Dá para mudar a própria personalidade? Especialistas respondem

A ciência explica que a personalidade, embora possa ser influenciada pela interação entre aspectos inatos e acontecimentos da vida, não se altera radicalmente a ponto de nos tornamos 100% contrários, mas que podemos nos esforçar para isso.

Quem é muito tímido, por exemplo, raramente se arrisca em se expor, assim como não é esperado que alguém muito conservador frequente encontros liberais. Mas, por necessidade e com empenho, dá para tentar falar mais em público ou mesmo aceitar ideias diferentes. Adaptar-se é uma questão de sobrevivência e há vários meios de obter sucesso nisso, inclusive contar com a ajuda de um psicólogo.

A transformação depende de ações que vão além do apenas querer, como muitos pensam. Buscar o autoconhecimento e planejar a ruptura de um padrão são caminhos possíveis para tornar sua versão de você mesmo melhor amanhã.

Não é do dia para a noite

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Imagem: FG Trade/Getty Images

Não é provável interromper um hábito ou alcançá-lo de um dia para o outro. No entanto, não é impossível. "Demanda tempo, paciência e perseverança, mas alguns são capazes de alcançar essa conquista quando desejam assumir com seriedade a mudança de costumes. Os hábitos estão diretamente relacionados a transformações", afirma Marcella Pinto Maia, psicóloga clínica e hospitalar.

É uma somatória de fatores. A personalidade engloba fatores físicos, biológicos e socioculturais, vinculando predisposições desde o nascimento, as quais se somam às experiências adquiridas no decorrer do tempo. Os traços de temperamento e de caráter dão forma à personalidade. Isso quer dizer que, para alterá-la, fatores influenciam, como o meio no no qual se vive, o estímulo para começar, a necessidade, como um novo emprego, e as características biológicas do indivíduo.

Modificar, por exemplo, traços da personalidade exigirá mais recursos e tempo comparado a uma atividade simples do dia a dia, como descer do ônibus um ponto antes e caminhar até o trabalho.

Saiba o que faz sentido para você

O processo parece ser mais fácil para alguns e mais difícil para outros. "Muitos falham repetidamente porque copiam a ideia de outro. É preciso autoconhecimento para entender o que funciona para cada um. Repetir o que um conhecido pratica pode não fazer sentido. Não é apenas executar a rotina que o influenciador digital ou o autor do livro mandou. Quem dera fosse tão simples", analisa Amanda Barroso de Lima, neuropsicóloga.

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"Se uma pessoa está infeliz com seu comportamento e é capaz de identificar o prejuízo que ele acarreta em sua vida, ela precisa estar determinada a mudar", ilustra Maia. Segundo ela, existem fatores externos e internos que contribuem na mudança de comportamento, como a construção da personalidade, que tem associação direta com as condutas adotadas ao longo da existência, além dos valores culturais e sociais, os quais ajustam as experimentações e estimulam, também, a maneira como age.

Cuidado com a autossabotagem

Em alguns momentos, desconfia-se até que a própria pessoa atrapalhe o processo de transformação, apesar de existir, também, muita falta de organização e cobrança interna. De acordo com Lima, a autossabotagem ocorre quando o que foi planejado irá exigir mais do que foi idealizado. "É fundamental ter organização, ir pouco a pouco, comemorar os passos pelo caminho sem pensar somente na conclusão."

Quando a meta final fica muito longe, alerta a neuropscicóloga, a tendência é buscar um prazer imediato que pode dar espaço a algo oposto ao planejado. "Toma-se o caminho mais curto, gerando satisfação instantânea ao invés de escolher o caminho de longo prazo", diz.

*Com informações de reportagens publicadas em 11/02/2022 e 17/12/2021

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