Como identificar sinais de esgotamento mental para mudar enquanto é tempo

Assim como o corpo, o cérebro também se cansa e, se não respeitarmos sua recuperação, ou seja, relaxarmos, regularizarmos o sono, tirarmos um tempo para nós, sem pensar em afazeres e preocupações do dia a dia, o desfecho é sofrer um esgotamento, ou uma exaustão mental.

São vários os fatores que predispõem essa sensação e que podem estar combinados:

  • Excesso de trabalho e uso de telas
  • Pressão para cumprir prazos
  • Conflitos interpessoais
  • Isolamento social
  • Privação de descanso, lazer e contato com a natureza
  • Falta de atividade física regular
  • Falta de autoconhecimento
  • Falta de rotina bem estabelecida
  • Consumo de álcool, cigarro, drogas estimulantes
  • Noites mal dormidas

Como consequência, esses apontamentos ruins repercutem em uma série de sintomas, alertas de que há algo errado conosco, não só no físico, como com nosso equilíbrio psicoemocional.

Alguns sintomas podem ajudar a identificar sinais de esgotamento mental. Se não controlados, podem evoluir para exaustão e quadros bem mais complicados, como estresse, ansiedade, vícios, depressão e até burnout.

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Imagem: Liza Summer
  • Irritabilidade: Sobrecarregado, o cérebro tem diferentes regiões afetadas, como áreas responsáveis por emoções, comportamentos sociais e concentração. Isso leva a falta de tolerância a incômodos, gerando raiva, agressividade, discussões e brigas com maior frequência.
  • Falta de concentração: Existem pessoas que quando treinadas ou quando fazem algo com muita frequência conseguem dividir a atenção entre várias tarefas simultâneas. Mas, sabe-se que o ser humano por natureza foca, direciona os sentidos e a memória e se sai realmente bem em apenas uma única atividade por vez. Do contrário, é desatenção na certa, o que também prejudica produção, prazos e escolhas.
  • Desânimo persistente: Sem energia e com afazeres que só acumulam, principalmente de nível intelectual avançado ou muito demorados, a tendência é se sentir cada vez mais lentificado e entediado, o que pode dificultar a conclusão de atividades diárias e o início de novos projetos. Se não for combatido, o desânimo ainda pode levar à desesperança, falta de prazer na vida e predispor uma depressão.
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Imagem: iStock
  • Lapsos de memória: Com a ativação de múltiplas zonas cerebrais por excesso de informações, a perda de memória se manifesta. A pessoa apresenta dificuldade em se lembrar de palavras, nomes, tarefas e fatos recentes, ou então nem chega a fabricar lembranças por estar desatenta.
  • Oscilação de humor: Não desacelerar e viver somente em função de responsabilidades profissionais, financeiras e familiares torna o sujeito propenso à instabilidade emocional. Ele pode se irritar e agir com intolerância e impaciência em determinados momentos e pouco depois ficar extremamente sensível, ou desanimado, angustiado, triste e até ter crises de choro sem motivos aparentes.
  • Baixa produtividade: Quem não está bem consigo não dá o seu melhor, por mais que deseje. Se o rendimento no trabalho é afetado, podem ficar ameaçados ganhos financeiros, carreira, projetos para o futuro e relacionamentos. Demitida, a pessoa pode se sentir ainda mais desmotivada, sem valor e enfrentar dificuldades para se reinventar, procurar emprego e se realocar profissionalmente.
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Imagem: iStock
  • Estado de descuido: Quando a exaustão mental leva a frustração, negativismo, não pertencimento e baixa autoestima, pode acarretar falta de cuidados pessoais e de disposição para sair da cama. Não cuidar de si externamente também acaba indicando desleixo com as próprias emoções, que nessa situação deveriam ser expostas e trabalhadas com profissionais de saúde mental.
  • Dores musculoesqueléticas: Alterações psicoemocionais podem afetar o físico com tensões, contraturas, dores nas costas e musculares, deformidades posturais e fraqueza. Frequentes, são sinais para que se tenha mais atenção ao organismo, qualidade de vida, bem-estar social e psicológico. Quando presentes ansiedade e depressão, o tratamento deve ser feito com uso de medicamentos e psicoterapia.
  • Adoecimento frequente: Alguns indivíduos esgotados mentalmente podem apresentar doenças ou sintomas sem causa aparente, psicossomáticos, ou seja, provocados por excesso de emoções e pensamentos conflitantes, pela forma como se relacionam com o seu meio. São exemplos: insônia, alergias, gastrite, diarreia, taquicardia, pressão alta, inflamação respiratória, perda de peso e enxaqueca.
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Imagem: Getty Images
  • Falta de desejo sexual: Em um momento de vida com muitos estudos, trabalho, filhos pequenos, mudança física ou até cuidados a um parente doente, pode ocorrer uma diminuição drástica de libido e vontade de se doar afetivamente para o outro. Essa perda conjunta de interesse acaba comprometendo relacionamentos e se muito fragilizada a pessoa pode até aceitar abusos e maus-tratos alheios.

Fontes: Gabriela Luxo, psicóloga, mestre e doutora em distúrbios do desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e fundadora da clínica Diálogo Positivo (SP); Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista); e Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião com especialização pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).

*Com informações de reportagem publicada em 09/11/2023

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