Bolhas no sangue: como é doença que matou turista após mergulho em Noronha
Um turista morreu em Fernando de Noronha após praticar mergulho, na última terça-feira (14). Ele teve a chamada doença descompressiva ou doença de descompressão.
Entenda a doença
O homem de 43 anos estava realizado um mergulho autônomo — que é feito com o auxílio de um cilindro. O mergulhador atingiu uma profundidade de 60 metros para visitar uma embarcação naufragada.
A doença descompressiva ocorre quando há uma redução rápida na pressão do ambiente, causando formação de bolhas de gás (geralmente nitrogênio) nos vasos sanguíneo e no corpo. Nesses casos, parte do nitrogênio presente no sangue no estado líquido quer mudar rapidamente para o estado gasoso, formando bolhas e favorecendo embolias.
A condição causa inchaço, dor nas articulações e sintomas neurológicos. Pode causar confusão, fraqueza e levar à morte.
A quantidade de nitrogênio que dissolve em nosso sangue depende da pressão sob a qual estamos. A cada 10 metros de profundidade na água, a pressão aumenta em 1 ATM (um atmosfera). Neste nível de profundidade é possível permanecer por cerca de 3 horas sem grandes problemas. Em comparação, em 40 metros é possível ficar apenas 10 minutos.
O problema é maior em mergulho comercial. Em caso, por exemplo, de mergulhos para a exploração de petróleo, existe a necessidade de realizar paradas para a descompressão —para evitar que o nitrogênio se transforme em gás. Esses intervalos ocorrem em determinados níveis de profundidade. A subida súbita para a superfície, por exemplo é um perigo para quem pratica a atividade. Já no mergulho esportivo (como o de turistas), o risco de haver a "doença dos mergulhadores" (como a condição também é chamada) é reduzida.
O caso em Noronha
O turista mergulhava a uma profundidade de cerca de 60 metros na Corveta Ipiranga, um dos principais pontos de mergulho de Fernando de Noronha. Ele foi socorrido pelo Samu, informou a Administração de Fernando de Noronha. O homem foi internado com sintomas respiratórios e rebaixamento de nível de consciência no Hospital São Lucas.
Ele passou por uma terapia de recompressão. O paciente foi colocado em uma câmara hiperbárica e respirou oxigênio puro em um ambiente pressurizado a um nível acima da pressão atmosférica.
O turista chegou a apresentar melhora clínica dos sintomas, mas o quadro se agravou horas depois. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu após 1h30. O corpo foi encaminhado para o IML. Por volta das 12 horas desta quinta, foi feito o transporte aéreo do corpo.
Fontes: Gabriel Ganme, mestre em ciência da saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
*Com informações de reportagem publicada em 23/12/2018
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