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Meningite: o que é, quais os sintomas e como se dá a transmissão?

Meningite pode ser perigosa; veja sintomas, causas, transmissão e tratamento Imagem: iStock

Colaboração para VivaBem*

15/10/2024 12h00

Meningite é uma doença que sempre gera preocupação. A infecção causada por bactérias, como a meningite meningocócica, é um problema grave, bastante contagioso e que pode provocar sequelas e até mesmo a morte. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2020 foram confirmados 265.644 casos de meningite de diferentes etiologias. Embora possa ocorrer em qualquer idade, as crianças são as mais vulneráveis.

Apesar do temor provocado pelas meningites bacterianas, as virais são bem mais comuns no país, responsável por quase metade dos casos identificados no período indicado pelo ministério.

Meningite: o que é, sintomas e como é o tratamento

O que é meningite?

As meninges são membranas de tecido conjuntivo que envolvem o cérebro e a medula espinhal, com o objetivo de proteção. São elas, de fora para dentro:

  • Dura-máter;
  • Aracnoide;
  • Pia-máter.

Quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas e chegar às meninges, elas se inflamam e causam as meningites.

Quais são os sintomas da meningite?

Os sintomas principais da meningite são:

  • Febre (de início súbito)
  • Dor de cabeça
  • Rigidez do pescoço
  • Mal-estar
  • Náusea
  • Vômito
  • Sensibilidade à luz
  • Confusão mental
  • Manchas vermelhas na pele (em alguns casos)

Na suspeita da doença, deve-se procurar atendimento médico o mais rápido possível. Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou são difíceis de ser percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico ou irresponsivo a estímulos. Também pode apresentar a moleira afundada.

Quais as causas da meningite e seus principais tipos?

As meningites bacterianas e virais são as mais importantes em termos de saúde pública, por sua capacidade de causar surtos. A meningite meningocócica (causada pela bactéria Neisseria meningitidis) é a mais grave, mas outros organismos também podem estar envolvidos. Em geral, a incidência das bacterianas é mais comum no outono e no inverno e das virais na primavera e no verão. Veja os principais causadores:

Bactérias

Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae são as principais causadoras de meningites bacterianas. Streptococcus do grupo B, Listeria monocytogenes, Escherichia coli e Treponema pallidum também podem causar a doença, porém com menor frequência. O bacilo de Koch, um tipo de micro-organismo um pouco diferente que causa a tuberculose também pode, em certos casos, provocar meningite.

Sorogrupos: Existem tipos (sorogrupos) diferentes de meningococo, sendo que os principais responsáveis pela doença são: A, B, C, W e Y.

Vírus

Os principais responsáveis são os enterovírus (como Coxsackie e Echovírus). Outros possíveis envolvidos são: vírus do grupo herpes (como Herpes simplex, o vírus da varicela zóster, de Epstein-Barr e citomegalovírus), o vírus do sarampo, o da caxumba e arbovírus (como os vírus da dengue, zika, chykungunya ou febre amarela), entre outros.

Fungos

Meningites causadas por Cryptococcus neoformans, Cryptococcus gatti, Candida albicans, Candida tropicalis e Histoplasma capsulatum, entre outros, são raras, mas podem acometer indivíduos com a imunidade comprometida.

Parasitas

Protozoários como Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi e Plasmodium sp e helmintos (vermes), como a larva da Taenia solium, Cysticercus cellulosae (causador da cisticercose) e Angyostrongylus cantonensis também podem causar meningite, mas em proporção menor que vírus e bactérias.

Processos não infecciosos

Também existem meningites causadas por processos não infecciosos. Nesses casos, a inflamação é deflagrada não por vírus ou bactérias, e sim por doenças autoimunes, câncer ou uso crônico de alguns medicamentos.

Como é a transmissão da meningite?

Em geral, a transmissão da meningite bacteriana é de pessoa para pessoa, por meio de gotículas e secreções liberadas pelo nariz e garganta. Segundo o CDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças, nos Estados Unidos), é possível uma pessoa ser portadora do meningococo nesses locais sem apresentar qualquer sintoma.

Na meningite viral, tudo depende do agente causador da doença: enterovírus têm transmissão fecal-oral (sem lavar as mãos direito, a pessoa transmite o vírus ao tocar outra pessoa ou alguma superfície que vai ser tocada em seguida). Já no caso dos arbovírus, o transmissor é um mosquito.

Na meningite por fungos, mais rara, a transmissão ocorre por aspiração de esporos, contato com ambientes contaminados por fezes de certos animais ou no ambiente hospitalar. Os parasitas envolvidos na meningite são adquiridos por alimentos contaminados, mas esses casos também são menos comuns que aqueles provocados por vírus ou bactérias.

Qual a diferença da meningite bacteriana para a viral?

Nas meningites virais, o quadro é mais leve, inclui sintomas semelhantes ao de gripes e resfriados, e a evolução costuma ser benigna, ou seja, sem complicações. Já as meningites bacterianas geralmente apresentam sintomas mais graves e requerem o início de tratamento com antibiótico adequado imediatamente.

Qual o tratamento da meningite?

No caso das meningites bacterianas, é feito com antibióticos aplicados na veia. Nesse caso, é necessária a internação hospitalar. Quanto mais rápido o tratamento começar, menor a possibilidade do quadro evoluir de forma negativa.

Para as meningites virais, o tratamento é considerado de suporte, embora em certos casos provocados por herpes ou influenza o uso de antivirais possa ser indicado. Os medicamentos antitérmicos e analgésicos são úteis para aliviar os sintomas. Em alguns casos, o paciente pode voltar para casa, pois geralmente em alguns dias o quadro estará resolvido.

As meningites por fungos são tratadas com antifúngicos por longo período. Já os quadros causados por parasitas também possuem tratamento específico, em geral, com o paciente internado.

Quais as vacinas contra meningite?

As vacinas contra meningite disponíveis no calendário de vacinação do Ministério da Saúde são:

  • Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C;
  • Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
  • Vacina meningocócica ACWY: protege contra quatro tipos diferentes de bactérias causadoras da meningite;
  • Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
  • BCG: protege contra as formas graves da tuberculose.

Na rede particular existe ainda a vacina contra a meningite B, indicada dos dois meses aos 50 anos. Para amenizar os sintomas de eventuais quadros de meningite e mitigar a transmissão, é fundamental manter o calendário de vacinação atualizado, independentemente da idade do paciente.

Existem fatores de risco para a meningite?

Qualquer pessoa pode ter meningite, mas alguns fatores aumentam o risco, como:

  • Extremos de idade (ter menos de cinco anos ou mais 60 anos);
  • Pessoas que não tenham completado o esquema vacinal recomendado;
  • Sistema imunológico comprometido (pessoas com diabetes, câncer, Aids, alcoolismo, uso crônico de corticoides);
  • Gravidez (gestantes têm maior risco de meningite pela bactéria Listeria monocytogenes);
  • Viver em grandes centros urbanos e frequentar ambientes fechados e cheios de pessoas;
  • Exposição recente a pessoas com a doença.

Quais as complicações da meningite?

Em muitos casos, a meningite pode causar convulsões. Na versão bacteriana, se o quadro não for tratado a tempo, há risco de lesões cerebrais, sequelas e até mesmo morte.

Os sintomas de septicemia meningocócica (meningococemia), uma complicação grave que ocorre quando a bactéria Neisseria meningitidis entra na corrente sanguínea, são:

  • Fadiga;
  • Mãos e pés frios;
  • Calafrios;
  • Dores severas ou dores nos músculos, articulações (juntas), peito ou abdômen (barriga);
  • Respiração rápida;
  • Diarreia;
  • Manchas vermelhas pelo corpo.

Meningite tem cura?

Sim, a maioria dos casos evolui para a cura, mas é fundamental que os cuidados sejam iniciados quanto antes, principalmente no caso da meningite bacteriana. O risco de morte por meningite meningocócica é alto —de 20% a 30%, segundo a Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Meningite deixa sequelas?

Quando o diagnóstico da meningite é atrasado ou a condição não é tratada de forma adequada, há risco de a doença deixar sequelas, ou seja, problemas permanentes como surdez, dificuldade de aprendizagem, crises de epilepsia e comprometimento cerebral. Em alguns casos, é necessário a amputação de membro.

Como é feito o diagnóstico da meningite?

A meningite é diagnosticada com a avaliação do paciente e a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor, um fluido corporal estéril, límpido e incolor, que ocupa o espaço entre as meninges (espaço subaracnoide). Em processos infecciosos, o líquor fica turvo. Outros exames, como a cultura de líquor, sangue ou fezes, podem ser solicitados pelo médico.

O exame para confirmação de meningite dói muito?

Se feita de forma adequada, por um profissional habilitado, a coleta do líquido cefalorraquidiano é rápida e causa pouca dor, semelhante à de uma coleta de sangue.

Como ajudar um paciente com meningite em casa?

Um paciente que possa ficar em casa deve permanecer em repouso, ingerir líquidos com frequência e se alimentar bem. Siga sempre as orientações médicas e, caso os sintomas não melhorem em alguns dias, ou o quadro se agrave, volte ao hospital ou consulte seu médico de confiança.

Como se prevenir da meningite?

Entre as formas de evitar a doença, podemos citar:

  • Lavar as mãos com frequência, especialmente após trocar fraldas, usar o banheiro, antes de comer e ao assoar o nariz;
  • Cobrir a boca ao espirrar ou tossir;
  • Manter os ambientes sempre ventilados;
  • Ter uma dieta equilibrada e fazer exercícios;
  • Seguir as orientações médicas para manter doenças crônicas sob controle.

*Com informações de matéria publicada em 06/10/2022.

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