Ozempic e Wegovy têm benefícios para além de tratar diabetes e obesidade

Ozempic, Wegovy e Rybelsus. Em comum, as três medicações têm a semaglutida, que é uma substância indicada para o tratamento de diabetes tipo 2 e, mais atualmente, obesidade.

Além das doenças citadas acima, há outros benefícios que estão sendo descobertos pelos cientistas mais recentemente. VivaBem reuniu tudo que a ciência já sabe sobre a medicação até o momento.

Diabetes tipo 2

Primeira indicação do Ozempic foi para diabetes tipo 2. O remédio tem como princípio ativo a semaglutida, substância que simula a ação do GLP-1, hormônio que inibe a fome e regula o nível de açúcar no sangue (glicemia).

Efeitos no corpo. Substância liberada na corrente sanguínea é metabolizada por enzimas (peptidases) capazes de quebrar proteínas ou peptídeos e, depois, eliminada por via renal, principalmente pela urina.

Para diabetes tipo 2, orientação é usar medicamento associado à dieta hipocalórica e à prática de exercícios físicos. Ela pode ser administrada de forma única ou em combinação com outros medicamentos, principalmente quando as medidas comportamentais não trazem o resultado terapêutico esperado.

Obesidade

Em 2023, a semaglutida recebeu autorização da Anvisa para tratamento de obesidade. Antes disso, a medicação já era utilizada para a doença de forma off label —quando a recomendação de uso está fora da bula, prática permitida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).

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Um dos efeitos do Ozempic é diminuir apetite. Consequentemente, medicação reduz o peso corporal e a massa de gordura do corpo. Além disso, o medicamento reduz a vontade de ingerir alimentos ricos em gordura.

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Diversos estudos já comprovaram os benefícios da substância para obesidade e sobrepeso. Uma pesquisa realizada ano passado mostrou que a média de perda de peso foi de 13,4% em um ano. O tratamento com semaglutida também diminuiu significativamente a pressão arterial, o colesterol total e "ruim" (LDL) e triglicerídeos. Um outro estudo sobre a semaglutida indicou perda média de 14,9% do peso total em 17 meses em pessoas com obesidade.

Problemas cardiovasculares

Outros benefícios da medicação envolvem menor risco de ataque cardíaco e AVC. Estudo recente publicado no The Lancet, em agosto deste ano, mostrou uma redução de 20% em eventos cardíacos. Os participantes da pesquisa eram pessoas com obesidade ou sobrepeso, com doenças cardiovasculares. No caso, a apresentação do remédio utilizado era o Wegovy (2,4 mg de semaglutida).

Semaglutida reduz formação de placas nas artérias. Isso acaba reduzindo os riscos da aterosclerose. Além disso, a própria redução do peso afasta diversos tipos de problemas de saúde, que são consequências da obesidade. Só pelo fato de alguém eliminar gordura corporal, o controle glicêmico já melhora, os níveis de colesterol e triglicérides no sangue tendem a diminuir, a pressão arterial costuma baixar e um estado de eterna inflamação alivia.

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Doença renal crônica

Estudos publicados neste ano mostram impacto da semaglutida contra doença renal crônica. Um deles, realizado pela fabricante Novo Nordisk, apontou a redução da progressão da doença renal, com uma diminuição de 24% do risco combinado de doença renal e cardiovascular em pessoas com diabetes.

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Um artigo publicado na Nature Medicine neste ano apontou vários benefícios para a doença. Primeiro deles foi que a quantidade de proteína na urina, uma medida que indica o grau de dano renal, foi reduzida em até 52%. Além disso, o grau de inflamação renal diminuiu em 30% e a queda da pressão arterial dos participantes foi tão grande quanto a de um medicamento. Uma outra medida-chave de insuficiência cardíaca foi reduzida em 33%, e os participantes também perderam cerca de 10% do peso.

Alzheimer

Estudo publicado neste ano sugere que substância pode reduzir o risco de Alzheimer em pessoas com diabetes tipo 2. Trabalho divulgado no periódico Alzheimer's & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association mostra que pacientes com diabetes tipo 2 tomando semaglutida tiveram um risco significativamente menor de desenvolver a doença.

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Pesquisadores informaram, no entanto, que as limitações do estudo não permitem conclusões causais. "Nossos resultados indicam que pesquisas adicionais sobre o uso da semaglutida precisarão ser investigadas por meio de ensaios clínicos randomizados para que medicamentos alternativos possam ser testados como tratamento potencial para essa doença debilitante", disse Rong Xu, líder do estudo.

Dependência de álcool

Um estudo realizado com ratos reduziu sintomas da dependência do álcool. Publicado em junho, no The Lancet, a pesquisa mostrou que os roedores que receberam aplicações da semaglutida reduziram a ingestão de álcool pela metade em comparação com os que não receberam. A ingestão de álcool pós-recaídas também foi menor do que o consumo de hábito.

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Estudo sugere que substância possa suprir desejo por outras coisas além da comida. A hipótese é que ela afeta as vias da dopamina, também conhecidas como circuitos de recompensa. Como resultado, as pessoas não sentiriam o mesmo desejo por coisas das quais gostavam muito.

Estudos são iniciais e mais pesquisas precisam ser realizadas em humanos para avaliar se realmente esse efeito é observado. Sendo assim, é preciso aguardar antes de indicar o medicamento para o controle da dependência de álcool e outros vícios.

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Cuidado com a automedicação

Para usar a medicação, é fundamental ter orientação médica. Existem efeitos colaterais, como náuseas, constipação e diarreia. O Ozempic, por exemplo, é contraindicado em um subtipo raro de câncer de tireoide, chamado carcinoma medular, pois, em ratos, a semaglutida leva ao crescimento desses tumores. No entanto, é possível detectar a mutação genética que aumenta o risco de câncer e não há estudos que mostrem o efeito em humanos.

Medicamento não pode ser usado por pessoas que sejam alérgicas a semaglutida ou a qualquer outro componente de sua fórmula. Outras situações em que o remédio não é indicado: gravidez, lactação (amamentação), idade inferior a 18 anos, problemas no fígado ou rins, histórico de retinopatia, entre outros.

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*Com informações de reportagens publicadas em 31/08/2021, 05/04/2023, 27/04/2023, 10/08/2023 e 17/06/2024.

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