Pancadas e até torções: como proteger as partes íntimas na hora de treinar
De VivaBem
19/10/2024 05h30
Se você já levou uma bolada no saco, deve ter bem guardado na memória o quando isso dói. Pois é, praticar esportes é inegavelmente uma maneira de cuidar bem da saúde mental e física. No entanto, é impossível não colocar o corpo em risco durante o exercício e, no caso dos homens, a região genital é uma das mais sensíveis e que merece proteção, já que o movimento brusco ou o impacto podem causar diferentes traumas.
Mas não fique preocupado, a seguir, mostramos os perigos que existem em diferentes modalidades e as medidas preventivas específicas para cada uma delas.
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Esportes de contato: lutas, futebol, basquete
Em modalidades desse tipo, o risco do trauma genital direto --ou seja, levar um chute, soco ou bolada no local -- é sempre uma preocupação, principalmente para os testículos. Primeiro porque a região é sensível e qualquer pancadinha tende a ser bastante dolorosa --você sabe, né? E segundo, pois os traumas podem gerar consequências graves, que vão desde dor crônica até infertilidade e alterações estéticas.
Qualquer contusão da bolsa escrotal pode levar a danos estruturais, gerando hematomas por dentro ou por fora dos testículos, ruptura da cápsula testicular, hematocele, hidrocele, deslocamentos, torções e até ruptura dos tecidos. Porém o risco de trauma faz parte dessas e outras atividades esportivas. Ele não é tão grande para desencorajar qualquer exercício, que traz muito mais benefícios à saúde.
Como se proteger: em lutas, principalmente as em pé, uma proteção maior é necessária e, muitas vezes, obrigatória. Costuma-se usar a coquilha, um protetor genital que envolve pênis e testículo. Ela é feita de material resistente a traumas diretos. Explicando em uma linguagem bem popular, é praticamente um capacete para seus genitais.
O acessório também pode ser usado por quem pratica futebol, basquete, handebol, porém, algumas vezes, prejudica a mobilidade do atleta em campo/quadra. E, embora a proteção genital amenize bastante o impacto, ainda assim há riscos de contusões do testículo (seja em lutas, seja em outros esportes de contato).
Esportes com alto impacto: corrida, saltos, tênis, vôlei
Apesar de estarem imunes de pancadas (quem pratica tênis e vôlei nem tanto), os atletas de esportes com grande impacto (gerado ao correr e saltar) não estão livres de problemas nos testículos, pois existe grande mobilidade genital --ou seja, o saco balança. Quando o escroto (saco) e os testículos se movem bruscamente durante a atividade, sofrem impactos constantes que podem gerar dor, torções e quadros inflamatórios.
Como se proteger: aposte em roupas ou acessórios que ajudam estabilizar o saco. O equipamento ideal para isso é suspensório escrotal (também conhecido como saqueira). Ele é feito de tecido elástico que envolve a bolsa testicular e serve para manter os testículos mais fixos e próximos ao corpo. Outra opção, mais simples e usual são as bermudas de compressão (no meio do futebol chamadas de térmicas). Elas ajudam na sustentação e estabilidade aos testículos, mas não tanto quanto o suspensório escrotal.
Para quem ficou com medo de torcer o saco correndo, o problema só ocorre em homens nos quais os testículos não se fixaram de maneira correta ao escroto durante a formação fetal, o que corresponde a cerca de 12% da população masculina.
Esportes sentados: ciclismo, hipismo
Além do risco de esmagamento, em atividades como ciclismo, motovelocidade e hipismo pode ocorrer a compressão crônica da região perineal, localizada entre o escroto e o ânus. A pressão por tempo prolongado nos vasos sanguíneos da região gera dor, formigamento, dormência e até prejudica a ereção.
Mas não precisa cancelar o pedal do fim de semana com medo de ficar impotente. Uma pesquisa publicada no Journal of Men´s Health avaliou mais de 5.000 ciclistas que treinavam de quatro a oito horas e meia por semana e esses homens não tiveram disfunção erétil. Porém, não existe um limite de tempo mínimo ou máximo de atividade para o aparecimento das alterações funcionais. Isso pode variar de atleta para atleta. O importante é estar atento para os sinais de alerta e, no primeiro deles, tentar diminuir o tempo total dos treinos na bike ou realizar pausas maiores durante a atividade.
Como se proteger: no caso do ciclismo —vamos focar nele por ser um esporte mais comum — a escolha do selim deve ser sempre uma preocupação. Para atletas esporádicos, um banco macio e confortável pode ser o suficiente. Já para ciclistas de alto desempenho, em que o banco geralmente é mais duro (por questões que envolvem performance), é importante usar bermudas apropriadas para o esporte, que possuem coxins ("almofadas") na região das nádegas e períneo. Outra tática, que vale para qualquer pessoa que anda de bike, é de tempos em tempos pedalar por alguns minutos em pé ou mudar a posição que senta no banco, para aliviar a pressão no períneo.
Fontes: Flávio Áreas, médico urologista; Anuar Mitre, urologista; e Deusdedit Cortez, uro-oncologista.
*Com matéria de maio de 2019