% dos casos de inatividade pela doença. Perda total de produtividade chega a mais de 298 mil meses.
Salários concedidos no período têm mediana de R$ 58.044,00 por pessoa. As aposentadorias precoces concentram o maior gasto (55%), mesmo que correspondam a 20% dos benefícios concedidos.
Homens com média de 57 anos são os mais afetados. Região Sudeste lidera os afastamentos (45,91%), seguida por Sul (31,6%) e Nordeste (13,4%).
São milhares de pessoas afetadas socioeconômica e psicologicamente, por não se sentirem úteis, comprometendo a força de trabalho nacional e sobrecarregando o sistema de seguridade social. Os achados deste estudo reforçam a necessidade de melhoria das políticas públicas associadas à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao tratamento da DPOC, com foco especial em trabalhadores em idade produtiva. Paulo Antônio de Morais Faleiros, pneumologista e um dos autores do estudo, em nota
Entenda a DPOC
A DPOC é a manifestação de duas doenças respiratórias que obstruem a passagem do ar pelos pulmões: bronquite crônica e enfisema pulmonar.
Cigarro é o grande vilão. A doença está intimamente relacionada ao tabagismo e no Brasil estima-se que atinja cerca de 12% da população, sendo um pouco mais comum em homens do que em mulheres.
70% dos pacientes com DPOC são fumantes. Apesar de um pouco menos comum, a DPOC também pode ser causada pela exposição a outros poluentes, como poluição atmosférica e inalação de fumaça de produtos químicos de limpeza (uso em indústrias).
Atualmente, é a terceira causa de morte no mundo, segundo a OMS. Em 2016, foram 3 milhões de mortes em decorrência da doença.
Os principais sinais da DPOC são:
Queixa recorrente de tosse, que costuma vir acompanhada de muco;
Barulho no peito ao respirar (chiado);
Falta de ar, dificuldade para respirar que pode começar mais leve até uma piora progressiva que causa falta de ar mesmo com o paciente parado;
Diminuição da oxigenação e dificuldade de esvaziar os pulmões.
Prevenção
A mais eficaz maneira de prevenção é ficar longe do cigarro. A doença não tem cura. A primeira opção de tratamento para a DPOC é convencer o paciente a parar de fumar.
Outra forma de prevenção é fazer check-ups de rotina para avaliar a capacidade pulmonar e estabelecer o diagnóstico mais cedo.
Em casos mais graves e quando já há limitações, há a indicação do uso de medicamentos broncodilatadores inalatórios, que são usados para reduzir a inflamação e a dilatação da parede dos brônquios, facilitando a passagem do ar. Também há uma opção com imunobiológico para casos da DPOC com inflamação tipo 2, aprovado em agosto do ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A terapia é considerada uma tecnologia inovadora.
Quando a concentração de oxigênio no sangue está muito baixa, a pessoa pode fazer terapia para suplementar. Outras formas importantes de prevenção são a prática de exercícios físicos e tomar a vacina contra gripe e pneumonia, já que as infecções respiratórias disparam as crises e podem agravar o quadro.
*Com informações de matéria publicada em 31/05/2022.
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