Qual a melhor coisa a se dizer para uma pessoa com doença terminal?

No Brasil, falar sobre morte ainda é tabu. Porém, tocar no assunto é necessário em algum momento, para esclarecer intenções e vontades, facilitar cuidados e responsabilidades, e deixar a pessoa tranquila de ver ou saber o que será cumprido.

Envolve aceitação e tolerância

Não é regra, mas falar sobre a própria morte costuma ser mais comum quando o sujeito se encontra acamado, doente degenerativo (em início de Alzheimer, por exemplo) e preocupado com o futuro dos entes.

Cláudia Messias, psicóloga que trabalha com pacientes com câncer, diz que muitos, quando sentem a necessidade de desabafar, em geral também não encontram quem esteja disposto e preparado para ouvi-los.

"Há casos em que eles tentam falar, mas são 'cortados' pelos filhos, que não sabem lidar com o sofrimento, com frases do tipo: 'Não, pai, você não vai morrer, não fala isso'. Então já cria um bloqueio", explica.

Família e cuidadores devem convidar a pessoa no fim da vida para falar a respeito do que pensa sobre o tema. Esse diálogo é defendido por possibilitar um maior entendimento da complexidade da pessoa em suas dimensões sociais, culturais, psicológicas e espirituais, e a promoção e melhora da qualidade de vida.

Frases que devem ser ditas

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Imagem: Getty Images

Falar sobre a morte é necessário para que o paciente terminal possa tomar decisões, se preparar, tirar dúvidas. Omitir é tão ruim quanto mentir, pois ele pode se sentir apreensivo, triste e, se descobrir, traído.

"Em se tratando do idoso, ele também sofre mais pela família, mas com a gente ele consegue se abrir, falar melhor dos seus medos, de como quer seu velório, a roupa que quer ser sepultado, para quem quer deixar tal coisa, e a gente faz essa intermediação, acolhe e prepara os filhos", diz a psicóloga.

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Messias complementa que é muito importante perguntar à pessoa:

"O que você quer ou precisa?"

"Como posso ajudá-lo?"

"Sobre o que você quer conversar?"

Havendo interesse e abertura em falar ou comentar sobre a própria morte, esteja presente e, não sabendo lidar com seus questionamentos ou com outros assuntos que possa abordar, não hesite em procurar ajuda profissional.

Nunca obrigue alguém

Direcionada para pessoas nessas situações difíceis, a terapia pode ajudar a compreender seus sentimentos e conflitos interiores, superar problemas, como ansiedade, medo da morte, resgatar sua identidade, melhorar sua autoestima e bem-estar.

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Em casa, é preciso que os outros se atentem a sinais como apatia, isolamento, irritabilidade, angústia e tenham bom senso e respeito ao fazer algum comentário ou repassar alguma informação, para não ofender ou entristecer esse paciente.

Se o sujeito não gostar de falar sobre morte, tudo bem, não deve ser forçado. Às vezes, basta sinalizar que ele tem com quem contar para conversar, caso precise e deseje.

Evite fazer comparações entre casos de falecimentos, não focar sempre no lado ruim de tudo nem projetar as próprias emoções em relatos, ainda mais envolvendo idas ao médico ou hospital, para não impressionar.

"Ele, o idoso, não tem que ficar apreensivo, achando que seu tempo está no fim. E, em se tratando dos que estão doentes, existem os cuidados paliativos e que podem prolongar a vida e a qualidade dela", complementa Messias.

*Com informações de reportagem publicada em 25/06/2021

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