'Com uma bebê e sem tempo para ir à academia, defini corpo com calistenia'
Bárbara Therrie
Colaboração para VivaBem
05/11/2024 12h00
Insatisfeita com os hábitos ruins e a rotina desregrada, a criadora de conteúdo Mari Piva Fortes, 35 anos, começou a fazer treinamento funcional e caminhadas no parque, onde conheceu a calistenia. Ela perdeu 8 kg e mudou o estilo de vida, mas após a gravidez não conseguiu manter a rotina de treinos e voltou a engordar. A solução para a falta de tempo foi começar a fazer exercícios com o peso do corpo em casa.
Mari conta a seguir sua história e, toda semana, fará vídeos em VivaBem com dicas para quem quer praticar calistenia e ter uma vida mais saudável (confira o primeiro vídeo acima).
"Antes de entrar para o mundo da calistenia, eu tinha hábitos ruins que prejudicavam a minha saúde, era sedentária e me alimentava mal. Trabalhava durante o dia e à noite costumava ir para barzinho com alguns colegas, bebia cerveja quase todos os dias. Chegava tarde em casa, dormia poucas horas, tinha insônia, me sentia cansada e indisposta para trabalhar no dia seguinte.
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Apesar de parecer ser magra, eu tinha barriga e quadril largo, não estava feliz com o meu corpo. Sempre fui preguiçosa para treinar, só fazia exercícios durante os meus projetos de verão. Quando chegava próximo ao Natal ou tinha alguma viagem programada, fazia musculação ou muay thai por três meses e dietas restritivas. Emagrecia alguns quilos, conquistava o meu objetivo e depois ficava o ano inteiro sem me exercitar.
O problema é que, a longo prazo, essas soluções rápidas mais me atrapalhavam do que ajudavam. Eu estava cansada desse ciclo vicioso, era sempre a mesma coisa, as mesmas conversas de bar, não tinha um papo construtivo. Passei a sentir um vazio e vi que não poderia continuar vivendo daquela forma, precisava mudar e dar um propósito para a minha vida.
Incluí atividade física na rotina
Minha primeira mudança foi incluir a atividade física de forma regular na rotina. Comecei a fazer treinamento funcional. No início eu só conseguia treinar uma vez por semana porque sentia muita dor, mas aos poucos fui aumentando a frequência até chegar a cinco vezes por semana.
Aos finais de semana, fazia caminhada no parque Villa-Lobos, em São Paulo, foi quando conheci a calistenia. Vi algumas pessoas se pendurando na barra, fiquei observando como elas usavam a força e o peso do próprio corpo para fazer as acrobacias, os movimentos. Fui me informar e descobri que tinha aulas gratuitas todos os sábados e domingos.
Eu me apaixonei pela ideia de me desafiar para algo novo e superar meus limites. Nos treinos, vi que havia poucas mulheres e pensei: 'É isso que eu quero fazer, quero me tornar uma referência de calistenia entre as mulheres e mostrar que nós também podemos praticar a atividade, mesmo parecendo uma modalidade masculina.'
No começo parecia humanamente impossível, eu me pendurava nas barras por alguns segundos e já caía, mas eu pensava: 'se essas pessoas conseguem, eu consigo também'. Era um processo físico e mental que exigia disciplina e persistência. Aos poucos fui pegando o jeito e melhorando. Treinava calistenia aos finais de semana no parque e na academia onde eu fazia o funcional.
Paralelamente a isso, fiz uma reeducação alimentar, passei a tomar dois litros de água, a comer mais verduras, legumes, aumentei o aporte de proteína, diminuí o consumo de frituras e parei de beber. Em quatro meses, os resultados apareceram: emagreci 8 kg, ganhei força, massa magra e definição.
Em meio a esse processo, eu e o meu treinador de calistenia, o Pedro Fortes, começamos a namorar, nos casamos e eu engravidei da Pietra. Durante a gestação, Pedro adaptou os meus treinos. Basicamente eu fazia exercícios de braço e perna, parei de fazer barra, parada de mão e outros movimentos para não correr o risco de me machucar e de machucar a bebê. Eu fazia tudo com cautela, mas mesmo assim ouvi alguns comentários do tipo: 'Para quê fazer isso?'
Comecei a treinar em casa para cuidar do bebê
Quando a Pietra nasceu, pensei que ia voltar com tudo, mas não foi bem assim. Eu me atrapalhei com a nova rotina, no início tive problemas com a amamentação, não tinha tempo para cozinhar, comia pão, barrinha, paçoca. Engordei e voltei ao peso da gestação.
Pedro trabalhava durante o dia, eu não tinha rede de apoio, não tinha com quem deixar a nossa filha três vezes na semana para me exercitar, eu ia à academia uma vez por mês, o que me gerou uma enorme frustração.
Meu marido e treinador sempre foi o meu maior incentivador, ele sugeriu de eu treinar em casa, mas fiquei resistente à ideia, eu me questionava se teria disciplina e resultados fora de uma academia. Ele montou um treino de 15 a 20 minutos que intercalava calistenia e HIIT (treino intervalado de alta intensidade).
Minha primeira estratégia era dormir quando a Pietra dormia para eu ter disposição. Quando ela acordava, eu a colocava no carrinho com algum brinquedo e treinava.
Treinar com o peso do meu próprio corpo, no meu tempo, na minha casa e ao lado da minha filha foi libertador
Percebi que tinha muitas vantagens: era mais prático, não precisava me deslocar, otimizava meu tempo e minha evolução não dependia de equipamentos profissionais de uma academia.
À medida que a Pietra foi crescendo e mudando as fases, fui me adaptando também. Teve um período em que eu acordava antes de todo mundo e ia treinar às 5h30. Hoje em dia, treino durante a soneca dela depois do almoço. No início eu treinava usando cadeira, mesa, parede; fazia agachamento com ela no colo. Depois de um tempo, comprei alguns equipamentos e acessórios: barra fixa de porta, paralelas alta, pareletes, elásticos, rolinho, blocos.
Atualmente faço calistenia seis vezes por semana, durante uma hora e meia, com foco em força, definição corporal e habilidades; e corro aos domingos.
Uma outra vantagem de fazer calistenia em casa é que eu mostro à Pietra, desde pequena, o valor dos bons hábitos e do exercício físico.
Ela tem dois aninhos e adora explorar os equipamentos, se pendurar, está aprendendo a subir sozinha com os pés na parede tentando fazer a parada de mãos. Ela se diverte.
Eu sempre digo que a palavra convence, mas o exemplo arrasta. Não adianta eu pedir para minha filha se exercitar se ela só me vê na TV ou no celular o dia todo; não adianta eu pedir para ela comer frutas, se ela só me vê comendo fast-food; não adianta eu pedir para ela tomar água, se ela só me vê bebendo refrigerante.
Quero inspirar outras mulheres
Depois que a Pietra nasceu, parei de trabalhar fora e decidi investir na produção de conteúdo sobre calistenia no meu Instagram. O conteúdo que produzo nas minhas redes e aqui no VivaBem é sempre validado pelo profissional de educação física Pedro Fortes, meu treinador e marido.
Meu objetivo é inspirar outras mulheres e mães a descobrirem o poder do próprio corpo com treinos práticos e acessíveis, unindo autocuidado, disciplina e bem-estar em cada movimento.
É possível alcançar bons resultados, ter um corpo bonito e um estilo de vida saudável mesmo com uma rotina corrida. A calistenia entrou na minha vida como uma escolha para transformar o meu corpo e a minha mente. Ela me trouxe autonomia, sou a prova de que podemos fazer muito com o que temos à nossa disposição."
8 dicas da Mari para inspirar você a treinar
1. Use o tempo e as ferramentas que você tem Não espere condições ideais. Um treino curto de 15 minutos e intenso em casa já faz diferença. Não há momento perfeito, o importante é começar e ir ajustando no caminho.
2. Seja o seu (sua) maior motivador(a) Ninguém deseja tanto realizar seus sonhos quanto você mesmo (a). Confie na sua força e determinação e torne-se a principal fonte de inspiração para seguir em frente.
3. Descubra o potencial do seu corpo Explorar o que o seu corpo pode fazer pode tornar o treino prazeroso e empoderador. Você é forte, você só não descobriu como potencializar isso.
4. Aprenda a ser disciplinado A motivação é passageira, mas a disciplina é o que sustenta o progresso a longo prazo. Nos dias em que falta a vontade, é a disciplina que mantém você no caminho para alcançar seus objetivos.
5. Não se compare, cada um tem seu tempo de evoluir A jornada de cada pessoa é única. Respeite seu ritmo e celebre cada avanço. Comparar-se com os outros só tira o foco do que realmente importa: sua própria evolução.
6. Não se cobre tanto, o resultado vem com a consistência Não foque apenas na estética ou em um projeto verão, mas na saúde e longevidade que vem como consequência de ações diárias. Os resultados são um reflexo do cuidado que você investe em si.
7. Adicione alimentos saudáveis à dieta e beba mais água Fazer pequenas escolhas saudáveis é melhor do que não fazer nada.
8. Pequenos passos trazem grandes resultados Dedicar 30 minutos ao exercício físico representa apenas 2% do seu dia, mas esse pequeno investimento impacta positivamente nos outros 98% e traz benefícios para a saúde: melhora o sono, acelera o metabolismo, reduz a ansiedade, dá mais disposição.