Cobertores pesados podem melhorar sono sem uso de remédios, aponta estudo

Cobertores pesados podem ajudar a melhorar o sono de adultos com insônia e outras questões de saúde mental, como ansiedade e depressão, apontou um estudo de pesquisadores da Universidade de Flinders e Universidade de Adelaide, ambas na Austrália, publicado na edição de outubro do American Journal of Occupational Therapy.

O benefício, no entanto, não é garantido com crianças, que obtiveram resultados mistos — há casos positivos e negativos— na avaliação dos cientistas.

Para chegar a essa conclusão, a autora principal, Suzanne Dawson, e seus colegas analisaram outros 18 estudos que investigavam o uso de cobertores pesados e sua suposta efetividade para o controle da ansiedade e da insônia. A revisão tinha amostragem bastante diversa, com alguns estudos focando em participantes únicos e outros com até 4.092 voluntários.

Após comparar pontos correspondentes nos dados coletados em cada trabalho, três consequências de um peso extra sobre o corpo durante a noite foram encontrados:

  1. Melhora no humor geral do paciente;
  2. Redução do uso de medicação para dormir;
  3. Aumento da percepção da qualidade do sono.

"Sono é uma necessidade básica humana. Quando alguém não está dormindo o suficiente, pode levar a diversos problemas de saúde e também ao aumento do risco ou piora de quadros de doenças crônicas, como as doenças do coração, derrame e questões de saúde mental", disse Dawson em um comunicado à imprensa.

Segundo ela, em terapia ocupacional, cobertores pesados estão se tornando comum entre diversas faixas etárias, como uma tecnologia assistencial. "Mas não há diretrizes clínicas atuais para o seu uso."

Um abraço enquanto você dorme?

É possível que o princípio por trás dos benefícios do uso de cobertores pesados esteja relacionado ao fato de que eles replicam a pressão e, por vezes, a sensação de um abraço — o toque humano tem capacidade de reduzir ansiedade, depressão, dor e também de regular a secreção do cortisol (hormônio do estresse e do medo), comprovou um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour em abril.

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Apesar do claro benefício para adultos, a melhora vista foi limitada em crianças que têm condições como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) ou estão no espectro autista. Mesmo assim, a pesquisadora acredita que vale a pena considerar o cobertor mais pesado como uma opção a ser explorada para melhorar a qualidade do sono de crianças com dificuldade para dormir.

"Os pais frequentemente relataram que seus filhos pareciam mais relaxados, menos ansiosos e mais focados durante atividades diárias quando estavam usando os cobertores, o que pode ter um impacto de longo prazo no seu bem-estar geral", observou Dawson.

Cuidados ao usar nas crianças

No entanto, para crianças ou adultos com autismo ou dificuldades cognitivas, o ideal é que qualquer cobertor usado seja fácil de ser removido pelo próprio usuário, destacaram os cientistas. Assim, evita-se que um acessório cujo propósito seria aliviar a ansiedade possa aumentá-la. O trabalho, contudo, mal foi publicado e já rende frutos.

"Esta revisão de escopo foi conduzida para informar mudanças na prática e estamos felizes que os achados tenham sido usados para reformar os protocolos no estado [da Austrália do Sul] para o uso de cobertores pesados em serviços de saúde pública", comemorou a autora.

O time divulgou que o próximo passo é desenvolver um protocolo clínico claro para o uso deste tipo de ferramenta em outros ambientes, como em casa, apesar de estabelecer regras para a padronização também da produção deles.

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"Os cobertores existem em vários modelos, com miçangas ou correntes e outros pesos diversos, mas até agora não há recomendações-padrão, incluindo o tipo, peso, frequência de uso ou duração. Enquanto mais pesquisas rigorosas são necessárias para chegar ao seu melhor uso, a adoção dos cobertores pesados deve ser explorada com mais detalhes na prática", concluiu Dawson.

Seu time já trabalha em um projeto, em estágio final, que avalia a viabilidade e efetividade do uso de cobertores pesados para melhorar o sono de pessoas com demência.

Tem dificuldade para dormir?

VivaBem dá outras dicas simples que melhoram seu sono:

Estabeleça horário fixo para se deitar e se levantar, especialmente durante a semana;

Durante o final de semana, varie, no máximo, em 2 ou 3 horas o horário de acordar;

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Tente dormir de 7h a 9h para os adultos;

Crie um ambiente favorável com pouca luz, sem barulhos e com temperatura entre 21ºC a 23ºC, ideal para produção de melatonina;

Aposte em cama, lençol e travesseiros confortáveis;

Faça atividades relaxantes como alongamento, meditação, caminhadas leves, respirações, práticas de mindfulness. Orações, músicas e/ou ruído branco, além de leituras leves e banho quente antes de deitar, também podem auxiliar;

Utilize luz amarela de cabeceira para ajudar a diminuir o ritmo do corpo e da mente;

Destine a cama apenas para o descanso. Evite levar trabalho ou outras responsabilidades para esse ambiente;

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Alimente-se equilibradamente e faça exercício físico pelo menos três vezes na semana para controle do estresse;

Aposte em estímulos táteis: passe creme no corpo, faça skincare e invista em aromaterapia com produtos de cheiro relaxante;

Tome um chá quente: maracujá, erva-cidreira e capim-limão são uma ótima pedida para o corpo relaxar;

Deixe celulares, tablets e outros acessórios longe da cama pelo menos 30 minutos antes de dormir. O mesmo vale para a tevê;

Evite alimentação pesada, especialmente 4 a 5 horas antes de dormir;

Corte café, bebidas com cafeína, álcool e cigarros 6 horas antes de dormir;

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Evite cochilos matinais ou "enrolar" na cama depois de acordar;

Não se deite quando não estiver com sono, para não gerar ansiedade.

*Com informações de matéria publicada em 17/10/2024.

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