Mãe diz que uso de vape contribuiu para morte de filho: 'Pulmão não reagiu'
Diego Paiva dos Santos, filho do ex-jogador de futebol Serginho, morreu em 7 agosto, aos 20 anos. Em vídeo publicado nesta semana nas redes sociais, a mãe do jovem, Lia Paiva, afirma que o quadro dele foi agravado pelo uso abusivo do cigarro eletrônico —o vape.
De fato, o vape mata.
Lia Paiva, em vídeo nas redes sociais, disponível abaixo
Ela conta que o filho teve uma infecção generalizada (septicemia). A família acredita que Diego pegou a bactéria nas aulas de jiu-jitsu. O jovem sentia dores no ombro, onde a bactéria ficou alojada antes de se espalhar pelo corpo.
Diego apresentava recuperação da septicemia, com boas funções do coração, rins e fígado. Mas tudo mudou no quinto dia de internação, quando o jovem teve um infarto pulmonar (também chamado de embolia), condição grave que atrapalha a circulação do sangue no órgão devido a coágulos.
Lia diz que o pulmão do filho não reagiu. Ela comparou a imagem de um órgão saudável com o de Diego, que aparecia totalmente branco em um registro de raio-X. Isso indica perda da função.
A causa maior foi a bactéria que invadiu o corpo dele, fez uma septicemia. O pulmão dele não reagiu. Por quê? Pelo uso excessivo do vape.
Lia Paiva, em vídeo nas redes sociais
Ela finalizou o vídeo com um apelo para que todos parem de usar o cigarro eletrônico, que é proibido no Brasil desde 2009 e obtido por meio de contrabando. Lia disse que já fumou, mas conseguiu parar. "Que isso fique como um grande aprendizado. Joga isso aqui [vape] fora", afirma.
O que são os vapes e quais os riscos?
Há cigarros eletrônicos recarregáveis e descartáveis —esses últimos são vendidos pelo número de puffs.
Riscos pulmonares e cardíacos são as consequências mais relacionadas ao uso do vape. Em 2019, os EUA caracterizaram uma condição diretamente ao uso dos dispositivos. É a Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping. Os pacientes apresentam dificuldades para respirar e dor no peito como sintomas primários.
Vapes não substituem cigarros convencionais e nem ajudam a parar de fumar. Essa teoria é bastante popular, mas não passa de mito. A dependência se desenvolve da mesma forma, porque os vapes têm nicotina, assim como os cigarros convencionais, e não foram desenvolvidos para controlar o tabagismo. Pneumologistas ouvidos por VivaBem já disseram que quem opta pelo vape para parar com os cigarros tradicionais costuma usar os dois juntos, aumentando os riscos à saúde.
Um estudo, inclusive, indicou que usar vape equivale a fumar 20 cigarros por dia. A pesquisa, que também indicou maior risco de adicção com o produto, foi feita pelo Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (SP) com ex-fumantes de cigarro convencional que migraram para o eletrônico.
Substâncias presentes nos vapes são desconhecidas
Além da nicotina, substâncias tóxicas presentes no vape prejudicam a saúde. Como não há controle sobre os produtos, é difícil saber exatamente o que está presente em cada um. Estudos já identificaram mais de 2.000 substâncias, entre elas:
- Benzeno: altamente tóxico e cancerígeno, está presente também em escapamentos de carros e causa lesões neurológicas em casos de intoxicação;
- Dietilenoglicol: produto químico associado a problemas pulmonares, neurológicos, no fígado e nos rins;
- Níquel, estanho e chumbo: metais pesados que causam doenças respiratórias, cardiovasculares e maior risco de desenvolver câncer.
*Com informações de reportagem publicada em 25/02/2024.
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