Morre Agnaldo Rayol: por que quedas são mais perigosas para os idosos?
De VivaBem
04/11/2024 10h22Atualizada em 04/11/2024 11h35
O cantor Agnaldo Rayol morreu hoje, após sofrer uma queda em casa. Ele morava na Zona Norte de São Paulo, e caiu quando foi ao banheiro durante a madrugada. Rayol foi levado ao Hospital HSanp, também no bairro de Santana, com um corte na cabeça, chegou a ser intubado, mas não resistiu.
Quedas são comuns em idosos, e perigosas
Estima-se que há uma queda para um em cada três indivíduos com mais de 65 anos e que um em 20 deles sofram uma fratura ou necessitem de internação. Dentre os mais idosos, com 80 anos ou mais, 40% sofre acidentes deste tipo a cada ano. Dos que moram em asilos e casas de repouso, a frequência de quedas é de 50%. Os dados são do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), de 2020.
Idosos perdem parte do controle neurossensorial que adquirimos com o crescimento. Quando criança, desenvolvemos o equilíbrio. Com o passar da idade, o perdemos. Há também um atraso da conexão cerebral com o músculo (controle neuromuscular). Por isso, os idosos caem mais.
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Contudo, especialistas afirmam que é possível evitar quadros de queda através da prevenção, de ferramentas que auxiliam a segurança do idoso e de alguns cuidados médicos periódicos.
O que faz cair?
Os idosos caem por vários motivos, mas os principais são a fraqueza da musculatura, a perda de sensibilidade por distúrbio neurológico —como consequência de doenças crônicas, por exemplo—, a diminuição da qualidade da visão e da audição ou até mesmo o efeito colateral de alguns remédios.
A queda é mais perigosa com o avanço da idade, se comparado a acidentes envolvendo pessoas jovens, pelo fato de acarretar maiores complicações. O idoso normalmente já tem alguma perda de massa óssea, o que facilita fraturas, por exemplo.
Não é tão simples assim...
A queda para um idoso pode ocasionar quadros graves, como perda da funcionalidade, necessidade do uso de órteses, como bengala ou andador e, em casos extremos, deixar o paciente acamado e levar a quadros de tromboembolismo venoso, lesões por pressão (as chamadas "escaras"), infecções e até a morte.
Também existe um lado psicológico importante envolvendo o problema. Após uma queda é muito comum que os idosos sintam medo de cair novamente. Desenvolvendo esse pânico ou medo, a pessoa acaba se limitando cada vez mais e se isola.
Perda óssea é fator crucial
As mulheres caem mais do que os homens, porém a queda masculina costuma ser mais grave, trazendo desfechos piores.
Uma explicação plausível é a de que as mulheres, por terem menor nível de estrógenos em comparação às mulheres jovens, têm mais osteoporose do que os homens, que mantém a proteção da testosterona ao longo da vida. Porém, quando os homens têm osteoporose denota-se maior gravidade e, portanto, as quedas nesses pacientes costumam ter piores desfechos.
O acompanhamento da saúde dos ossos é muito importante na fase mais avançada da idade adulta, uma vez que ossos mais fracos resultam em mais quedas e consequências mais graves.
As fraturas mais graves que o idoso pode apresentar são a de fêmur e o traumatismo cranioencefálico. Sobre o fêmur, existe uma elevada mortalidade do idoso depois de fraturá-lo. Como é uma condição bastante delicada, o risco de mortalidade também envolve o período pós-operatório do quadro.
A fratura de fêmur é uma grande complicação para o idoso pelo tempo de imobilismo. Isso interfere na qualidade geral da musculatura e também na capacidade cardiorrespiratória, além do risco de embolia pulmonar. Devido à idade, dificilmente os pacientes se recuperam 100%.
Dá para prevenir, sim!
Exames periódicos de visão são importantes para minimizar o risco de queda na terceira idade. Outro ponto é realizar atividade de fortalecimento muscular, como a musculação ou pilates, e atividade aeróbica de baixo impacto.
Os exercícios na água são interessantes também, assim como trabalhos de equilíbrio executados por fisioterapeutas. Fazendo exercícios orientados por um profissional capacitado, o idoso sempre terá benefício na qualidade muscular e mobilidade.
O ideal é que a casa do idoso seja adaptada. Retirar potenciais obstáculos (tapetes, por exemplo) é uma saída mais simples, mas também é possível instalar barras de apoio em banheiros, instalar pisos aderentes e usar sapatos fechados atrás e bem amarrados.
Para evitar quedas em casa, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde, lista 11 medidas de prevenção:
- Evitar tapetes soltos
- Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
- Usar sapatos fechados com solado de borracha
- Colocar tapete antiderrapante no banheiro
- Evitar andar em áreas com piso úmido
- Evitar encerar a casa
- Evitar móveis e objetos espalhados pela casa
- Deixar uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
- Esperar que o ônibus pare completamente para você subir ou descer
- Utilizar sempre a faixa de pedestre
- Se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio.
Fontes: Natan Chehter, geriatra e médico hospitalista; Elisangela Neto Ribeiro Chaves, geriatra; Nemi Sabeh Jr,, ortopedista e traumatologista; e Luciano Miller, ortopedista e cirurgião de coluna.
*Com reportagem de agosto de 2020