Impingem: o que causa e como tratar a micose contagiosa causada por fungos
Presente em todo o mundo, a tinha do corpo é uma doença infecciosa causada por fungos que é popularmente conhecida no Brasil como impingem. Os médicos, porém, podem se referir a ela como tinea corporis, tinha, dermatofitose ou micose do corpo.
Caracterizada por lesões na pele que incomodam por sua aparência e coceira, a impingem pode acometer pessoas de todas as idades e gêneros, mas é mais comum entre crianças e idosos, além de pessoas que tenham as defesas do corpo comprometidas em razão de doenças como o diabetes.
Embora possa ser prevenida por meio de cuidados com a higiene e controle de doenças que comprometam o sistema imunológico, a tinha do corpo é considerada altamente infecciosa. Isso significa que, quanto mais cedo ela for diagnosticada e tratada, melhor.
A estratégia de tratamento é simples, relativamente rápida, e envolve o uso de medicamentos tópicos (creme, pomada, spray) ou sistêmicos (comprimidos).
Entenda o que é impingem
Este é um termo popular utilizado para nomear a micose do corpo, uma infecção superficial da pele. Os médicos também se referem a essa doença como tinha do corpo, tinha, dermatofitose do corpo ou tinha corporis.
A depender das várias regiões do corpo que aparece, ela terá outros nomes. Confira:
- Pé de atleta, intertrigo ou frieira - a área acometida é a região situada entre os dedos do pé;
- Coceira do jóquei, micose da virilha ou tinha cruris - a parte afetada é a virilha;
- Tinha do couro cabeludo ou tinea capitis - aparece na cabeça (especialmente em crianças);
- Tinha ungueal ou onicomicose - o problema afeta as unhas.
Por que isso acontece?
A impingem é uma infecção causada por fungos. Na maioria das vezes são microrganismos conhecidos como dermatófitos (Trichophyton, Epidermophyton ou Microsporum).
Posso pegar impingem de outra pessoa?
Sim. A tinha é considerada uma doença altamente infecciosa, e pode ser transmitida diretamente por meio do contato de pessoa a pessoa, com o solo (terra ou areia —embora seja menos comum ) e animais (cão, gato, porco, gado, aves, peixes), ou indiretamente, através do uso de roupas (toalhas, lençóis) e objetos contaminados.
Quem precisa ficar mais atento?
A tinha do corpo pode acometer homens, mulheres e até crianças de todas as faixas etárias. Apesar disso, a literatura sobre a doença revela que nem todas as pessoas são suscetíveis a ela, e pode estar presente uma predisposição familiar ou genética que se manifestará, ou não, a depender das condições do sistema de defesa do corpo e ambientais.
Isso explica por que o principal fator de risco é a presença de alguma doença que comprometa o sistema de defesa do organismo (imunossupressão). Um exemplo é o diabetes.
Conheça outras situações que podem facilitar o aparecimento da infecção:
Saiba reconhecer os sintomas
A maioria das pessoas apresenta lesões na pele, em especial na região do pescoço, tronco ou extremidades (mãos e pés):
- Placas avermelhadas ou rosadas (mas a depender da cor da pele, ela pode ter outros tons: parecer prateada, por causa da descamação, ou ter contornos mais escuros e por vezes menos perceptíveis)
- Formato bem definido, em geral é redonda ou oval
- Expansão do centro para a periferia
- Bordas de cor mais viva que o centro
- Crescimento lento
- Coceira intensa
- Descamação
Quando é a hora de procurar ajuda médica?
Os especialistas consultados afirmam que toda alteração da aparência normal da pele deve ser avaliada por um médico, e desaconselham a automedicação. Isso porque é comum que as pessoas façam uso de corticoides sem orientação médica, o que não só mascara outras enfermidades como piora a tinha.
Ao se automedicarem, as pessoas têm a falsa impressão de cura das lesões, porque ele rapidamente reduz a irritação e a coceira. O problema é que esse tipo de fármaco não combate os fungos. O resultado é que as lesões pioram, e é comum que, quando o paciente chega ao médico, o quadro já tenha avançado muito.
Soma-se a isso o fato de que os sintomas da impingem podem se confundir com outras doenças como a dermatite atópica ou de contato, a pitiríase, a psoríase e até mesmo quadros iniciais de lúpus eritematoso sistêmico, entre outras. Assim, somente o profissional da área da saúde seria capaz de fazer essa diferenciação para indicar-lhe o melhor tratamento.
O médico treinado para examiná-lo é o dermatologista, mas se você for usuário do SUS (Sistema Único de Saúde), em geral, quem faz o primeiro atendimento é o clínico geral ou o médico de família, que também estão habilitados à avaliação e eventual encaminhamento ao especialista, caso seja necessário.
Como é feito o diagnóstico?
Na hora da consulta, o médico ouvirá a sua queixa, levantará seu histórico pessoal e familiar de saúde e realizará o exame físico para a identificação das lesões. Em geral, o diagnóstico se baseia nessas informações e, assim, ele é denominado diagnóstico clínico.
Quando há dificuldade de diferenciar as lesões, ou se trate de quadros de repetição, o pedido de exame micológico é essencial.
Trata-se de um raspado da pele que permite a visualização do microrganismo por meio do microscópio. Além disso, pode-se solicitar a cultura desse material feita em laboratório, que leva mais tempo, mas acompanha o seu crescimento. Essas medidas permitem identificar o tipo de fungo e melhor direciona o tratamento.
Como é feito o tratamento?
O objetivo é combater a infecção, e a estratégia terapêutica variará, a depender da extensão das lesões. Caso a lesão seja pequena, além de orientações sobre medidas de higiene, são prescritos medicamentos antifúngicos tópicos (creme, pomada, spray), que podem ser o suficiente para resolver o problema.
Já quando a doença atinge áreas mais extensas, o tratamento tópico não traz o resultado esperado, ou quando o paciente tem as defesas do corpo reduzidas, a indicação é a terapia sistêmica (por via oral), por vezes combinada com a tópica. O tipo de antifúngico utilizado corresponderá ao tipo de fungo identificado. A explicação é de Roberto Bueno Filho, médico dermatologista da USP de Ribeirão Preto.
"Espera-se que de 7 a 10 dias o paciente já apresente melhora, mas o tratamento deve ir além, geralmente por mais 1 semana. A ideia é garantir a eliminação de todos os fungos e prevenir que o problema se torne crônico", acrescenta Bueno Filho.
Quais são as possíveis complicações?
Elas são raras, assim como é difícil que os fungos invadam a corrente sanguínea. Apesar disso, o principal problema é o desconforto de ter lesões persistentes e coceira que, em geral, incomoda muito o paciente.
Uma vez tratada, a impingem pode voltar?
Sim. E as condições para isso acontecer são a falta de controle dos fatores de risco (diabetes descontrolado, sudorese, exposição a calor, umidade, uso de roupa apertada etc.), descuido no tempo do tratamento (falta de adesão a ele), problemas no sistema de defesa do corpo e resistência aos medicamentos utilizados.
Dá para prevenir?
Sim. Para evitar que a impingem se apareça, adote as seguintes medidas:
- Mantenha as doenças ou condições que reduzam as defesas do corpo sob controle;
- Capriche na higiene pessoal, especialmente quando tiver de utilizar banheiros públicos, piscina, praia e academia. Nesses ambientes, prefira estar calçado;
- Mantenha a pele limpa e seca, especialmente nas dobras do corpo;
- Use roupas e sapatos confortáveis;
- Evite ficar com roupa úmida ou molhada por tempo prolongado, especialmente em regiões mais quentes e durante o verão;
- Procure não compartilhar roupas e objetos durante quadros de tinha ou de pessoas que apresentem a doença.
Fontes: Egon Daxbacher, dermatologista; Roberto Bueno Filho, médico dermatologista; Vivianne Lira da Camara Costa, dermatologista. Revisão médica: Roberto Bueno Filho.
Referências: SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia); Yee G, Al Aboud AM. Tinha Corporis. [Atualizado em 2022 Abr 30]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK544360/.
*Com reportagem de junho de 2022
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