Vítima de Ozempic falso foi parar na UTI: 'Poderia ter morrido'
De VivaBem, em São Paulo
03/11/2024 23h14
A venda de Ozempic falsificado já causou diversas vítimas, principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A farmacêutica responsável (Novo Nordisk) recebeu notificação de 50 casos, sendo 11 de quadros graves. Uma das vítimas foi parar da UTI depois de aplicar a medicação falsa. Informações foram divulgadas no Fantástico neste domingo (3).
O que aconteceu
Uma mulher precisou ser internada da UTI após aplicar Ozempic (semaglutida 2,4 mg) falso. Sem revelar identidade, ela contou que usava há oito meses o remédio, com orientação médica para emagrecimento. Em uma das aplicações, ela conta que 15 minutos depois, começou a se sentir tonta. "Me deitei no chão e coloquei as pernas para cima, porque achei que minha pressão tinha caído", contou em entrevista ao Fantástico.
Vítima disse que ficou pálida, com os lábios roxos. "Não conseguia colocar meu sapato, meu cinto na calça. Estava zonza. Minha funcionária ligou para minha irmã e fomos ao hospital", disse. "É muito difícil. Eu poderia ter morrido e deixado meu filho pequeno."
Médica da paciente disse que ela estava com alteração do nível de consciência. A caneta que ela estava usando tinha insulina, e não semaglutida, o que favorece o quadro de hipoglicemia grave (nível muito baixo de glicose no sangue).
Outras duas vítimas do Rio de Janeiro relataram sintomas após aplicação da caneta. Empresário Rafael Borsetto teve sonolência e boca seca. "Meu batimento cardíaco ficava acelerado e tinha vontade de comer doce", contou. Após comentar com o médico, ele descobriu que a medicação era falsa. No lugar da semaglutida, tinha insulina.
Já o engenheiro Dib Nessim teve calafrios e sensação de desmaio. O homem tem diabetes tipo 2 e trata a doença com Ozempic há três anos. Quando soube pelo médico que estava tomando medicamento falso, Dib ficou indignado. "Saí dando chute em tudo. Fiquei chorando igual criança."
Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga. Ao Fantástico, órgão informou que "já ouviu vítimas e testemunhas, e que as investigações estão em andamento."
Como saber se é falso?
Há diferenças nas cores dos produtos. O fabricante do medicamento pede para que clientes prestem atenções às canetas. A de Ozempic é de cor azul clara, com o botão de aplicação cinza. Já canetas de insulina são azuis escuras, com botão laranja.
A Novo Nordisk pede também que os pacientes fiquem atentos aos locais de compra. É preciso tomar cuidado, por exemplo, com sites e canais não licenciados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a comercialização de medicamentos.
De olho nas embalagens. Embalagens alteradas, escritas em outros idiomas, com aparência diferente da registrada também são um sinal de alerta, segundo a fabricante.
É preciso ainda ter atenção ao preço —se é muito baixo, pode indicar falsificação. O fabricado pela Novo Nordisk é aprovado pelo governo e segue a tabela CMED, órgão federal que regulamenta o preço dos medicamentos no país. Para checar o preço oficial dos medicamentos, basta acessar a tabela no site do governo, disponível aqui. O preço do Ozempic está na faixa de R$ 1.000 a R$ 1.300.