Causa até deformações: o que é a síndrome rara e dolorida que afeta Nadal
Rafael Nadal anunciou nesta quinta (10) sua aposentadoria do tênis profissional após dois anos jogando com limitações. Além de ter enfrentado diversas lesões, como uma que afetou seu quadril em 2023, o atleta de 38 anos sofre da rara síndrome de Mueller-Weiss e chegou a vencer Roland Garros em 2022 enquanto jogava com o pé anestesiado.
O que é a Síndrome de Mueller-Weiss?
Condição é rara e degenerativa. Síndrome é progressiva (só piora) e não há cura. Sem causa conhecida, ela causa colapso e fragmentação do osso navicular, que fica localizado no arco plantar, aquela "curvinha" na base do pé.
Osso afetado perde vascularização. O osso navicular é pequeno, recebe várias pressões e acaba perdendo a vascularização. Como o sangue não chega até ele, o osso começa a necrosar e a se enfraquecer.
Síndrome causa dores fortes e leva a deformidades. Além de causar fortíssimas dores nas porções do meio e traseira do pé, a síndrome leva a deformidades, segundo trabalho das especialistas Shady Hermena e Monica Francis, do Sistema de Saúde Pública (NHS) do Reino Unido, publicado no periódico Cureus em 2021.
Mulheres são mais afetadas. A doença de Nadal não é comum em pacientes do seu perfil. A maior parte dos casos conhecidos acomete mulheres entre 40 e 60 anos de idade.
Forte impacto que o tenista suportava durante jogos pode ter agravado o quadro. Apesar de não haver causa determinada da síndrome, pesquisadores acreditam que fatores genéticos, anatômicos, hormonais, vasculares, traumas ou uma combinação deles pode desencadear a doença.
[Em casos de] pessoas que colocam muita pressão no pé, o osso se desintegrará, achatará, pode se fragmentar e se transformar em osteoartrite. Didier Mainard, presidente da Associação Francesa de Cirurgia no Pé e diretor de cirurgia ortopédica no Centro Hospitalar Regional da Universidade de Nancy, na França, em comentário à AFP, em 2022
Sintomas e tratamento
Primeiros sintomas eram visíveis já em 2005. Por causa das dores, o tenista teve dificuldades para jogar o torneio de Masters em Madri daquele ano. Após uma série de exames, ele recebeu o diagnóstico, que é difícil de ser feito. Nadal luta contra a doença desde então.
Dor não é único sintoma. Inchaço na área, dificuldade de caminhar e apoiar o peso sobre o pé, limitação da amplitude de movimento no tornozelo e pé afetados, além de sensação de rigidez e desconforto também podem ser sentidos. Nadal chegou a ser visto mancando no Masters de Roma, dez dias antes do Roland Garros de 2022.
Tratamento depende de cada paciente e do grau de progressão da condição. Em casos mais leves, é recomendado o repouso e o uso de palmilhas ortopédicas. O médico também pode optar por imobilizar o pé por um tempo. Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados para aliviar o desconforto.
Casos mais graves exigem injeções de corticosteroides para reduzir a inflamação, fisioterapia e até cirurgia. O procedimento hospitalar serve para realinhar o osso, o que ajuda a reduzir a dor. Ortopedistas também tentam estimular a regeneração do tecido ósseo, quando possível. O sucesso depende da gravidade do quadro e do organismo do paciente.
Em 2022, Nadal passou por uma ablação por radiofrequência do nervo afetado. Procedimento usou uma corrente para criar calor e aliviar as dores, segundo a rede ABC. O sucesso temporário permitiu que o tenista jogasse em Wimbledon daquele ano, mas ele acabou desistindo na semifinal por outra lesão, no abdome.
Cirurgia não garantiria que Nadal pudesse continuar jogando. Em 2022, ele mesmo confessou à imprensa que a operação não tem garantia de sucesso e que por isso avaliaria se correria este risco. O tenista sofreu mais problemas ortopédicos na coxa, joelho, mão esquerda, entre outros (como uma costela quebrada) ao longo dos anos. Ele também chegou a se queixar de dor no peito e dificuldades para respirar durante competições de 2022.
"Não posso continuar jogando". Após receber aquele que foi seu 22º (e último) título de Grand Slam, Nadal falou à imprensa que não queria continuar competindo se precisasse de injeções constantes de anestesia. "É óbvio que, nas circunstâncias em que estou, não posso continuar jogando."
*Com informações de matéria publicada em 06/06/2022.
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