Cientistas criam células ativadas por luz azul que caçam e destroem tumores
Pesquisadores descobriram uma nova abordagem que pode auxiliar no combate ao câncer. Os cientistas remodelaram uma proteína celular para que ela conseguisse invadir e matar células cancerígenas. O teste mostrou resultados positivos em apenas sete dias. Apesar disso, ainda faltam mais estudos para que o modelo seja utilizado em pacientes reais. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira (23) no periódico PNAS.
O que aconteceu
Cientistas remodelaram células imunológicas para matar tumores cultivados em laboratório. Pesquisadores escola de medicina da Universidade de Penn State (EUA) transformaram células para que, ao serem expostas a uma luz azul, reajam migrando para esferoides tumorais, uma espécie de tumor cultivado em laboratório. Ao adentrar esses tumores, a célula é capaz de matá-los.
Técnica pode melhorar imunoterapias. Tratamentos de câncer que utilizam o próprio sistema imunológico do paciente têm ganhado destaque na ciência. Uma abordagem recente é a terapia celular CAR-T, que utiliza células do sistema imunológico responsáveis por combater agentes patogênicos e células infectadas. No entanto, ela é limitada ao tratar tumores sólidos, aqueles que invadem regiões vizinhas e podem se desprender e ir para outras partes do corpo. Uma das explicações para isso é que as células têm dificuldade de infiltrar a densa estrutura desses tipos de tumor.
Células conseguiram matar tumores sólidos. Os pesquisadores testaram as células imunes "assassinas" reprojetadas com dois tipos de tumorais sólidos cultivados em laboratório: um criado usando células de câncer de mama humano e o outro com células de câncer cervical humano. Em sete dias, eles mataram as células tumorais. "Em contraste, as células assassinas naturais que não foram reprojetadas atacaram o esferoide tumoral de fora, mas não conseguiram romper o tumor", disseram os cientistas em um comunicado.
Essa tecnologia [com a luz azul] é totalmente inovadora. É semelhante à terapia com células CAR-T, mas neste caso o princípio orientador é a capacidade das células de se infiltrarem no tumor. Nikolay Dokholyan, professor da Penn State e autor sênior da pesquisa ao EurekAlert
A equipe utilizou uma modelagem computacional para testar a nova versão. Nela, uma proteína celular (a septina-7, essencial para a estrutura da célula) é controlada por uma luz. Ao reprojetar as células imunológicas humanas naturais com a inclusão da proteína septina-7 sensível à luz, eles identificaram que as células exibiram um formato mais alongado, o que ajudaria a célula a interagir com o ambiente e se mover.
Mesmo que as células naturais assassinas [do sistema imunológico] sejam pequenas, em torno de 10 micrômetros, após a ativação dessa proteína com luz azul, as células imunológicas mudam de forma e podem se espremer em pequenos orifícios de cerca de três micrômetros. Isso é suficiente para se infiltrar nos esferoides tumorais e matá-los por dentro. Nikolay Dokholyan
Apesar do resultado, o trabalho é preliminar e mais pesquisas são necessárias para o uso terapêutico em pacientes. Embora os resultados tenham sido robustos, Dokholyan enfatizou que esse trabalho ainda está em seus estágios preliminares e mais pesquisas são necessárias para avaliar essa tecnologia para uso terapêutico potencial.
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