Câncer de mama: sinais podem ser discretos; saiba quando iniciar o rastreio
O câncer é hoje uma das doenças não contagiosas que mais provoca mortes no mundo todo. Dados do Globocan 2022, relatório do GCO (Global Cancer Observatory), plataforma de dados ligada à OMS, estimam que, até 2050, serão 35 milhões de novos diagnósticos de tumores. Além disso, espera-se que um em cada cinco indivíduos terá câncer durante a vida.
No Brasil, o tipo de câncer mais prevalente entre mulheres (com exceção do câncer de pele não melanoma) é o de mama. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), estima-se que teremos 73.610 novos casos de câncer de mama diagnosticados a cada ano entre 2023 e 2025.
Mesmo assim, uma pesquisa feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) mostrou que apenas 47% das mulheres entre 40 e 49 anos entrevistadas havia feito exames de rastreio de rotina nos últimos 18 meses. Mesmo as mulheres mais velhas (com 60 anos ou mais), esse percentual foi baixo, chegando a 54%.
O problema é que o câncer de mama pode ser uma doença silenciosa e não dar sinais de que está se instalando até que esteja muito avançado. Não é incomum, por exemplo, encontrar pacientes que só descobriram a doença durante os exames de rotina. Mas quais são os sinais mais e menos comuns?
Sinais nem sempre são perceptíveis
O sinal do câncer de mama mais conhecido é também o mais clássico: a presença de um ou mais nódulos palpáveis nas mamas. Isso já pode ser um desafio, afinal, muitas mulheres têm vergonha, desconhecem o próprio corpo e mal se tocam, ficando difícil para elas notarem quando há algo diferente.
Mas o desafio não acaba aí. O câncer de mama pode dar outros sinais menos evidentes e menos conhecidos, como:
- Pele com ondulações e aspecto de "casca de laranja";
- Retração da pele em um ou mais pontos da mama;
- Retração do mamilo;
- Saída de secreção aquosa com sangue das mamas;
- Presença de nódulos nas axilas e no pescoço.
A falta de autoconhecimento associada à falta de rastreio com os exames de rotina dificulta o diagnóstico precoce da doença, já que alguns tumores podem crescer lentamente, formando nódulos pequenos que não causam dor ou desconforto —e que só serão notados mais tarde, quando já forem palpáveis por serem maiores e estiverem em um grau mais avançado.
Essa demora prejudica não apenas o tratamento como o prognóstico da paciente, que tem maior risco para enfrentar complicações. Por outro lado, de acordo com a Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), as chances de cura para quem tem o diagnóstico precoce pode chegar a 95%.
Quem deve rastrear e quando?
De acordo com o Ministério da Saúde, o principal exame de rastreio para o câncer de mama é a mamografia. Ela deve ser realizada a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos sem sinais sintomas de câncer. Vale ressaltar que a recomendação vale também para homens trans e pessoas não binárias designadas como sexo feminino ao nascer, que mantêm as suas mamas.
Já mulheres consideradas em grupo de alto risco, com histórico familiar ou anterior de câncer, devem iniciar o monitoramento a partir dos 35 anos.
A recomendação da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) é um pouco diferente e prega que o exame seja realizado anualmente a partir dos 40 anos. Mulheres no grupo de alto risco devem iniciar a rotina aos 30 anos.
Outros exames, como ultrassonografia das mamas e ressonância magnética, podem ser requisitados pelo médico em casos específicos, como em mulheres com mamas densas.
Geralmente, os exames são requisitados pelo médico durante o check-up ginecológico, que também é recomendado que a mulher faça anualmente. No entanto, os especialistas ouvidos por VivaBem reforçam que o médico deve ser consultado imediatamente se a mulher notar algo de diferente nas mamas ou nas axilas.
E o autoexame?
Embora seja muito conhecido e tenha sido recomendado por muitos anos, o autoexame das mamas não é mais considerado importante pela baixa efetividade: quando o nódulo estiver palpável, a doença já pode estar avançada.
Por isso, o autoexame não substitui a mamografia, que pode detectar alterações menores que um centímetro —antes mesmo de serem palpáveis — e, por isso, são fundamentais para a detecção precoce da doença.
Por outro lado, o autoexame é uma ferramenta importante de autoconhecimento para a mulher, que passa a conhecer melhor seu corpo e se torna capaz de notar algo estranho com mais facilidade. Por isso, muitos médicos hoje preferem combinar o autoexame com a realização de exames de rastreio para a sua faixa etária e risco.
Fonte: Anezka Ferrari, oncologista do Hospital Santa Paula (SP); Fernanda Philadelpho, radiologista especializada em exames de mama da clínica CDPI (RJ); Monica Gonçalves Fernandes, profissional da área de Ginecologia do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, que atua na unidade de Cabo Frio (RJ).
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